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Inovação intercambista: experiências intraindústrias que dão certo

Nada se cria… mas tudo se adapta para ser usado de uma forma diferente

12 ago 2023 - 06h00
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Foto: Vardan Papikyan / Unsplash

“A maioria das inovações vêm de ideias de fora da sua indústria aplicadas corretamente em um novo negócio.” Quem disse isso foi Tony Hsieh (in memorian), criador e ex-CEO da Zappos e empreendedor mundialmente reconhecido por sua mente visionária. Mas o quanto essa afirmação é verdadeira para o nosso mercado nacional? E o quanto as indústrias brasileiras estão olhando para outros setores da economia para poder, digamos, se inspirar a resolver uma dor muito particular do seu negócio? É exatamente isso que fomos investigar. 

E, para começar, aprendemos com o Alexandre Nascimento, empreendedor e pesquisador em Inteligência Artificial pela Singularity University, que existe esse tipo de intercâmbio recebe outro nome em inglês: cross polinization: “Nele, as ideias e inovações fluem entre diferentes indústrias e setores, criando um ambiente mais criativo e propício para a inovação, onde conceitos são importados de diferentes origens e aplicações para resolver problemas novos ou similares em novos domínios.” Mas, para além da tradução, vamos adotar o termo “inovação intercambista”, pois o intercâmbio de ideias e soluções, além de ser algo frequente, é uma ação que o brasileiro entende bem - e na prática.

“O conceito de cross polinization não é algo novo e a própria ciência já o utiliza há tempos para explorar diferentes contextos. A inteligência artificial é um exemplo disso, já que empresta conceitos de várias outras áreas, tais como psicologia, neurociência, filosofia e até mesmo a biologia e a zoologia”, diz Alexandre Nascimento, empreendedor e pesquisador em Inteligência Artificial pela Singularity University.

Tanto que Felipe Ost Scherer, cofundador da Innoscience, acredita que esse caminho é um dos mais comuns do empreendedor brasileiro. “Quando ele pesquisa o benchmarking, está buscando essas inspirações, de fora para dentro, para encontrar novos usos de oportunidades que em outras indústrias já estão funcionando bem e que poderão ser bem adaptadas. E essa tem sido uma das maneiras mais fáceis de se fazer inovação por aqui, em conjunto com iniciativas de open innovation [ou inovação aberta]”, diz. 

Ideias em ecossistemas

Toda essa troca é possível porque a inovação de hoje funciona muito mais por meio de ecossistemas entrelaçados do que em modelos de ilhas isoladas. Basta pensar em certas soluções comuns no dia de hoje, em que fica até difícil reconhecer a que setor pertencem de fato: “É o caso do smartphone, que pode ser tanto um eletroeletrônico como um produto de comunicação ou de entretenimento. Ou de uma fintech criada por uma rede varejista para poder trabalhar melhor o e-commerce da marca”, exemplifica Glaucia Guarcello, sócia-líder de Inovação e Ventures da Deloitte Brasil. 

“Em um mundo cada vez mais disruptivo, não perca tempo tentando fazer uma melhoria incremental daquilo que você sempre fez. De nada adianta inventar uma furadeira fantástica se a solução que o seu cliente realmente procura é um adesivo que cola tudo na parede”, diz Glaucia.

Foto: Reprodução

E a mensagem que fica para o empreendedor?

Com tanto exemplo que deu certo, fica fácil confiar na inovação intercambista como uma ferramenta poderosa para trazer soluções para o seu negócio. Ainda assim, os especialistas ouvidos deixam claro que não dá para apostar todas as fichas, como relembra Alexandre Nascimento: “É fundamental que os empreendedores e inovadores entendam que o fato de uma solução ter funcionado em outra indústria, ou outro domínio de problema, não significa que necessariamente funcionará para o seu problema ou na sua indústria. Por isso, é sempre importante utilizar uma metodologia de experimentação e de inovação sistemática  para reduzir ao máximo qualquer tipo de risco”, finaliza. 

“Empreendedor, uma vez identificada a dor que você quer resolver, comece a olhar para quem já está resolvendo aquilo com excelência. Se o meu problema como operadora de Saúde é o atendimento ao cliente, preciso investigar como a Disney, por exemplo, lida com seu público. Ou, se estou na indústria civil e fazendo uma obra gigantesca com mais de 20 mil funcionários,  que tal ir atrás dos organizadores de festivais de música para saber como eles montam suas estruturas. Isso é inovação intercambista”, diz Felipe Ost Scherer.

(*) Renata Armas é redatora do Unbox Project, programa de desenvolvimento de carreira que conecta líderes de negócios, entidades auto-organizadas e empresas com metas de ESG para destravar a inovação e a economia sustentável. Como parte de sua missão de "desencaixotar o pensamento crítico que deve(ria) anteceder a inovação", tem produção de conteúdo recorrente no site unbox.dev.br e na seção Homework, do portal Terra.

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