Com IPVA mais caro, vale a pena ter um carro por assinatura?
Entenda como funciona o serviço de assinatura de um carro ― que é diferente de aluguel des veículos
Quem tem um automóvel já sabe o peso que o IPVA traz todo início de ano. Como em 2023 ele ficou mais caro de novo, muita gente já começa a procurar opções diferentes para ter um automóvel. E a assinatura de carros tornou-se uma opção atraente.
Como manter um carro é um dos três maiores gastos anuais de 63% dos lares brasileiros, segundo estudo da Serasa em parceria com o instituto Opinion Box em dezembro de 2022, a busca por uma opção mais econômica acaba se tornando atraente para os motoristas.
Os carros por assinatura são uma modalidade nova no setor de locação de veículos, mas já possuem uma boa aceitação. Segundo a Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA), a frota das empresas de locação destinada ao carro por assinatura cresceu 20,8%, entre janeiro e outubro de 2022.
“Como uma espécie de streaming, você assina o veículo por tempo determinado, sem se preocupar com revisões, seguro, documentação, tributos, manutenção, financiamento e possíveis desafios na hora de revender o automóvel”, explica Leonardo Balestrassi, diretor de negócios da V1, plataforma do Grupo Águia Branca para mobilidade urbana que atua em locação e assinatura de carros 100% digital.
As diferenças entre assinatura e aluguel de veículo
No formato de negócio de carro por assinatura, em vez de adquirir um veículo próprio, o cliente assina o carro por até 24 meses. A modalidade é baseada no conceito de "uso" e não de "posse", com a vantagem de dirigir apenas carros 0 km.
“Diferente da modalidade de locação, o carro contratado na assinatura será sempre zero quilômetro”, explica Balestrassi. “Essa é uma das principais diferenças da assinatura: garantir um veículo zero quilômetro, já que é possível trocar e circular com um novo modelo.”
Além da possibilidade de garantir um modelo mais atual, o cliente não precisará se preocupar em investir em um veículo próprio que irá depreciar com o passar do tempo.
“O índice de desvalorização é o ritmo no qual um automóvel perde valor com o tempo. Existem duas formas de cálculo para avaliar a depreciação do carro: a primeira, com base na média de mercado do automóvel, por meio da Tabela Fipe. Neste caso, basta analisar os valores ano a ano a fim de chegar ao índice de desvalorização. Ou é possível usar o sistema da Receita Federal, que divulga um método para calcular o índice de depreciação contábil de um carro”, complementa ele.
Vale mais a pena investir em uma assinatura?
Se colocar tudo na ponta do lápis, o valor pago mensalmente pelo cliente é único, sem arcar com IPVA, licenciamento, seguro, depreciação, custo de manutenção e troca de pneus, revenda, emplacamento e impostos.
É preciso considerar que o valor que se paga ao comprar um carro é apenas a ponta do iceberg. É preciso considerar também manutenção, estacionamento, impostos, seguro, revisões, emplacamento e licenciamento.
“Além dos custos habituais na compra e preservação de um automóvel, vale lembrar que um item que preocupa quem decide comprar carros 0 km é a desvalorização. A desvalorização se refere à redução do valor de um veículo com o passar do tempo, principalmente nos três primeiros anos após a fabricação”, diz Guilherme Marques Moura, doutor em Desenvolvimento Econômico e professor da Escola de Negócios da Universidade Positivo.
“Exemplificando, com uma SUV como o T-Cross, que é um modelo visado atualmente e, estimando uma desvalorização média de 15% ao ano, podemos calcular uma depreciação anual de R$ 21 mil. Já o Mobi, modelo da Fiat mais acessível que custa em torno de R$ 67 mil, desvaloriza, em média, R$ 10 mil ao ano”, completa ele.
“No caso da compra do carro zero km, custo de oportunidade indica outras coisas que poderíamos fazer com o dinheiro. Por exemplo, o consumidor poderia utilizar o capital para dar entrada em uma casa, realizar uma viagem, reformar a casa, dentre outros. Seja o caso do modelo T-Cross que está hoje R$ 141 mil, o cliente pode optar por um carro por assinatura e investir o valor em algum produto financeiro. Admitindo um investimento em um Certificado de Depósito Bancário de 14% a.a., taxa pouco arriscada e com retorno bem comum, poderia ser obtido um retorno de R$ 1.364,92/mês, ou R$ 16.379,06/ano”, finaliza Moura.