IPCA-15: prévia da inflação desacelera em maio e fica em 0,36%, abaixo do esperado
Analistas do mercado financeiro projetavam avanço de 0,44%; com o resultado, índice ficou em 5,40% em 12 meses
RIO E SÃO PAULO - A prévia da inflação oficial no País desacelerou em maio. Se por um lado houve pressão dos aumentos na conta de luz e nos medicamentos, por outro, passagens aéreas e alimentos deram trégua ao orçamento das famílias. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) passou de uma alta de 0,43% em abril para uma elevação de 0,36% neste mês, menor resultado para esse período do ano desde 2020, informou nesta terça-feira, 27, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado ficou próximo às estimativas mais otimistas de analistas do mercado financeiro consultados pelo Projeções Broadcast, que esperavam desde um avanço de 0,35% a 0,53%, com mediana de 0,44%. Com o resultado de maio, o IPCA-15 arrefeceu a um aumento acumulado de 5,40% em 12 meses, após uma sequência de três meses de aceleração.
Entre as boas notícias, houve melhora na parte qualitativa da inflação, avaliou o economista João Fernandes, da gestora de investimentos Quantitas.
"A inflação de serviços tem gradualmente desacelerado, há uma suavização", afirmou Fernandes, que, no entanto, não vê muito espaço para que esse movimento ganhe mais tração à frente. "A tendência de desaceleração não deve ser tão duradoura. Os fundamentos que balizam a inflação de serviços, que são salário e emprego, continuam muito fortes", completou.
Para o economista Leonardo Costa, do ASA, houve surpresas importantes tanto na inflação de serviços como na de bens. Em termos de política monetária, a desaceleração do IPCA-15 pode ser interpretada como um movimento em direção à meta de inflação, além de uma "surpresa bem-vinda" em um período de final de ciclo de aumento de juros, disse Costa.
"Podemos dizer que o IPCA-15 deste mês veio uma leitura qualitativa um pouco melhor. A gente acha que isso não deve ter grandes implicações para o Banco Central. Mas ajuda ele no curto prazo, obviamente, com uma inflação mais comportada e a ter mais conforto para o encerramento do ciclo", corroborou Rafael Cardoso, economista-chefe do Banco Daycoval, em comentário.
O recuo de 11,18% no custo das passagens aéreas em maio deu a principal contribuição para deter a prévia da inflação do País no mês de maio. O subitem impactou em -0,07 ponto porcentual na taxa de 0,36% registrada pelo IPCA-15. O ônibus urbano recuou 1,24%, enquanto os combustíveis subiram 0,11%. Houve altas nos preços do etanol (0,54%) e da gasolina (0,14%), mas quedas no óleo diesel (-1,53%) e gás veicular (-0,96%).
O gasto das famílias brasileiras com alimentação e bebidas subiu em maio pelo nono mês consecutivo, mas as quedas nos preços de itens importantes na cesta de consumo, como o tomate (-7,28%), arroz (-4,31%) e frutas (-1,64%), ajudaram a deter a inflação no mês. A alimentação no domicílio ainda avançou 0,30% em maio, puxada pelos aumentos na batata-inglesa (21,75%), cebola (6,14%) e café moído (4,82%). Já a alimentação fora de casa subiu 0,63%: refeição fora de casa teve alta de 0,49%, e o lanche, 0,84%.
A energia elétrica residencial subiu 1,68% em maio, item de maior pressão individual sobre o IPCA-15 do mês, uma contribuição de 0,06 ponto porcentual, como consequência da entrada em vigor da bandeira tarifária amarela, com a cobrança adicional de R$1,885 a cada 100 kw/h consumidos nas contas de luz.
As despesas com saúde e cuidados pessoais tiveram uma elevação de 0,91% em maio, sob pressão dos aumentos nos produtos farmacêuticos, avanço de 1,93%, em decorrência da autorização do reajuste de até 5,09% nos preços dos medicamentos, a partir de 31 de março. A alta no grupo foi influenciada também pelo aumento de 0,57% no plano de saúde.