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Investidor sonda o setor atento às reformas

No ano passado, segundo a PwC, foram fechadas oito fusões ou aquisições no setor agropecuário

19 ago 2019 - 05h11
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Fundos de investimento e empresas voltam a buscar oportunidades no agronegócio, estimulados pelo bom andamento da reforma da Previdência no Congresso e pelo debate sobre a reforma tributária. O dólar em alta, que torna ativos em real mais baratos para estrangeiros, também é um atrativo, conta Mayra Theis, sócia da área tributária e especialista em Agribusiness da PwC.

"Vimos um primeiro trimestre forte, um segundo trimestre mais fraco e agora notamos retorno da procura. Mais investidores têm nos buscado para fazer processos de due diligence, que precedem as aquisições", diz sobre avaliações de empresas-alvo para receber aportes. Henrique Mazotini, presidente executivo da associação dos distribuidores de insumos (Andav), estima que mais de 50 revendas foram sondadas por fundos no último ano.

Apesar do maior apetite, Mayra considera pouco provável que o resultado de 2019 se iguale ao de 2018. No ano passado, segundo a PwC, foram fechadas oito fusões ou aquisições no setor agropecuário. "Só se houver otimismo exacerbado no último trimestre. Até agora temos quatro ou cinco operações", diz ela.

Horizonte

Bruno Santana, diretor do fundo Aqua Capital, reforça que 2018 foi "intenso" por causa do otimismo com as eleições presidenciais. Somente o Aqua fez oito aquisições. Em 2019, foram duas. O Aqua tem sob gestão no Brasil US$ 700 milhões e há um montante por investir nos próximos anos, conta Santana. "Acreditamos que fecharemos mais negócios, mas não há meta de bater o número de 2018." No radar, empresas de lácteos, saúde animal e insumos.

Café no bule

O Amerra, fundo americano que empresta a empresas do setor e a produtores, também está otimista. Por aqui desde 2010, tem alocados no País US$ 750 milhões, dos US$ 2,4 bilhões aplicados no mundo. "Chegar a US$ 1 bilhão em três anos seria razoável", avalia o gerente de portfólio, Rogerio Martins. Para ele, o apetite de investidores aumentou com as reformas em curso. Entre os clientes do Amerra, majoritariamente fundos institucionais, o maior atrativo é o retorno, bem superior a títulos de renda fixa, diz ele.

Cautela

A indústria brasileira de suco de laranja e o setor produtivo decidiram não incorporar, inicialmente, os 106 agrotóxicos que podem ser utilizados nas lavouras da cultura entre os 262 defensivos liberados recentemente pelo governo. Antes, será feita uma análise pelo comitê da Lista de Produção Integrada de Citros (PIC), formado por institutos de pesquisa, consultores e indústrias. O órgão faz análises periódicas para atender a legislação brasileira e as normativas que regulamentam o uso de defensivos em países importadores.

De olho

Em época de acirramento de questionamentos quanto ao avanço do agronegócio sobre o meio ambiente, o Ministério da Agricultura iniciou os testes, em Brasília, de uma réplica da sala de situação inaugurada no fim de maio na Embrapa Territorial, em Campinas (SP). A sala permite monitoramento ambiental e cruzamento de dados, com o uso de satélites e de uma base de dados. A ideia é dar respostas rápidas e criar estratégias para defender o setor.

Bola de cristal

A Feira Internacional da Bioenergia (Fenasucro) nem começou e a organização já traça a estratégia para a próxima edição. Em 2020, o foco da principal mostra da indústria produtora de açúcar e etanol será a logística para biocombustíveis e bioenergia, setores que projetam crescimento acima dos 20% em cinco anos. Realizada em Sertãozinho (SP), a Fenasucro começa amanhã e vai até sexta-feira. Deve gerar R$ 4 bilhões em negócios, 10% mais que em 2018.

Água fria

Usinas de etanol e biodiesel correm com processos de credenciamento para a emissão de Créditos de Descarbonização (CBIOs) a serem negociados pelas regras da política nacional de biocombustíveis, o RenovaBio. Mas integrantes do governo que cuidam do cronograma de implantação temem o adiamento do início de vigência do programa, em janeiro de 2020. É que segue indefinido, no Banco Central, se os CBIOs serão ativos financeiros ou commodities. "O BC está analisando o assunto sob a ótica legal", informou o órgão.

Desmame

A queda da Selic, hoje em 6% ao ano, é insuficiente para incentivar produtores a financiar máquinas agrícolas com juros de mercado, conta Roberto França, diretor de Agronegócios do Bradesco. Hoje os equipamentos são adquiridos, em grande parte, com linhas do BNDES a juros subsidiados. Segundo França, o problema não é a taxa, pois há alternativas semelhantes, como o CDC: taxa em torno de 9,5% a.a. e amortização em cinco anos, contra até 10,5% a.a. e prazo de sete anos pelo BNDES. "Só que no CDC incide IOF, enquanto nas linhas do BNDES, não", explica.

Vai bem

A integração entre os Ministérios da Agricultura e das Relações Exteriores (MRE) vai de vento em popa. "Compartilhamos informações, alinhamos projetos e definimos pautas. Nosso objetivo é o mesmo: abrir e consolidar mercados", relata Camila Olsen, chefe da Divisão de Promoção do Agronegócio no MRE. É a primeira vez que o Itamaraty tem uma área específica para tratar das pautas do setor.

*COLABOROU ISADORA DUARTE

Estadão
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