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Paulo Guedes culpa energia e comida por inflação alta

Ministro da Economia também afirmou que alta dos preços é algo generalizado em todo o mundo

12 out 2021 - 15h04
(atualizado às 15h05)
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta terça-feira, 12, que a alta dos preços é algo generalizado em todo o mundo e que, no Brasil, a elevação dos valores de alimentos e energia responde por metade das taxas do País.

"A inflação está em todo o mundo. Metade da inflação (no Brasil) é exatamente comida e energia", disse Guedes durante entrevista à CNN Internacional nos Estados Unidos, onde está para participar de eventos organizados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e o grupo das 20 maiores economias do mundo (G-20), do qual o Brasil faz parte.

De acordo com reportagens do consórcio, Paulo Guedes aparece como dono de uma empresa offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, um conhecido paraíso fiscal
De acordo com reportagens do consórcio, Paulo Guedes aparece como dono de uma empresa offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, um conhecido paraíso fiscal
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

De acordo com o ministro, é por causa dessa resiliência dos preços em segmentos fundamentais para a população que o governo decidiu manter benefícios concedidos durante a pandemia de coronavírus. "Por isso, nossa proteção (social) ainda está lá. Vamos manter essa proteção. Vamos aumentar a transferência direta de renda para população pobre para cobrir os preços dos alimentos e da energia", afirmou. 

O FMI previu que a inflação deve seguir em alta no globo até o fim de 2021, mas deve arrefecer no ano que vem e retornar a níveis pré-pandemia. O Banco Central do Brasil também iniciou sua escalada de alta dos juros de forma antecipada em relação ao restante do mundo para tentar interromper a elevação dos preços. A autoridade monetária acreditava que a inflação seria passageira, mas, ultimamente, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, admitiu que as elevações foram mais persistentes do que o imaginado inicialmente. 

Em setembro, o IPCA, que é o índice de preços oficial do País, voltou a surpreender ao mostrar um aumento de 1,16%. Com esse dado, o acumulado de 12 meses superou os dois dígitos e está em 10,25%. Com isso, o índice está muito acima da meta perseguida pelo BC, de 3,75% este ano, e também é superior ao intervalo de tolerância que a autoridade monetária pode usar para acomodar choques inesperados, de 5,25%. Mesmo com essa margem, o BC não deve cumprir seu objetivo e Campos Neto terá que dar explicações sobre o fracasso ao ministro da Economia.  

Sobre a ajuda à população mais carente citada por Guedes, o governo pretende elevar o benefício médio do Auxílio Brasil a cerca de R$ 300,00 por mês. Há a expectativa de que o programa social, que é o substituto do Bolsa Família, atualmente de R$ 190,00, deve ser lançado no próximo mês.  

Na entrevista, o ministro também falou sobre o pacote de crescimento verde, que deve ser lançado durante a COP-26, em Glasgow (Escócia), no mês que vem. Ele mantém a projeção ambiciosa de ferramentas no valor de US$ 2,5 bilhões e lembrou, mais uma vez, que já há cerca de US$ 100 bilhões contratados em infraestrutura.  

Mortes por covid

Ao ser confrontado sobre as cerca de 600 mil mortes causadas pela pandemia no País, Guedes afirmou que o País gastou "mais que o dobro do que a média dos países emergentes e 10% mais do que os países ricos" para salvar vidas. "Não aceito sua narrativa. Nós gastamos mais dinheiro salvando vidas do que vocês", disse Guedes à jornalista da CNN. 

Ainda sobre o tema, ele atribuiu a queda de 4,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado ao distanciamento social, e disse que a medida também teve consequências negativas para o desemprego do País. "Nossa escolha foi manter vidas em primeiro lugar. Por isso, gastamos 110% do PIB em transferência de renda para pessoas pobres, para que elas praticassem o distanciamento social."

'Pandora Papers'

Sobre a investigação "Pandora Papers", que apontou Guedes (e também Campos Neto) como proprietário de uma empresa num paraíso fiscal (offshore), o ministro disse que "não fez nada de errado". Ele voltou a dizer que sua offshore é "legal, reportada ao Comitê de Ética da Presidência, declarada na Receita Federal e registrada no Banco Central". "Eu saí do comando da empresa semanas antes de assumir o ministério. E além disso, na semana passada, a Suprema Corte brasileira arquivou o caso", afirmou.

fonte: Estadão Conteudo

Estadão
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