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Morre Murillo Mendes, presidente da Mendes Júnior

Empresário de 92 anos sofreu um infarto na madrugada desde domingo, 19

19 ago 2018 - 20h06
(atualizado às 21h03)
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Presidente da construtora Mendes Júnior, o empresário Murillo Mendes morreu na madrugada de ontem, em Belo Horizonte, aos 92 anos, vítima de um enfarte. Afastado do cargo por motivos de saúde, Mendes estava internado em um hospital da capital mineira, onde havia passado por uma cirurgia no fêmur. O corpo foi enterrado ainda na manhã de ontem, em cerimônia para poucos familiares.

Filho do fundador da empreiteira - José Mendes Júnior -, Murillo trabalhava na empresa desde sua criação, em 1953, e dava expediente até o ano passado. Aos 91 anos, continuava indo todos os dias à sede da companhia, na região central da capital mineira, e ficava ali por algumas horas. Queria saber as decisões que estavam sendo tomadas e dava sugestões em negociações.

A Mendes Júnior já foi uma das maiores construtoras do País, tendo ajudado a levantar a Hidrelétrica de Itaipu e a Ponte Rio-Niterói. Em 2014, porém, virou alvo da Operação Lava Jato. Na semana passada, parte da cúpula da empreiteira foi presa para cumprir pena em segunda instância. A ordem do juiz Sérgio Moro alcançou os executivos Sergio Cunha Mendes (sobrinho de Murillo Mendes) e Rogério Cunha Pereira, condenados por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa, além de Alberto Elísio Vilaça Gomes, por corrupção ativa e associação criminosa.

Em meio à Lava Jato, a empreiteira foi declarada inidônea pela Controladoria-Geral da União, o que a impediu de participar de licitações públicas. Sem novos projetos, sem crédito e sem caixa, a empresa pediu recuperação judicial em 2016.

Internacionalização. A Lava Jato foi o segundo revés da história da companhia. Na década de 1990, a Mendes Júnior quase quebrou por causa de uma empreitada malsucedida no Iraque. A empresa havia ganhado espaço no exterior, construindo ferrovias, rodovias e sistemas de água, justamente pelas mãos de Murillo. A trajetória de crescimento, porém, foi interrompida pela Guerra do Golfo. O conflito levou o governo a determinar que a empresa retirasse os brasileiros da região.

Em meados da década de 1990, a Mendes Júnior estava no auge da crise, endividada e também sem poder disputar novos contratos por causa de uma briga com o governo federal.

No início dos anos 2000, a empresa retomou fôlego e, dez anos depois, seu faturamento alcançou cifras bilionárias. Em 2013, beirou os R$ 2 bilhões, número que colocou a empresa na décima terceira posição do ranking das maiores construtoras do País. Mas a tempestade provocada pela Operação Lava Jato colocou fim aos planos do grupo.

Estadão
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