Firing Festival? Unicórnio Hotmart demite 12% de sua equipe
Um mês depois de seu grande evento anual, Hotmart demitiu cerca de 227 colaboradores, alegando volatilidade no mercado de tecnologia
Um mês atrás, nós do Startups estávamos em Belo Horizonte acompanhando o Fire Festival, evento presencial da Hotmart que reuniu cerca de 6 mil pessoas e celebrou o momento de crescimento da economia criativa no país - e também da própria, Hotmart, é claro. Corta para um mês depois e a empresa acaba de entrar para o rol de empresas promovendo ondas pesadas de demissão: 227 colaboradores foram dispensados esta semana.
A informação foi confirmada pelo próprio CEO da martech, João Pedro Resende, em nota no site oficial da companhia. "São profissionais que nos ajudaram muito em nossa jornada, e aos quais somos muito gratos", lamentou o executivo na nota, sem dar mais detalhes sobre quais foram as áreas mais afetadas. Uma lista com quase 90 nomes e contatos de profissionais de diversas áreas está circulando desde ontem.
"Algumas terão suas atividades descontinuadas, outras terão um escopo menor e mais focado nos objetivos que entregam valor de forma mais alinhada com a nova estratégia", pontuou o executivo na nota.
Mas e as explicações para a decisão? Segundo João Pedro, a mudança se deu em função do aumento da volatilidade do mercado. "Os números acabaram oscilando fortemente e em muito pouco tempo", afirmou o CEO.
Na carta, João acabou fazendo um "mea culpa" pelas decisões equivocadas do negócio. "A realidade é que o crescimento que esperávamos no pós-pandemia, e a expansão interna da operação, não aconteceram no mesmo ritmo. Em outras palavras, a eficiência operacional caiu. Eu assumo total responsabilidade por isso", afirmou João no comunicado.
Para amenizar o baque dos cortes, a empresa destacou que está "fazendo o possível para amenizar o impacto" para os funcionários dispensados. Segundo a Hotmart eles deverão receber não apenas seus direitos legais, mas também uma "compensação adicional", que não foi especificada.
Quanto ao futuro da Hotmart, João destacou que a reestruturação colocará a Hotmart em um caminho de maior maturidade operacional e em uma "posição estratégica mais favorável". "O maior foco na execução nos ajudará a entregarmos mais rápido as melhores soluções para nossos clientes crescerem seus negócios e alcançarem seus objetivos", complementou o executivo.
Estratégias de crescimento
Ao conversar com a reportagem do Startups durante o Fire Festival 2022, a Hotmart colocou como um de seus principais motes o plano de evoluir seus serviços junto com o mercado de produção e conteúdo. Para isso, a empresa investiu na expansão de seus serviços, além da ferramenta de distribuição de conteúdo pela qual ela fez o seu nome na última década.
Inclusive, para crescer, a companhia foi às compras. Em 2020 a empresa comprou três empresas: a plataforma americana de e-learning Teachable, a startup de soluções para landing pages Klickpages e a Wollo, de soluções para monetização de infoprodutos. Este ano ela comprou a eNotas, companhia que oferece soluções para emissão automática de notas fiscais eletrônicas.
Além do crescimento inorgânico, a empresa conquistou o mercado, atraindo rodadas generosas. Isso culminou no ano passado, quando levantou uma série C de US$ 130 milhões em uma série C liderada pelo fundo TCV, do Vale do Silício, com a participação da Alkeon.
No final do dia, os layoffs da Hotmart se alinham com outras startups que se perderam no percurso de crescimento estimulado por um mercado empolgado, e que teve seu reality check no desafiador cenário econômico de 2022. A lista de nomes é grande, e vai de proptechs badaladas como Loft e QuintoAndar, a players dos mais variados setores, incluindo outros unicórnios como MadeiraMadeira, Daki e Facily.