PUBLICIDADE

Mexer no teto é caminhar para uma Argentina, diz consultor

Para diretor da Consultoria de Orçamento da Câmara, Ricardo Volpe, defender flexibilização é 'falta de conhecimento'

5 set 2019 - 00h04
(atualizado às 07h55)
Compartilhar
Exibir comentários

O diretor da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira (Conof) da Câmara, Ricardo Volpe, disse ao Estadão/Broadcast que flexibilizar o teto de gastos significa "caminhar para uma Argentina em pouco tempo". Para ele, quem defende essa medida o faz por "falta de conhecimento".

Plenário da Câmara dos Deputados
Plenário da Câmara dos Deputados
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil / Estadão Conteúdo

Em crise, a Argentina enfrenta dificuldades para controlar a hiperinflação e teve de recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para conseguir ajuda financeira enquanto tenta implementar reformas.

"Quem defende (flexibilização) esquece de mencionar que tal proposta implica em elevar a carga tributária e fazer um ajuste fiscal insuficiente para passar por qualquer mudança negativa do cenário externo", adverte Volpe. Para ele, o teto é um importante instrumento para manter a dívida pública sob controle.

A mudança na regra do teto dos gastos está sendo estudada pelo governo Bolsonaro. Nesta quarta-feira (4), o presidente pediu à equipe econômica que avalie formas para alterar a lei, que limita o crescimento das despesas públicas ao percentual da inflação do ano anterior.

"O presidente da República defende uma mudança nessa lei, porque se isso não for feito, nos próximos anos, a tendência é o governo ficar sem recursos para pagar despesas de manutenção da máquina pública", disse o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros.

Segundo o consultor da Câmara, é necessário manter o teto de gastos e fazer um ajuste duro nas despesas obrigatórias, que incluem benefícios previdenciários, assistenciais e salários ao funcionalismo, para conseguir manter o nível de discricionárias, despesas que garantem o funcionamento da administração pública.

"O remédio agora é amargo, não homeopático. Ou vamos esperar o choque externo e ir para o FMI para impor medidas amargas ou ortodoxas. Não estou sendo pessimista, infelizmente realista. Precisamos agir logo, ou o ano que vem vai ser um efeito em cascata de quebradeira dos entes e da União", diz o diretor.

Veja também:

Cinco anos de crise:
Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade