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Hábito perigoso: compras por apps podem se tornar um problema

Compras por aplicativos que têm preços muito baixos e ofertas infinitas podem acabar se tornando um problema financeiro e de saúde mental.

6 jun 2022 - 05h00
(atualizado em 7/6/2022 às 13h59)
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Foto: Adobe Stock

Abrir o aplicativo no final do dia fazia parte da rotina, no momento de relaxamento, antes de dormir. Esse era o hábito de Natália Guimarães, 26, ao usar o aplicativo de compras na loja Shopee. Ela tinha o aplicativo baixado já antes da pandemia de Covid-19, mas conta que começou a usar mesmo no início da pandemia. Nos últimos anos, principalmente com a pandemia, muitas pessoas passaram a comprar online por meio de aplicativos de lojas. Para algumas, como Natália, o hábito se tornou um problema.

A designer gráfica conta que acendeu um alerta de que as compras estavam fora de controle ao notar que estava ficando com pouco espaço para os novos itens na sua casa, mas, “ao invés de pensar em comprar menos, eu comecei a pensar em comprar opções de armazenamento, como mais prateleiras e caixas organizadoras”.

Natália chegou a desinstalar o aplicativo do celular algumas vezes, mas acabava baixando novamente. “O baque mesmo foi quando eu comprei um item e descobri que já tinha ele em casa, só nunca tinha aberto”. 

Então, Natalia percebeu que tinha um problema e procurou ajuda. Para quem tem compulsão por compras, ter uma plataforma que permite comprar 24h por dia, acessível na mão o tempo todo, pode ser uma cilada.

Muitas pessoas conseguem usar os aplicativos de compra com moderação, após comparar preços, como relata a estudante de direito Natalie Orsi: “Hoje em dia saio, entro numa loja, vejo o preço da coisa e às vezes na loja mesmo já comparo com o preço da shopee e na maioria das vezes o preço da shopee é mais em conta, então se não for algo urgente, eu prefiro comprar por lá e esperar”.

Mas, em conversas com usuárias dos aplicativos, muitas também relatam que, apesar de encontrar preços mais baratos, acabam consumindo mais. Ou avaliam que é difícil manter o controle de gastos nos aplicativos. A psicologia econômica tem uma explicação para isso.

O economista comportamental e educador financeiro Antonio Matheus Sá conta que esse sentimento de que a pessoa compra mais online do que se fosse presencialmente é explicado por uma abordagem científica que chamada de “Nudge”.

Como o nudge funciona: “Sabemos, com base em vários estudos, que o ambiente de escolha impacta muito na decisão feita pelo consumidor. Um dos principais ‘Nudges’, por exemplo, é o da simplicidade e facilidade. Enquanto o ambiente físico você precisa encarar uma fila, pagar no caixa, pagar no cartão ou dinheiro, carregar as compras até sua casa, no ambiente virtual está tudo apenas a um clique”, explica o especialista.

Então, se quiser usar a psicologia econômica a seu favor, Sá deixa a dica: “Ao cadastrarmos nosso cartão no aplicativo estamos deixando a nossa compra mais simples e fácil. Isso é ruim? Se o seu desejo é economizar dinheiro, então provavelmente é ruim.”

Para muitas pessoas o problema pode começar quando, além de entrar no aplicativo apenas para compras, se abre a ferramenta como um jogo ou passatempo, colocando produtos no carrinho só pela diversão de fazer isso. Para Antonio Matheus Sá, o comportamento pode ser perigoso: “Se a pessoa que faz isso não possui um grande controle e uma grande disciplina sobre seu comportamento isso pode aumentar a chance de compras por impulso, diz”

O especialista explica por que isso é arriscado: “Na situação em que você está no ambiente de compras, independente de ser físico ou virtual, se você monta o seu carrinho, prova a roupa, se você toca do produto, o seu cérebro pode acabar considerando aquilo como já sendo seu. Esse é o problema. Ao ter em sua posse todos aqueles produtos a tendência é que fique mais difícil para o seu cérebro aceitar que você se desfaça deles. Na economia comportamental o conceito que explica isso é o de aversão a perdas, onde é observado que as pessoas sofrem o maior impacto com as perdas do que com os ganhos. Por isso essa é uma estratégia de alto risco”.

Para quem já percebeu que tem um problema com as compras, o indicado é procurar terapia ou conversar com as pessoas próximas. Natália, que estava comprometendo mais do orçamento do que poderia com compras impulsivas, conta que atualmente está fazendo terapia e isso a está ajudando a resolver o problema: “Começamos mexendo principalmente no que me fez comprar certas coisas no passado, e atualmente estamos com técnicas para reduzir as compras impulsivas”.

Redação Dinheiro em Dia
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