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Indústria recua 0,5% em maio após queda na produção de veículos e derivados do petróleo

Em relação a maio de 2024, produção teve alta de 3,3%; no acumulado em 12 meses, crescimento foi de 2,8%

2 jul 2025 - 11h04
(atualizado às 16h50)
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RIO - A indústria brasileira manteve a tendência de perda de fôlego em maio. A produção industrial recuou 0,5% em relação a abril, após já ter diminuído 0,2% no mês anterior. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal, divulgados nesta quarta-feira, 2, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"O desempenho da indústria reforça nossa projeção de que a economia brasileira deve crescer menos do que em 2024. Entendemos que essa perda de fôlego é reflexo dos juros mais altos, que tendem a impactar os investimentos e provocar uma desaceleração da atividade econômica. Por isso, esperamos que o PIB (Produto Interno Bruto) cresça 2% em 2025. Para 2026, projetamos uma expansão de 1%, mas não descartamos um crescimento maior, devido à força da demanda doméstica e, em particular, dos investimentos na capacidade produtiva", avaliou a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, em comentário.

O ciclo de elevação da taxa básica de juros, a Selic, já tem impactado a economia brasileira, incluindo a indústria, corroborou André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.

"Desde o segundo semestre do ano passado há uma elevação na taxa Selic. Isso, claro, tem o intuito de frear os impactos do avanço inflacionário via consumo. Claro que isso traz reflexos para dentro da economia, inclusive para o setor industrial", afirmou Macedo.

Houve recuos em 13 dos 25 ramos industriais pesquisados pelo IBGE em maio
Houve recuos em 13 dos 25 ramos industriais pesquisados pelo IBGE em maio
Foto: José Patrício/Estadão / Estadão

Ele explica que o encarecimento do crédito provoca um adiamento de decisões de consumo por parte das famílias e também um adiamento de decisões de investimentos por parte das empresas. Somado a isso, o cenário externo inclui turbulências internacionais, como as tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos a parceiros comerciais e os conflitos em curso no Oriente Médio.

"Isso traz também um ambiente de incerteza e também traz reflexo para dentro do comportamento não só da economia, mas também para o setor industrial (brasileiro)", afirmou o pesquisador do IBGE.

Pelo lado positivo, a demanda doméstica ainda conta com o suporte de um mercado de trabalho aquecido, com taxa de desemprego baixa e massa de renda recorde.

"Há fatores se contrabalançando", resumiu Macedo. "Os efeitos que vêm dessa política monetária de caráter mais restritivo é claro que estão de alguma forma suplantando essas características positivas que vêm do mercado de trabalho", completou.

A queda na produção industrial nacional em maio ante abril foi puxada por perdas, sobretudo, na produção de veículos (-3,9%) e de derivados do petróleo (-1,8%). Houve contribuições negativas também relevantes em produtos alimentícios (-0,8%), produtos de metal (-2,0%), bebidas (-1,8%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-1,7%) e móveis (-2,6%).

Na direção oposta, entre as 11 atividades com expansão, o principal impacto positivo partiu das indústrias extrativas, com alta de 0,8%. O setor acumulou uma expansão de 9,4% em quatro meses seguidos de avanços. Outras elevações significativas em maio foram registradas por produtos farmacêuticos (3,0%), produtos de borracha e de material plástico (1,6%), calçados (3,2%) e produtos químicos (0,6%).

"É difícil extrapolar, no momento, esse resultado para os próximos meses, mas percebemos sinais incipientes de desaceleração, principalmente no segmento da 'indústria de transformação'. Dito isso, acreditamos que a composição da produção industrial em 2025 será diferente daquela verificada em 2024: enquanto no ano passado o crescimento da indústria foi pautado quase que exclusivamente na parte de 'transformação', em 2025 o segmento da 'indústria extrativa' deve ganhar relevância. Esse cenário deriva da percepção de que o patamar altamente contracionista da política monetária vai afetar de maneira progressiva a 'indústria de transformação', que é mais sensível aos juros", estimou Luis Otávio Leal, sócio e economista-chefe da G5 Partners, em comentário.

O agregado da indústria de transformação registrou uma queda de 0,4% em maio ante abril, enquanto as indústrias extrativas cresceram 0,8%. Na comparação com maio de 2024, a produção da indústria de transformação cresceu 2,3% em maio de 2025, enquanto as extrativas aumentaram 8,7%.

Na média global, a indústria como um todo avançou 3,3% em maio de 2025 ante maio de 2024. No acumulado do ano, que tem como base de comparação o mesmo período do ano anterior, a produção industrial teve uma alta de 1,8%. No acumulado em 12 meses, a produção subiu 2,8%.

A perspectiva para 2025 é de desaceleração da atividade industrial, reforçou a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A entidade prevê um crescimento de 1,3% para a produção industrial neste ano, após um avanço de 3,1% em 2024.

"O setor, altamente sensível aos juros, tem sido impactado pelo forte aperto monetário e pela continuidade das condições financeiras restritivas, o que pode influenciar o custo dos novos financiamentos. Esse cenário é especialmente desafiador para a indústria de transformação, que é mais vulnerável aos juros elevados do que outros segmentos da economia, menos sensíveis ao ciclo de aperto monetário", justificou a Fiesp, em nota.

Estadão
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