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Um novo olhar: Os desafios de uma jovem com deficiência visual

A série "Estudantes na Alma Preta" traz as histórias de jovens da rede estadual de ensino da Bahia narradas a partir da perspectiva deles

20 dez 2021 - 16h21
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Foto: Imagem: Alma Preta Jornalismo / Alma Preta

Às vezes eu me pego pensando onde estou hoje e quantas coisas já passei. A conclusão que eu chego é que por ter deficiência visual os obstáculos sempre serão constantes. Se você olhar ao seu redor, quase não verá pessoas com deficiência visual nos lugares públicos. Eu faço parte da minoria que sempre está nas ruas, supermercados, shoppings, e o fundamental é ter uma família que apoia e entende que ser deficiente não é um bicho de sete cabeças, pois somos pessoas normais. Gosto de viver a vida como qualquer outra pessoa.

É andando pelas ruas que percebo como os lugares são inacessíveis. Um dia desse estava andando pelas ruas com minha bengala e por pouco não a quebrei, pois ela acabou se enganchando em um buraco de asfalto. É a realidade de todo o Brasil.

Não são só as ruas que precisam ser melhoradas. As pessoas devem entender que alguém com deficiência pode ter sua própria independência, ainda que saibamos que tem coisas que precisamos de ajuda, mesmo assim somos capazes.

Minha infância foi marcada por desafios. Entrei um pouco tarde na escola e por isso era sempre a aluna mais velha da sala, mas isso não me desanimou, ao contrário, me motivou a continuar lutando. Depois de ser alfabetizada em uma escola particular, fui estudar na escola mais falada do Rio de Janeiro.

Foi lá no Benjamim Constant que aprendi muitas coisas e fiz amigos para levar a vida toda. Por alguns motivos, vim morar na Bahia. Foi aqui que eu coloquei em prática o que aprendi e vivi coisas inesperadas.

Descobri que escolas públicas são despreparadas para receber esse público, mas eles têm força de vontade de ajudar, por muitas vezes fiz provas orais e colegas ditavam as atividades para mim. Uma professora do ensino fundamental me ensinou que sempre devemos nos reinventar e foi assim que eu comecei a usar a tecnologia ao meu favor na sala de aula.

Ionei é a professora que eu posso destacar. Até agora ela foi umas das pessoas que sempre esteve ao meu lado e foi quem me ensinou a usar a bengala. Meus sonhos são construir uma família, fazer uma faculdade, trabalhar e viajar para conhecer novos lugares.

Sobre a autora: Sara Almeida Carvalho é uma jovem de 23 anos, moradora de Feira de Santana, na Bahia, e estudante do Ensino Médio na Escola Estadual Carolina Maria de Jesus.

Alma Preta
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