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Falta de linhas de transmissão é desafio para projetos de energia solar

Grandes fabricantes internacionais de equipamentos estão de olho na expansão brasileira; hoje, praticamente 98% dos equipamentos usados em usinas solares são produzidos na China

13 fev 2022 - 05h10
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A vocação do interior do Nordeste para a instalação de parques solares é inequívoca. A questão é como retirar a energia de áreas onde, muitas vezes, há escassez de recursos básicos, como água e rede elétrica. Hoje, uma série de empreendimentos deixa de ser instalada em centenas de localidades porque não há planos de expansão de linhas de transmissão. Em muitos casos, empreendimentos de usinas já construídas enfrentam limitações para escoar energia que produzem.

Dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) apontam que, em 2019, 33 mil megawatts-hora (MWh) deixaram de ser lançados no sistema por falta de linha de transmissão. Esse volume saltou para 70,8 mil MWh, em 2020, e chegou a 105 mil MWh em 2021, até agosto. Na prática, são centenas de milhões de reais de prejuízo aos investimentos, além de menos energia para o consumo, quando o País recorre a todo tipo de usina para evitar apagão.

"É um problema grave. O governo tem um planejamento da expansão da transmissão de energia, mas não olha para as fontes renováveis com a atenção devida, não considera a expansão das renováveis no mercado livre de oferta. O resultado é o descasamento dos projetos", diz Marcio Trannin, vice-presidente da Absolar.

Na expectativa de que o cenário se resolva, grandes fabricantes internacionais de equipamentos estão de olho na expansão brasileira. Hoje, praticamente 98% dos equipamentos usados em usinas solares são produzidos na China.

Em 2017, a Trina Solar, empresa sediada em Changzhou e que está entre as cinco maiores fabricantes de módulos e painéis solares do mundo, passou a operar no Brasil. De lá para cá, já vendeu 2 mil megawatts de equipamentos fotovoltaicos, o que equivale a 8% de sua capacidade de produção mundial.

Daniel Pansarella, diretor-geral da Trina Solar no Brasil, diz que a previsão é vender mais 1 mil MW em equipamentos, repetindo o mesmo resultado no ano que vem. "É um setor que, embora seja praticamente todo de importação, possui uma grande cadeia de serviços por trás. No ano passado, empregou 200 mil pessoas no Brasil. Até o fim de 2023, a indústria solar deve gerar cerca de 1 milhão de empregos", afirmou.

Para aqueles que pretendem investir na geração própria solar, o conselho é procurar empresas especializadas no serviço e fazer contas. Conforme o volume consumido, um sistema pode ser pago em 60 meses por valor igual ou até menor do que o da conta de luz. Ao fim desse período, o usuário é dono de seu equipamento.

Estadão
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