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Mas, afinal, por que meu investimento não rende tanto?

O que você precisa considerar antes de criar expectativas demais pro seu suado dinheirinho.

19 mar 2022 - 04h00
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Foto: Nattanan Kanchanaprat / Pixabay

Nem todo investimento tem que render muito e precisamos aceitar esse fato para aprender a investir corretamente. Calma que eu não estou te pedindo para escolher a opção menos lucrativa da lista de investimentos e sim entender o objetivo de cada um.

Sabe aquela primeira reserva que a gente faz (ou deveria fazer) assim que consegue guardar um pouco de dinheiro? Ela deveria ser investida como "reserva de emergência" e ficar disponível pra ajudar a segurar as pontas na hora do aperto.

Porém, pela minha experiência de atender clientes nas consultorias de planejamento financeiro, percebo que as pessoas esperam que essa reserva renda muito com o passar do tempo, criam até uma expectativa sobre o que fazer com o dinheiro, sentem vontade de gastar, desistir ou buscar um investimento diferente, correndo risco, pela ansiedade de ver o valor multiplicar.  

Só que não é bem assim. Ela não rende muito porque esse não é o objetivo e também não deveria ser essa a expectativa de retorno das pessoas ao investirem seu primeiro dinheiro da vida.

Pra essa reserva, o objetivo é segurança e liquidez. A reserva tem que estar segura pra quando você mais precisar, sem a surpresa de ter uma perda de valor e disponível para ser usada de imediato, se uma situação acontecer.

Ela não deve ser usada para fazer upgrade do celular ou carro, nem para bancar o delivery ou viagem do fim de semana. Ela deve ficar lá quietinha, sem ser mexida, para ser seu apoio na hora da necessidade. Uma coisa que eu sempre digo é "não há nada mais previsível do que o imprevisto", sabemos que vai acontecer, porque todo mundo passa por surpresas ao longo da vida, só não se sabe qual será, nem quando. 

Mas, afinal, por que meu investimento não rende tanto?:

Então, não seria melhor ter a grana segura e disponível para lidar com a questão, sem depender de favor de outras pessoas ou crédito do banco? A resposta é sim! Essa é a melhor decisão que você pode tomar! 

E você vai concordar comigo que se esse mesmo valor tivesse em ações (porque você queria aumentar as chances de ter altos rendimentos) e você precisasse vender na baixa, seria muito difícil lidar com sua emergência, além da frustração de ter investido mal. Assim como seria péssimo precisar do valor e perceber que tudo que você tinha estava aplicado em um produto que só terá liquidez daqui há 30 dias, ou pior, 4 anos.

A reserva deve ser feita, antes de entrarmos na onda do consumo, ela deve ser o primeiro objetivo de vida de cada um de nós! "Então, antes de comprar um carro, eu deveria fazer minha reserva?" Sim! Porque se você colocar tudo que tem nessa compra e o carro der um problema de repente, você não terá como arcar com o conserto, se não tiver uma reserva. E esse exemplo serve para todos os outros campos da vida, pois o imprevisto está aí, pode acontecer a qualquer momento. E quando não há reservas para lidar com ele, há endividamento ou adiamento de outros planos, que agora não dá mais pra pagar.

Então, se você já tem uma grana ou está começando a guardar, monte sua reserva, busque por um produto que proporcione segurança (renda fixa, sem oscilação negativa) e liquidez diária (D + 0, que significa que pode ser usada a qualquer momento em que a necessidade bater). Quanto ao rendimento, investimentos que paguem 100% do CDI ou um pouco mais já estão OK pra essa primeira reserva. Deixe pra arriscar quando já tiver um bom valor seguro, tá?

E quanto ao montante, também muito se especula sobre qual deve ser o valor ideal de uma reserva, e sempre vemos dicas que mostram que o ideal seria sua reserva ser equivalente a 6 meses de gastos. Ou seja, seria necessário colocar na ponta do lápis quanto você gasta por mês para se manter e multiplicar por 6. Esse cálculo é baseado na hipótese de se perder o emprego, em que a reserva poderia suprir seus gastos por 6 meses, enquanto você se recoloca no trabalho.

Porém a perda de trabalho não é a única emergência a qual estamos expostos, por isso eu também calculo de uma forma diferente dependendo da pessoa. Há clientes meus que são super independentes, mas têm outras pessoas que dependem deles, como pais idosos que demandam ajuda financeira com frequência e que se algo acontecer com eles, só têm esse filho pra pedir ajuda. Então, os 6 meses de reserva, pensados para arcar com desemprego, podem não ser suficientes para essa emergência.

Esse é, inclusive, meu caso. Minha mãe ficou muito doente 3 anos atrás, em estado vegetativo aos 59 anos, e meus irmãos e eu precisamos mantê-la em home care, sob cuidados médicos por 2 anos, até sua partida. Se eu tivesse apenas um valor para 6 meses de gastos pessoais, poderia ter ficado no aperto financeiro e até poderia ter precisado adiar minha transição de carreira. Tudo isso, além da dor da perda.

Eu creio que ter o dinheiro ali, me deu ao menos segurança, foi um problema a menos na hora da tristeza. 

Eu não desejo que isso aconteça com você, é claro, na verdade, o meu cenário dos sonhos é que ninguém nunca precise usar sua reserva, que ela só esteja ali para dar segurança mesmo. Mas como todos nós estamos suscetíveis ao imprevisto, eu aconselho você a priorizar sua tranquilidade financeira, que nenhum rendimento paga.

Então, comece sua reserva o quanto antes e siga poupando e investindo para a realização dos sonhos.

(*) Mari Ferreira é especialista em educação financeira, consultora, palestrante, criadora de conteúdo e autora do livro “Tostão Furado: Do Zero à Liberdade Financeira”.

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