Crise no INSS: como fugir de armadilhas em crédito consignado
A concessão de crédito consignado pelo INSS tem sido alvo de fraudes, especialmente contra idosos; é crucial adotar medidas como pesquisa, cuidado com dados pessoais e atenção ao contrato para evitar golpes.
A vulnerabilidade financeira de milhões de brasileiros, especialmente aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social, o INSS, acendeu um alerta no país. Com o aumento da concessão de crédito consignado, cresce também o número de golpes e tentativas de fraude, explorando a desinformação e a necessidade de grupos mais fragilizados.
Dados recentes da Serasa Experian evidenciam a gravidade do cenário: o Brasil testemunhou 6,9 milhões de tentativas de fraude no último ano, um crescimento de 29,5% em comparação ao período anterior. Instituições financeiras, como bancos e emissores de cartões, concentraram mais da metade destes casos, atingindo 53,7% do total. Os idosos, em particular, tornaram-se o alvo preferencial. Pesquisas indicam que 57% das pessoas com mais de 50 anos afirmam já terem sido vítimas de algum tipo de golpe financeiro, com destaque para as fraudes relacionadas a empréstimos consignados.
O crédito consignado, por ter as parcelas descontadas diretamente do benefício, representa um risco menor de inadimplência para as instituições, resultando em taxas de juros mais atrativas em comparação com outras modalidades de crédito pessoal. Essa característica, no entanto, é frequentemente explorada por golpistas que se aproveitam da praticidade para induzir a contratações indevidas ou fraudulentas.
Para evitar cair nessas armadilhas e garantir uma contratação segura e consciente, é fundamental que o beneficiário adote uma postura cautelosa e informada. A seguir, confira boas práticas essenciais para se proteger no momento de considerar um empréstimo consignado.
Primeiramente, a palavra chave é pesquisa. Antes de assinar qualquer documento ou contrato, o beneficiário deve comparar as taxas de juros, o Custo Efetivo Total, o CET, e as condições oferecidas por diversas instituições financeiras. O INSS disponibiliza em seu site oficial uma lista das taxas máximas praticadas, o que serve como um balizador para saber se a proposta recebida é justa e está dentro dos limites regulamentados. Desconfie de ofertas que prometem juros muito abaixo do mercado, pois podem ser indício de fraude ou de condições abusivas ocultas.
Em segundo lugar, jamais compartilhe dados pessoais, senhas ou informações bancárias por telefone, email ou aplicativos de mensagens. Instituições financeiras sérias e o próprio INSS não solicitam esses dados de forma proativa por esses canais. Os golpistas frequentemente se passam por atendentes de bancos ou representantes do instituto para obter acesso a informações sigilosas. Em caso de dúvida sobre a veracidade de um contato, desligue e ligue para os canais oficiais da instituição.
E tenha atenção redobrada à formalização do contrato. É imprescindível que o beneficiário leia integralmente o contrato antes de assiná-lo. Verifique o valor total do empréstimo, o número de parcelas, a taxa de juros e o valor exato da parcela mensal que será descontada. Se houver cláusulas que geram dúvida ou que não foram explicadas com clareza, não assine e procure ajuda de um advogado ou de um familiar de confiança.
Muitos golpes envolvem a liberação de valores na conta do beneficiário sem sua autorização prévia. É vital monitorar de perto o extrato do benefício. Caso identifique um depósito ou um desconto de empréstimo não solicitado ou não autorizado, a vítima deve entrar em contato imediatamente com o INSS, por meio dos canais oficiais como o aplicativo Meu INSS ou a central de atendimento 135, para registrar a reclamação e solicitar o bloqueio. O bloqueio cautelar do benefício pode ser ativado a qualquer momento, prevenindo a contratação de qualquer empréstimo consignado por 90 dias.
Por fim, é crucial saber que o beneficiário tem o direito de arrependimento. Após a assinatura do contrato, há um prazo de sete dias para desistir da contratação. Esta é uma garantia prevista pelo Código de Defesa do Consumidor. Caso haja o arrependimento dentro deste período, o valor integral deve ser devolvido, e o contrato desfeito.
A educação financeira e a desconfiança em relação a propostas excessivamente vantajosas são as melhores ferramentas de proteção contra fraudes. Ao seguir estas boas práticas, o beneficiário do INSS eleva sua segurança e minimiza significativamente o risco de se tornar mais uma vítima na crise do crédito consignado.
(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.
