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Dólar fecha acima de R$ 2,92 pela 1ª vez em mais de dez anos

A divisa dos Estados Unidos subiu 1,14%, a R$ 2,9280 na venda, a máxima da sessão e o maior nível de fechamento desde 2 de setembro de 2004

3 mar 2015 - 18h30
(atualizado às 18h30)
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<p>O mercado não tem informações novas, mas há muita especulação, disse o economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank, Jankiel Santos</p>
O mercado não tem informações novas, mas há muita especulação, disse o economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank, Jankiel Santos
Foto: Eric Thayer / Reuters

O dólar fechou acima de R$ 2,92 pela primeira vez em mais de dez anos nesta terça-feira (3), reagindo a persistentes preocupações com os fundamentos da economia brasileira e com investidores testando a tolerância do Banco Central ao fortalecimento da moeda americana.

A divisa dos Estados Unidos subiu 1,14%, a R$ 2,9280 na venda, a máxima da sessão e o maior nível de fechamento desde 2 de setembro de 2004, quando foi a R$ 2,940. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,4 bilhão (aproximadamente R$ 4,7 bilhões).

Na reta final da sessão, a moeda americana ampliou os ganhos, em meio a especulações sobre a lista preparada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) com os políticos envolvidos na operação Lava-Jato a ser enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo o operador da corretora Correparti, João Paulo de Gracia Correa, qualquer "alívio sobre o real tende a ser pontual, uma vez que a situação econômica e política do Brasil gera muita insegurança entre os investidores locais e estrangeiros, com potencial de uma reversão de trajetória e volatilidade nos mercados internos".

Ele ressaltou ainda que a comunicação recente do governo tem levantado dúvidas sobre o futuro das intervenções diárias no câmbio, marcadas para durar pelo menos até o fim deste mês. Nesse contexto, investidores elevavam as cotações do dólar para buscar mais pistas sobre qual será a postura do Banco Central.

Investidores têm mostrado menor apetite por ativos brasileiros diante da perspectiva de que, mesmo se o ajuste for bem-sucedido em resgatar a credibilidade da política fiscal, a inflação no Brasil deve fechar 2015 acima de 7% e o país deve mostrar contração econômica.

Petrobras ajuda na alta

O escândalo de corrupção na Petrobras investigado pela Operação Lava-Jato também contribuiu para o menor apetite por ativos brasileiros. A previsão é que a PGR enviará ao STF pedidos de abertura de inquérito ou denúncias contra políticos envolvidos na operação entre terça e quarta-feira.

"O mercado não tem informações novas, mas há muita especulação", disse o economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank, Jankiel Santos.

No caso do câmbio, essa pressão tem sido corroborada ainda por ruídos sobre a intervenção do BC. A autoridade monetária sinalizou que deve rolar perto de 80% do lote de swaps cambiais que vencem em 1º de abril, equivalente a uma posição vendida de US$ 9,964. Nos últimos meses, o BC vinha fazendo rolagens integrais.

Contando com o leilão de swaps para rolagem desta sessão, em que a autoridade monetária vendeu a oferta integral, cerca de 7% do lote de abril já foram rolados.

Segundo analistas, à medida que o mês se aproximar do fim, investidores devem pressionar cada vez mais a autoridade monetária a se posicionar sobre o futuro do programa de ofertas diárias.

"Já tem gente se preparando para (a cotação de) R$ 3", disse o operador de um importante banco nacional.

Nesta manhã, o BC também deu continuidade às intervenções diárias vendendo a oferta total de até 2 mil swaps, com volume correspondente a US$ 98,3 milhões. Foram vendidos 1.400 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 600 para 1º de fevereiro de 2016.

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