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Bolsa fecha em alta de 1,3% com recuperação de ações da Petrobrás

No mercado de câmbio, porém, a cautela com a tramitação da reforma da Previdência prevaleceu e o dólar subiu a R$ 3,90

16 abr 2019 - 14h10
(atualizado às 18h26)
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A aposta de que o governo conseguirá contornar o impasse na política de preços do diesel abriu caminho para uma firme recuperação das ações da Petrobrás nesta terça-feira, 16, com reflexo direto no índice Bovespa. A melhora do humor teve como fundamento o anúncio de medidas para o setor rodoviário e a expectativa de que novas providências pudessem ser anunciadas após a reunião de integrantes do governo com técnicos da estatal. Ao fim do pregão, o Ibovespa marcou 94.333,31 pontos, com alta de 1,34%.

A valorização do Ibovespa foi mantida mesmo na contramão dos mercados de câmbio e juros, onde a cautela com a tramitação da reforma da Previdência prevaleceu. O dólar à vista terminou o dia em alta de 0,88%, a R$ 3,9023, o maior nível desde 29 de março.

Bolsa

As bolsas de Nova York tiveram desempenho fraco e também não foram firme referência positiva para os negócios na Bolsa. Por outro lado, a alta dos preços das commodities foi o fator externo positivo, ajudando a alavancar as ações da Petrobrás e de papéis de mineração e siderurgia.

Em entrevista coletiva pela manhã, o governo anunciou um pacote de medidas para beneficiar os caminhoneiros, de forma a afastar o risco de uma greve. Entre as medidas anunciadas estão a concessão de uma linha de crédito específica a caminhoneiros autônomos de até R$ 30 mil no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a liberação de R$ 2 bilhões para conclusão de obras e manutenção de rodovias.

As ações da Petrobrás reagiram com alta firme, apagando parte das perdas de sexta-feira, quando chegaram a perder mais de 8%. Ao final do pregão, os papéis ON e PN subiram 3,57% e 3,05%.

Para Rafael Bevilacqua, estrategista da Levante Ideias de Investimento, apesar de o episódio da suspensão do reajuste do diesel ter causado mal-estar no mercado, a aposta é de que nova interferência governamental não será necessária, à medida que houver reação na economia. "Havendo melhora da economia e redução da ociosidade, haverá também melhora das condições de trabalho para os caminhoneiros", afirma o estrategista.

Na análise por ações, outro destaque do dia foi Vale ON, que subiu 3,45%, em boa parte apoiada na alta dos preços do minério de ferro. Além disso, o papel refletiu decisão judicial em Minas Gerais que autorizou a companhia a retomar a operação de sua mina Brucutu, paralisada em fevereiro, após a tragédia em Brumadinho. Também foram destaque de alta as ações de outras empresas estatais, refletindo melhora da percepção de risco político. Banco do Brasil ON subiu 2,07% e Eletrobras PNB avançou 0,68%.

Dólar

O dólar voltou a superar os R$ 3,90 nesta terça-feira, pressionado pela valorização da moeda americana no exterior - perante moedas fortes, como o euro e a libra, e ante divisas pares do real, como o peso mexicano, o colombiano e o argentino - e pelas dificuldades da tramitação da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Em mais um dia de discussões entre os deputados, nada ainda foi decidido e cresce a chance de a votação da admissibilidade ficar mesmo para depois do feriado de Páscoa. O dólar à vista terminou o dia em alta de 0,88%, a R$ 3,9023, o maior nível desde 29 de março.

A líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) tentou na tarde desta terça acelerar os discursos dos deputados na CCJ para tentar votar a admissibilidade nesta quarta-feira, mas ainda sem sucesso. Já o deputado tucano Carlos Sampaio (PSDB-SP) criticou esta tarde a falta de articulação do governo. "É zero", disse ele.

Para o gerente de operações da B&T Corretora, Marcos Trabbold, o dólar está atrelado ao que anda acontecendo na CCJ e, enquanto não se clarear a questão de como vai ficar a votação da Previdência, a moeda vai operar pressionada. Inicialmente, a avaliação era de que a tramitação da Previdência na CCJ seria a etapa mais fácil na tramitação, mas a prática está mostrando que está sendo difícil.

Em meio ao impasse sobre os rumos da Previdência na CCJ, dois bancos norte-americanos, o Bank of America Merrill Lynch e o Citi, divulgaram pesquisas mostrando que os investidores ficaram mais pessimistas com as perspectivas da reforma. O Citi ouviu clientes e constatou uma redução no porcentual dos que esperam que o governo consiga economia fiscal superior a R$ 750 bilhões com a reforma em 10 anos, de 31% em março para 8% em abril.

Ao mesmo tempo, subiu o número dos que esperam uma economia abaixo de R$ 500 bilhões, de 9% para 28% em abril. Apesar desse maior ceticismo, o Citi mantém a visão de que a reforma deve ser aprovada na Câmara no terceiro trimestre e no Senado no quarto período de 2019, com economia de R$ 500 bilhões.

Já a pesquisa do Bank of America mostra que os investidores estão prevendo dólar mais valorizado aqui, em meio ao aumento da incerteza sobre a Previdência: 40% dos ouvidos este mês na pesquisa com gestores veem o dólar entre R$ 3,60 a R$ 3,80 no final do ano, ante 46% em março. No mês anterior, 35% dos gestores viam o dólar com chance de terminar o ano abaixo de R$ 3,60, porcentual que caiu para 15% este mês. O levantamento mostra ainda que agora mais investidores (de 18% em março para 43% este mês) acreditam que a economia fiscal ficará em R$ 500 bilhões do que em R$ 700 bilhões (que caiu de 60% para 41%).

Estadão
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