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Emprego cresce, mas País segue sem um rumo claro

Recompor as despesas pode ser politicamente complicado, mas, se o governo tomar esse rumo, poderá avançar na direção de um crescimento econômico mais veloz e duradouro

3 mai 2025 - 12h19
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Está ficando difícil justificar o crime com a falta de emprego. A desocupação de 7% no primeiro trimestre foi a menor para esse período na série iniciada em 2012. A maior taxa da série, 14,9%, foi registrada nos três primeiros meses de 2021, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Também recorde, o rendimento real habitual do trabalhador, R$ 3.410, foi 4% maior que o de um ano atrás. A massa de rendimento real, R$ 341 bilhões, ficou estável no trimestre e superou por 6,6% a de um ano antes.

A melhora no emprego e na renda já se manifesta no consumo das famílias, segundo informações do varejo. Vendas 2,48% maiores que as do trimestre inicial de 2024 foram reportadas pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras). As compras podem ter sido facilitadas também pela liberação de R$ 12 bilhões por meio do saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e pelas verbas do programa Pé-de-Meia.

Esses dados parecem dar credibilidade a projeções de crescimento econômico próximas de 2,5%. Essas projeções, coletadas no mercado, têm dado sustentação ao otimismo exibido pela equipe econômica do governo. Mas o crescimento efetivo dependerá também da confiança dos empresários, da evolução dos juros e das condições externas.

Kuntz: 'Para continuar favorecendo o emprego, caminho mais seguro será uma administração mais cuidadosa e transformadora das contas públicas'
Kuntz: 'Para continuar favorecendo o emprego, caminho mais seguro será uma administração mais cuidadosa e transformadora das contas públicas'
Foto: Hélvio Romero/Estadão / Estadão

Se os empresários puderem apostar na segurança das contas públicas e na manutenção de juros suportáveis, seu otimismo poderá sustentar tanto o desempenho econômico deste ano quanto o crescimento no futuro próximo. A determinação dos juros dependerá da inflação e da avaliação das tendências pelo Comitê de Política Monetária (Copom), principal definidor da orientação do Banco Central (BC). A tendência dos preços deverá resultar, em grande parte, do cenário fiscal, isto é, da evolução das contas do governo e, especialmente, do rumo tomado pela dívida pública.

A inflação, sua tendência e também a dívida oficial dependerão basicamente da evolução das despesas federais, isto é, da inclinação gastadora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Depois de alguma cautela nos primeiros dois anos de mandato, o presidente deixou manifestar-se mais livremente o seu impulso gastador, apesar da prudência defendida pelo ministro da Fazenda. A alternativa à moderação dos gastos seria a elevação da receita, mas isso dependeria principalmente de um aumento da carga tributária. Um aumento ostensivo da tributação seria politicamente desastroso, além de economicamente inaceitável.

Para continuar favorecendo o emprego e a melhora das condições das famílias, o caminho mais seguro para o governo e para o País será uma administração mais cuidadosa e transformadora das contas públicas. Isso poderá envolver uma revisão audaciosa da estrutura dos gastos da União, com menor desperdício, despesas mais produtivas e maior prudência em relação à dívida pública. Recompor as despesas pode ser politicamente complicado, mas, se o governo tomar esse rumo, poderá avançar na direção de um crescimento econômico mais veloz e mais duradouro. Neste momento, nem sequer se percebe a existência, em Brasília, de um projeto com objetivos claros de crescimento, de reconfiguração produtiva e de fortalecimento estrutural da economia brasileira.

Estadão
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