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Operações Empresariais

Entenda como o governo controla a oscilação do dólar

10 set 2013 - 07h19
(atualizado às 07h19)
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O dólar americano vem apresentando um cenário de intensa volatilidade no mercado mundial, chegando a valorizar 19,8% em relação ao real, no período de 2 de janeiro desse ano até 22 de agosto, pico de alta em que a moeda americana chegou R$ 2,44. A inflação é apontada por especialistas como o principal problema que a alta da moeda ocasiona no País, pois as pessoas perdem seu poder de compra, já que grande parte das mercadorias é cotada em dólar. Com a moeda valorizada frente ao real, o preço dos produtos inflaciona. “Mesmo o comércio interno do Brasil é afetado pela valorização do dólar, pois o preço da mercadoria é definido de acordo com o preço que o produtor nacional exporta”, complementa o professor de finanças do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) Alexandre Chaia.

Além da inflação, a grande oscilação do dólar pode gerar problemas na captação de recursos nas empresas, porque as negociações ficam paralisadas até que o mercado cambial se estabilize. Tentando evitar esses problemas, o Banco Central do Brasil (BC) utiliza medidas de proteção cambial (hedge) aos agentes econômicos nacionais, tentando manter a liquidez do mercado. “O trabalho diário do BC é conter as oscilações do dólar, para evitar a inflação e a paralisação do mercado”, explica Chaia.

Também há benefícios para a economia brasileira com a valorização do dólar, principalmente na exportação, pois quem vende pode diminuir o preço de sua mercadoria, ganhando vantagem competitiva no mercado internacional. Apesar disso, segundo o economista da Tendências Consultoria Felipe Salto, a oscilação intensa não é positiva para a economia, pois é o dólar que define as ações de comércio exterior do País, que podem ficar desestabilizadas com a grande volatilidade da moeda americana.

Aumento dos juros

No dia 28 de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou para 9% a taxa Selic, o juro básico da economia brasileira. A medida, segundo o Banco Central, visa a colocar a taxa inflacionária em declínio. Segundo Chaia, deve aumentar também a quantidade de dólares que entram no Brasil. “Aumentando os juros, os investidores estrangeiros se interessam em investir no Brasil, e a liquidez da moeda aumenta”, aponta. Para Salto, o BC deveria apostar em uma medida mais austera. “Se o objetivo é controlar essa recente disparada do dólar, um ajuste mais forte na taxa Selic, aumentariam os resultados a curto prazo”, afirma. 

No início de agosto, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, eliminou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6% sobre aplicações de renda fixa de estrangeiros no País. “A medida incentiva o investimento no Brasil, mas acaba gerando incerteza, pois o investidor pensa que, da mesma forma que o governo retirou o imposto, ele pode colocar de volta a qualquer momento”, completa Chaia.

Venda de dólares

Umas das operações do mercado à vista é a venda dos dólares da reserva do BC, de mais de US$ 370 bilhões. Os dólares podem ser colocados ou retirados do mercado para conter as oscilações da moeda. A venda à vista das reservas nacionais é utilizada apenas em situações extremas, pois o BC não tem um retorno confirmado. A reserva de dólares serve como um seguro para a quantidade de moeda americana que circula no Brasil. 

Para Chaia, a quantidade ideal de dólares que o País deve manter na reserva depende da situação do mercado nacional e da credibilidade que o investidor estrangeiro tem no País. Na visão do professor, a confiança para se investir no Brasil vem caindo porque o governo brasileiro altera muito as regras de concessão e investimento, causando instabilidade. “Os benefícios fiscais dados a empresas nacionais no ano passado, juntamente com o fator inflacionário ajudaram a diminuir a credibilidade da economia brasileira”, explica.

Leilões

A venda de dólares pode ser feita por meio dos leilões de troca cambial, conhecidos como swap cambial, ou por vendas com compromisso de recompra. No caso do swap, que vem sendo utilizado pelo Banco Central desde o dia 23 de agosto, são vendidos contratos de dólar no futuro. O BC fixa uma taxa e vende os contratos nos prazos anunciados. Na data final, que é definida pelo BC de acordo com o cenário do mercado nacional, os agentes econômicos são ressarcidos, caso haja apreciação do dólar, ou ressarcem o BC, se o dólar desapreciar. 

O swap auxilia na melhora da liquidez cambial. Também nos leilões de venda com compromisso de recompra, o BC fixa o preço que venderá os dólares e os recompra quando o contrato termina pela taxa fixada. Dessa maneira, o dólar continua circulando no País, mas não se perde na reserva nacional, pois os dólares serão recomprados. Foram anunciados pelo BC leilões com recompra no valor de R$ 1 bilhão, realizados toda sexta-feira, até o dia 31 de dezembro.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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