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Como os campeões de produtividade no campo transformam o agronegócio no Brasil

Pioneiros e herdeiros comandam fazendas inovadoras que batem recordes de rendimento e consolidam o País entre as maiores potências agrícolas do mundo

29 out 2025 - 10h41
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Longe dos gigantes da soja do Centro-Oeste, o produtor Charles Breda, de Santa Catarina, alcançou o maior índice de produtividade do País. Em 2024, sua fazenda, a Agro Mallon, venceu o desafio nacional do Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb) com 135,49 sacas por hectare, mais que o dobro da média nacional de 60,3, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). "Há dois anos, tínhamos média de 75 sacas por hectare. A alta performance vem dos investimentos em tecnologia e manejo", diz o consultor Leandro Barcelos.

O resultado foi alcançado em cultura de sequeiro, sem irrigação. "A terra é o maior ativo do produtor. O solo deve ser o bem mais precioso e bem cuidado. Eu e minha equipe fazemos tudo com amor e não medimos esforços para fazer bem feito", diz Breda. O aumento da microbiologia do solo, iniciado em 2021, permitiu que a soja resistisse até 15 dias de veranico — período de calor e estiagem. "Aqui a gente cava o solo e encontra minhoca", conta orgulhoso.

Enquanto os maiores produtores se destacam pelo volume total colhido, os mais produtivos se sobressaem pelo rendimento por hectare. Eles não figuram entre os maiores em área plantada, mas lideram a vanguarda da produção. Suas fazendas são referência em eficiência e inovação, com técnicas avançadas de manejo, nutrição do solo e integração de culturas. Essa combinação de ciência e prática no campo tem elevado a produtividade das lavouras.

O valor do solo

Em Palmeiras das Missões (RS), Dimas Binsfeld colheu o triplo da média nacional e se tornou campeão em produtividade de milho irrigado no concurso do Grupo de Estratégias e Tecnologias para Alta Produtividade (Getap). Foram 343,1 sacas por hectare, ante 106,5 sacas na média brasileira. Ele atribui o resultado ao uso de sementes de alta performance, análises detalhadas do solo, nutrição personalizada, monitoramento e irrigação sob medida. São práticas que, segundo Binsfeld, "transformaram o potencial da lavoura em resultado de verdade".

Outro campeão de produtividade, Karl Milla, um dos filhos do patriarca Ernest Milla, de origem austríaca, conta que o pai, falecido em 2021, deixou como legado o cuidado com o solo. À frente da Ernest Milla Agrícola, em Candói (PR), a família alcançou o melhor resultado nacional no milho sequeiro, com 330,9 sacas por hectare. "A grande lição que nosso pai nos deixou é construir a poupança do solo. Olhar para a vida do solo é olhar para o futuro do agro. Nossa produtividade é fruto de gerações e do trabalho em equipe, investindo na saúde e no equilíbrio do solo. É uma construção de décadas."

A arte da produção

Renato Bürgel costuma dizer que produzir uma boa fibra de algodão "é quase uma arte". Ao lado dos irmãos Rogério e Rudnei, ele comanda, no Mato Grosso do Sul, a produção, reconhecida pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) como uma das mais eficientes do País. Na safra 2024/2025, os três colheram média de 419 arrobas por hectare, resultado bem acima das médias estadual e nacional.

Quando começaram, em 1998, a produção era de 180 a 200 arrobas por hectare. O salto veio com investimentos em sementes melhoradas, plantio direto, adubação balanceada e manejo integrado de pragas. Após a safrinha do milho, o trio prepara o solo com nabo forrageiro e faz todo o ciclo produtivo, do plantio à colheita e ao beneficiamento. "Buscamos motivar todas as pessoas envolvidas na produção. Isso explica o resultado: uma fibra de altíssima qualidade e padrão internacional, exportada para qualquer país do mundo", diz Renato.

Os maiores

A história de André Antonio Maggi, que saiu do Paraná rumo a Mato Grosso, deu origem a três grupos familiares entre os maiores do agronegócio brasileiro: Amaggi, Bom Futuro e Scheffer. Juntos, cultivam 12.750 km², o equivalente a mais da metade de Sergipe, produzem mais de 4 milhões de toneladas de soja e milho, volume comparável ao do Uruguai.

A Amaggi já foi o maior produtor mundial de soja e hoje lidera a comercialização de grãos. Em 2024, produziu 1,3 milhão de toneladas e negociou 19 milhões em parceria com 6 mil agricultores, além de empregar 9,6 mil pessoas. O Grupo Scheffer é referência em agricultura regenerativa, com 236 mil hectares, e produção próxima de 1 milhão de toneladas de grãos e algodão.

O Grupo Bom Futuro é o maior produtor de soja do País e também figura entre os líderes em milho e algodão. Na última safra, colheu 1,2 milhão de toneladas de soja e 800 mil de milho. Investe ainda em integração lavoura-pecuária, com cerca de 104 mil cabeças abatidas por ano, e mantém um aeroporto próprio em Cuiabá, conhecido como o "aeroporto do agro". Fora da família Maggi, a gaúcha SLC Agrícola disputa a liderança nacional com 660 mil hectares em sete estados e mais de 2,4 milhões de toneladas produzidas em 2024.

Estadão
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