Bovespa cai à mínima em dois meses após ata do Copom
A Bolsa de Valores de São Paulo operava perto dos menores níveis em dois meses, em meio à desconfiança de parte do mercado com o combate à inflação e após notícias corporativas ruins. Às 12h03 o Ibovespa, principal índice de ações brasileira caía 1,38%, a 65.348 pontos. A mínima do dia, a 65.139 pontos, foi o menor patamar desde fevereiro. O giro financeiro do pregão era de R$ 2,67 bilhões.
O movimento era generalizado e atingia ações de praticamente todos os setores. Os nove papéis com maior volume dentro do Ibovespa caíam, ações preferenciais (PN) Vale em baixa de 0,43%, a R$ 46,07, e Petrobras PN em queda de 1,40%, a R$ 25,38.
OGX Petróleo, às voltas com o mau humor do mercado desde que divulgou em 15 de abril um relatório sobre reservas, despencava 5,92%, a R$ 15,42.
A queda do Ibovespa acontecia a despeito do comportamento de Nova York, onde os índices Standard & Poor's 500 e Dow Jones se mantinham perto da estabilidade. Para analistas, o desconforto dos investidores com a estratégia gradualista do governo para combater a inflação pode ser responsável pelo aumento da aversão a risco.
"Essa questão da inflação, essa dificuldade de comunicação do Banco Central (BC), tudo isso está dando um pouco de mau humor no mercado", disse José Góes, analista econômico da Win Trade, home broker da Alpes Corretora.
"O mercado está fraco em todos os segmentos. A sensação que eu tenho é que a deterioração no sentimento local e global está afetando fortemente a procura por ações, especialmente por parte dos estrangeiros", afirmou Debora Morsch, sócia diretora da corretora Solidus. "Uma preocupação é que as expectativas de inflação não conseguem ser ancoradas e isso gera uma incerteza", completou.
Pela manhã, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) mostrou que, para o Banco Central, o aperto monetário deve ser "suficientemente prolongado". A expressão indicou ao mercado que a autoridade monetária prefere distribuir o aumento dos juros em várias reuniões, com elevações de intensidade menor.
A safra de balanços também colaborava para o tom negativo. As ações preferenciais PNA da siderúrgica Usiminas caía 2,93%, a R$ 16,21, após divulgar um lucro trimestral de apenas R$ 16 milhões.
Natura recuava 3,15%, a R$ 43,34, após divulgar lucro líquido de R$ 150,5 milhões no primeiro trimestre. Redecard era uma das poucas que destoava das quedas, com alta de 4,43%, a R$ 23,55. A empresa teve lucro líquido de US$ 281,3 milhões.