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'É bom se acostumar com o câmbio mais alto por um bom tempo', diz Guedes

Em Washington, ministro da Economia afirmou que a valorização da moeda americana, que atingiu a marca recorde de R$ 4,21, é reflexo de uma nova política econômica

26 nov 2019 - 07h53
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WASHINGTON - O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta segunda-feira, 25, não estar preocupado com o dólar acima de R$ 4,20 e que o patamar da moeda deve se manter assim. "É bom se acostumar com o câmbio mais alto e juro mais baixo por um bom tempo", afirmou, em visita a Washington, onde participou do Fórum de CEOs Brasil-EUA, com a participação de altos executivos de empresas que atuam nos dois países.

Ele afirmou que o dólar em um patamar mais alto é reflexo de uma nova política econômica, que tem juro de equilíbrio mais baixo e câmbio neutro mais elevado - o que, segundo Guedes, ainda precisa ser absorvido pela sociedade.

O dólar fechou nesta segunda em nova máxima histórica, a R$ 4,2145. A moeda subiu 0,52% no dia e já acumula valorização de 5,12% em novembro. "O dólar está alto? Problema nenhum, zero", disse o ministro. "Eu não estou preocupado com a alta do dólar. Ao contrário. Achei um desenvolvimento interessante e absolutamente compreensível quando você pega os juros. Os juros reais do Brasil estão abaixo de 2%. Inflação descendo, os juros descendo junto."

De acordo com Guedes, o câmbio vai se valorizar se ingressarem mais investimentos no Brasil. Questionado se o patamar acima de R$ 4,20 é confortável para o País, ele afirmou que isso é a "economia" quem irá responder. "A beleza de você ter uma economia de mercado é essa. O Brasil tem uma moeda interessante, caminhando para a conversibilidade, uma moeda forte, e a cotação dela às vezes varia", disse.

Guedes defendeu que há sinais de recuperação econômica no País e desemprego caindo. "Os sinais da economia estão todos melhorando", disse.

Entrada na OCDE

Segundo o ministro, os juros baixos e o câmbio em patamar mais elevado reduzem o interesse de investidores de curto prazo no País. "O financista que ganhava dinheiro no diferencial de juros não faz falta para nós", disse. "O Brasil é uma economia continental e é a quarta a absorver investimentos diretos, que são muito importantes."

Ele destacou ainda que autoridades de primeiro escalão do governo americano, como o Secretário do Comércio, Wilbur Ross, e Larry Kudlow, diretor do Conselho Econômico Nacional, reconhecem as reformas estruturais que o País adotou. "Eles disseram na reunião de hoje: 'O Brasil está voltando'", disse.

De acordo com Guedes, Ross reafirmou o compromisso do governo americano de ajudar o Brasil a ingressar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O ministro destacou, que quando o presidente Jair Bolsonaro foi eleito, os Estados Unidos já tinham assumido o compromisso de apoiar a Argentina para ingressar na OCDE.

"Os EUA nos deram uma senha para entrar na OCDE. Somos o primeiro da fila e pode ser que ocorra no ano que vem", comentou Guedes.

Questionado se a guerra comercial entre China e Estados Unidos poderia interferir na economia do Brasil, ele afirmou que o País estava distante do relacionamento entre as duas potências havia 30 anos. "O Brasil estava fora da festa. Agora queremos beijar os EUA e a China e participar dela com ambos", comentou Guedes. "Não devemos nos envolver com a guerra comercial entre estes países, e queremos elevar o fluxo do comércio com estes países."

Para o ministro, mesmo que o contencioso comercial entre os EUA e a China colabore para desacelerar a economia mundial, tal fato não será um problema sério para o Brasil. "Nós vamos crescer mais. Temos dinâmica interna. O Brasil é um país fechado e o comércio é uma parte pequena do PIB."

Estadão
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