PMEs que não adotarem IA até 2026 correm risco de perder relevância
PMEs que não adotarem inteligência artificial até 2026 enfrentarão perda de relevância, com a tecnologia se tornando essencial para eficiência, competitividade e transformação estratégica.
A adoção de inteligência artificial deixou de ser privilégio das grandes empresas e se tornou critério de sobrevivência para pequenas e médias empresas (PMEs). Até 2026, negócios que não incorporarem IA em seus processos correm o risco de perder relevância em mercados cada vez mais pressionados por eficiência e rapidez. A transformação não se limita à tecnologia, mas redefine modelos operacionais e estratégicos, exigindo das PMEs capacidade de automatizar tarefas, especializar soluções e reforçar governança.
A automação inteligente emerge como principal motor de competitividade. A IDC projeta que os gastos globais com IA devem crescer exponencialmente na próxima década, indicando que a tecnologia está se tornando infraestrutura essencial para empresas de todos os portes. Este crescimento é impulsionado pela necessidade de automatização e análise de dados em larga escala. Pesquisas de mercado, como as realizadas pela Microsoft, indicam que PMEs concentram seu uso inicial de IA em áreas de alto impacto como atendimento ao cliente e produtividade interna, utilizando ferramentas para reduzir custos e ganhar eficiência, resultando em uma operação mais ágil.
Soluções especializadas por setor também ampliam o acesso das PMEs à inteligência artificial. O uso de IA em setores verticalizados, como o varejo, para otimizar preços e gerenciar estoques; ou a logística, para roteirização e previsão de demanda, demonstra que a tecnologia deixa de ser abstrata e se transforma em recurso estratégico para equipes enxutas. Consultorias como a Gartner confirmam que a adoção setorial é um motor de crescimento, permitindo que empresas menores acessem análises de dados e processos complexos de forma mais facilitada.
A governança e o uso responsável da inteligência artificial ganham protagonismo. De acordo com o relatório "The Adoption of AI by SMEs" (2025) da OCDE, 31% das PMEs pesquisadas (em países-membros) já utilizavam ativamente alguma forma de Inteligência Artificial Generativa, um crescimento que evidencia a rápida incorporação da tecnologia. Esse cenário reforça a necessidade de políticas claras de segurança e ética no tratamento de dados. O mesmo relatório da OCDE aponta as barreiras à adoção da IA. A falta de habilidades e talentos internos é citada como um dos principais obstáculos, seguida pela dificuldade de integrar a IA ao trabalho e as preocupações regulatórias. Empresas que endereçam essas preocupações de governança obtêm maior confiança do mercado e previsibilidade em suas operações.
Existe a ideia de que os custos de implementação e a curva de aprendizado podem ser obstáculos para PMEs. No entanto, o retorno é significativo. O relatório da OCDE (2025) fornece evidências claras de ganhos: 65% das PMEs que adotam IA Generativa relatam aumento no desempenho de seus funcionários e redução da carga de trabalho. Este dado sugere que a produtividade e a eficiência operacional são os principais impulsionadores e retornos da tecnologia. Consultorias como a McKinsey reforçam a tese, afirmando em seus estudos sobre o potencial da IA que os ganhos de produtividade e a redução de custos operacionais (por meio de automação) são os fatores que criam uma vantagem competitiva sustentável para os adotantes. A janela de oportunidade ainda está aberta, mas tende a se fechar rapidamente.
Até 2026, a inteligência artificial deixa de ser diferencial e passa a ser infraestrutura de competitividade. Automação, especialização e governança formam o tripé que separa empresas preparadas de negócios que correm o risco de perder relevância. Para pequenas e médias empresas, o desafio não é apenas adotar tecnologia, mas integrá-la de forma estratégica ao cotidiano operacional. Quem agir agora, transformando dados e processos em decisões inteligentes, terá vantagem sustentável nos próximos anos.
(*) Aline Lefol é CEO e fundadora da IA2YOU, e Tiene Colins é consultora de IA e embaixadora da AI Brazil. São coautoras do livro "IA para Negócios – Guia prático para pequenas e médias empresas".