Hipotecas pesarão sobre consumo da zona do euro até 2030, diz BCE
Os pagamentos de hipotecas pesarão sobre o consumo na zona do euro por mais cinco anos, apesar de uma série de cortes na taxa de juros pelo Banco Central Europeu, mostrou um estudo do BCE nesta quarta-feira.
O BCE cortou os custos dos empréstimos pela oitava vez em um ano neste mês, buscando reduzir os freios sobre a economia da zona do euro. A taxa básica está atualmente em 2%.
No entanto, tomadores de empréstimos hipotecários estarão pagando um preço pela luta anterior do BCE contra a inflação alta, que o levou a aumentar a taxa de -0,5% para 4,0% em pouco mais de um ano, até 2030, de acordo com o estudo do BCE.
Isso se deve ao fato de que uma parcela cada vez maior dos empréstimos imobiliários que tinham uma taxa de juros fixa no início será reajustada para um nível mais alto, resultando em pagamentos mensais maiores.
"Se tudo o mais se mantiver igual, isso deve reduzir ainda mais o consumo por meio dos pagamentos maiores de hipotecas, apesar do ciclo de afrouxamento em curso", disseram os autores do estudo.
Eles estimaram que os recentes aumentos de juros pelo BCE reduzirão em 1 ponto percentual o crescimento do consumo entre 2022 e 2030, sendo que cerca de um terço desse efeito ainda está por vir.
O efeito será mais forte para as famílias mais pobres, que tendem a ter hipotecas com taxas flutuantes.
Uma em cada quatro famílias da zona do euro tem um empréstimo imobiliário. Um em cada 10 deles terá sua taxa reajustada nos próximos três anos e 20% até 2030.
A proporção de hipotecas com taxa fixa aumentou depois que a crise financeira global de 2008 fez com que muitas famílias tivessem dificuldades para fazer seus pagamentos mensais.
Isso atenuou o efeito imediato dos aumentos de juros pelo BCE, mas o tornou mais prolongado.
