Script = https://s1.trrsf.com/update-1765905308/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Multiartista, Victor Maia brilha no teatro e sonha com TV

Ator em cartaz no musical ‘Senna’ comenta trajetória até atingir o sucesso na carreira

28 nov 2017 - 14h33
Compartilhar
Exibir comentários

O ator francês Antonin Artaud definiu da seguinte maneira a relação entre a existência humana e o ofício de ator: “A vida é a imitação de algo essencial, com o qual a arte nos põe em contato”.

Neste momento, Victor Maia ajuda o público do Teatro Riachuelo, no Rio, a contatar a história de alegrias e dramas de um dos maiores ídolos nacionais. Ele faz parte do elenco de ‘Ayrton Senna, o Musical’.

O ator afirma que os artistas brasileiros já estão no mesmo nível profissional das estrelas da Broadway
O ator afirma que os artistas brasileiros já estão no mesmo nível profissional das estrelas da Broadway
Foto: ErnnaCost/Divulgação / Sala de TV

Com mais de vinte anos de carreira, atua, dança, canta, além de ser coreógrafo e produtor. Um artista múltiplo a serviço da representação mágica citada por Antonin Artaud.

Victor Maia, 33 anos e nos palcos profissionais desde os 8, conversou com o blog a respeito de carreira, convivência com mestres da atuação, o trabalho nos bastidores do ‘Caldeirão do Huck’ e a expectativa de estrear em novela.

Como é seu papel em ‘Ayrton Senna, o Musical’ e como foi a preparação para o espetáculo? 

Interpreto o ‘Engenheiro’ que, nas corridas de Fórmula 1, é responsável por se comunicar com o piloto no momento em que ele está em ação, através de um sistema eletrônico. No musical, é um personagem bastante misterioso, pois entra na história sorrateiramente e acompanha o personagem do Ayrton Senna até os últimos minutos do espetáculo. A plateia fica intrigada, já que muitas vezes ele está ali falando na cabeça do Ayrton, induzindo não só o seu comportamento na pista mas também estimulando reflexões no momento em que o piloto dá as últimas cinco voltas antes do fatídico acidente. Isso não o limita a ser apenas um engenheiro. Está aí a graça do personagem.

Qual a reação dos espectadores?

Recebo diariamente várias opiniões da plateia a respeito do que ele é. Cada espectador absorve de uma maneira e chega à sua conclusão a respeito dele. Acho que é o personagem, até então, mais difícil da minha carreira porque ele não tem uma definição, mas precisa ser objetivo e definitivo. Contraditório, né? O processo de ensaio foi intenso, puxado. Tivemos aula de dança contemporânea e técnicas de circo e esportes radicais. E preparação de canto para dar conta de executar todas as mirabolantes coreografias e cantar ao vivo os arranjos vocais. Eu não me lembro, quando criança, de assistir às corridas porque sempre acordava bem tarde aos domingos, mas já levantava da cama com a certeza de que o Brasil estava em festa porque o Senna tinha ganhado. Era a alegria do nosso domingo. E na minha casa, minha família sempre torcia. Adorava aquela festa! 

Você atua, dança, canta, coreografa e produz. Como consegue tamanha versatilidade?

Fui educado com aquela máxima de que você tem que ser o melhor naquilo que escolhe fazer porque o mercado não está fácil para nenhum setor. Acredito que jamais estamos suficientemente preparados ou prontos. Conhecimento e apuramento técnico nunca são demais. Para viver de arte, a gente tem que ampliar nosso leque sempre. Então eu, que sempre tive muita ligação com a música, não vi dificuldade nem resistência na busca do aperfeiçoamento da minha voz e do meu corpo. Com a prática da dança apareceu a vontade de coreografar, dirigir e comecei a investir nisso dentro da faculdade de Artes Cênicas. De maneira gradativa fui entrando no mercado. Sou apaixonado por musicais. Me deixo influenciar pelo coreógrafo americano Bob Fosse e sua linguagem por vezes minimalista e potente no que diz respeito a movimentos simples, como por exemplo ligar o motor de um carro. Outra inspiração é Jerry Mitchell, diretor e coreógrafo, que aproveita o melhor de um elenco de atores e os faz dançar como bailarinos, e também sigo as lições de Miguel Falabella. Este profissional me fascina pela inteligência e versatilidade. Sou apaixonado por ele desde os meus 12 anos, quando o assisti no teatro. A partir dessa experiência, sempre que eu me projetava no futuro, me via como Falabella.

Os atores brasileiros de musicais já estão no mesmo nível das estrelas da Broadway?

Precisamos desmistificar os profissionais da Broadway. Já assisti a pelo menos 14 espetáculos lá fora e pude ver que eles erram coreografias, tossem quando estão gripados, desafinam constantemente. São humanos como nós. E o que nos difere é que não temos incentivo artístico na nossa formação, e eles tem. Mas temos sangue, sangue latino. Isso nos enriquece muito em cena. Atualmente, cresce o número de escolas pelo Brasil que visam formar profissionais para o mercado e cada vez mais nos deparamos com talentos! Tem uma geração agora bastante estudiosa. Há um lindo e longo caminho a percorrer na história do teatro musical, cada vez mais potente e genuíno. Estamos buscando a nossa cara, nos arriscando, e vamos chegar lá.

Victor Maia no musical ‘Senna’, com Wanderléa em ‘60! Década de Arromba’ e ao lado da saudosa Marilia Pêra na produção ‘Alô Dolly’
Victor Maia no musical ‘Senna’, com Wanderléa em ‘60! Década de Arromba’ e ao lado da saudosa Marilia Pêra na produção ‘Alô Dolly’
Foto: Caio Gallucci e ErnnaCost/Divulgação / Sala de TV

Conte sua experiência de trabalhar com Wanderléa no musical ‘60! Década de Arromba’.

Wanderléa é a artista mais generosa que já vi na minha vida. Está sempre disponível, atenta, interessada. Sabe ouvir críticas e conselhos artísticos dentro do espetáculo. Ela tem 50 anos de carreira! E ainda assim está ali em prol da perfeição. Disposta a emocionar, noite após noite, aquelas pessoas da plateia, com o mesmo brilho no olho e sorriso acolhedor. 

Como foi trabalhar com Marília Pêra em ‘Alô Dolly’? Quais lembranças guarda da atriz?

Era uma aula por dia. Ela sabia cada gesto que fazia e cada entonação. Me lembro de conversar sempre com a Marília no palco, com as cortinas fechadas, antes da sessão, e sempre era lindo ver como falava da nossa profissão e de toda a trajetória dela. Uma pessoa genial. Gentil. Muito disciplinada. Entrei para o elenco do musical aos 45 do segundo tempo e não pude ensaiar com o grupo. Fui ensaiando durante a temporada a minha função, que era de ‘swing’ (aquele ator que fica de fora esperando algum imprevisto acontecer para substituir alguém). Eu tinha que saber o trabalho de oito pessoas em cena. Em uma dessas situações, eu tinha uma cena onde apenas oferecia a mão direita à Marília para que ela descesse um degrau da escada. Ela me pediu para chegar duas horas antes para ensaiarmos esse procedimento. Fiquei chocado. Nada po dia dar errado porque ela respeitava muito o teatro e o espectador. Levei para a vida essa lição.

Qual musical gostaria de protagonizar e personagens que sonha interpretar?

Gosto de tantos! Sou apaixonado por ‘Kinky Boots’ (musical da Broadway a respeito de uma fábrica de botas), adoraria fazer qualquer um dos protagonistas. Estou dirigindo uma montagem escolar desse musical no CEFTEM, que é o centro de formação e pesquisa em teatro musical no Rio de Janeiro, e já estou me sentindo muito realizado por me aproximar desses personagens. Adoraria fazer o Aladdin, porque é meu sonho da infância, mesmo que eu já não tenha idade. E gostaria de interpretar o Oscarito em algum musical que retratasse a chanchada.

Qual sua dica para um ator iniciante que sonha brilhar num musical?

Vá buscar conhecimento. E não pare de buscar porque nunca é demais. Teatro musical exige muita habilidade técnica. Então tem que ter resistência vocal, física, domínio de texto e interpretação. 

Como é seu trabalho no quadro ‘Lata Velha’ do Caldeirão do Huck?

No ‘Lata Velha’, a pessoa que deseja ver seu carro reformado geralmente nunca teve uma vivência artística. Ela precisa passar por uma prova na qual deve cantar e/ou dançar, interpretando algum astro da música, ou clipe, ou personagem de musical, seja do cinema ou teatro. Já fizemos de ‘Grease’ a Shakira, passando por Reginaldo Rossi e Spice Girls! Eu tenho em média dez dias para transformar o convidado naquele personagem! Isso inclui conceber coreografia, ensinar os passos e refiná-los para o grande dia da prova. É muito desgastante! O mais difícil para mim é fazer com que a pessoa consiga se entregar àquele momento. Sou ator e sempre fico tenso antes de entrar em cena e faço isso há pelo menos vinte anos. Imagina alguém que nunca subiu num palco ter que enfrentar 400 pessoas e várias câmeras na sua frente? É um trabalho que, além de desenvolver o lado artístico daquelas pessoas, também trabalha a questão da autoconfiança, porque é de fato uma superação. Sempre me emociono no final, porque é notório que os participantes saem transformados! O olhar deles muda. A atitude na vida muda. É lindo de ver!

O artista aguarda ansiosamente a chance de participar de uma série de TV
O artista aguarda ansiosamente a chance de participar de uma série de TV
Foto: ErnnaCost/Divulgação / Sala de TV

Pensa em fazer novela? O que costuma assistir?

Adoro TV. Me aproximei do gênero nos últimos anos por conta do ‘Caldeirão do Huck’. A minha primeira profissão é de ator. Sou formado pela UNIRIO e, como todo artista, quero estar sempre em cena. Torço para que eu tenha a oportunidade de atuar em alguma novela. Tem coisas muito boas acontecendo na TV. Séries brasileiras bem-feitas não param de invadir as telas. ‘A Cura’, ‘Verdades Secretas’ e ‘Dois Irmãos’ são alguns exemplos. Conto os dias para participar de alguma série tão incrível como essas.

Veja também

Desejo de Matar Trailer Dublado:
Sala de TV Blog Sala de TV -  Todo o conteúdo (textos, ilustrações, áudios, fotos, gráficos, arquivos etc.) deste blog e a obtenção de todas as autorizações e licenças necessárias são de total responsabilidade do colunista que o assina. As opiniões do colunista não representam a visão do Terra. Qualquer dúvida ou reclamação, favor contatá-lo diretamente no e-mail beniciojeff@gmail.com.
Compartilhar
Publicidade

Conheça nossos produtos

Seu Terra












Publicidade