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Sim, a TV brasileira também tem assediadores como Weinstein

Escândalo em Hollywood explicita uma prática criminosa que a maioria fingir não ver

14 out 2017 - 15h31
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Deborah Secco, Letícia Sabatella e Bruna Marquezine: relatos de assédio nos bastidores da Globo
Deborah Secco, Letícia Sabatella e Bruna Marquezine: relatos de assédio nos bastidores da Globo
Foto: Cesar Alves/TV Globo, Renato Rocha Miranda/TV Globo e Estevam Avellar/TV Globo

Em entrevista a Christiane Amanpour, uma das principais jornalistas do canal CNN, a atriz Jane Fonda, ganhadora de dois Oscars e dezenas de outros prêmios, contou ter sido assediada por um diretor francês.

“Ele disse que precisava saber se eu era capaz de ser convincente numa cena de orgasmo”, contou a diva de clássicos como ‘Barbarella’ e ‘Amargo Regresso’.

Ao admitir que sabia do comportamento de predador sexual de Harvey Weinstein, produtor de Hollywood denunciado por várias atrizes nos últimos dias, Jane pediu desculpa por não tê-lo delatado à imprensa.

“Não pense que é um incidente isolado. Isso (o assédio sexual) acontece o tempo todo em Hollywood, em escritórios, bares, restaurantes, lojas. A mulher é assediada e abusada, vista apenas como objeto sexual para o desejo do homem, ao invés de ser enxergada como um ser humano completo”, desabafou a artista, de 79 anos.

E nos bastidores da televisão brasileira, existe esse tipo de assédio sexual?

Qualquer jornalista que cobre os bastidores e é minimamente informado sabe de alguns – ou muitos – casos de atores e atrizes assediados.

Recentemente, Deborah Secco disse, em entrevista a Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, ter sido assediada “inúmeras vezes” por chefes na TV.

Outras famosas admiradas pela beleza, como Letícia Sabatella, Camila Pitanga, Bruna Marquezine e Sophia Abraão, também relataram episódios de assédio atrás das câmeras. Poucas revelaram o nome do assediador.

Obviamente que os assediadores são uma minoria, mas a ação deles – criminosa, ressalte-se – alimenta a imagem do ‘teste de sofá’.

Harvey Weinstein, o agora ex-todo poderoso do cinema americano, assediou por décadas sem ser incomodado
Harvey Weinstein, o agora ex-todo poderoso do cinema americano, assediou por décadas sem ser incomodado
Foto: Reuters/Mario Anzuoni

Esses poucos profissionais com comportamento execrável usam seus grandes ou pequenos poderes para propor sexo em troca de um papel numa novela, por exemplo.

Há quem ceda a esse ‘vale tudo’ na busca por fama e existem profissionais que, apesar do sonho de fazer carreira na TV, optam vencer exclusivamente pelo talento.

Na novela ‘Celebridade’ (2003-2004), a própria Deborah Secco interpretou uma deslumbrada pelo sucesso, Darlene.

A jovem manicure era capaz de qualquer coisa pelo estrelato: até mandar roubar o sêmen congelado de um famoso atleta morto num acidente para engravidar artificialmente e se promover às custas do falecido – o plano deu errado, aliás.

Assim como Jane Fonda declarou, o assédio sexual está presente em qualquer ambiente social.

Contudo, quando é denunciado por estrelas da TV e do cinema ganha dimensão midiática e faz todo mundo se lembrar que tal prática reprovável acontece todos os dias, em qualquer ambiente onde há uma relação de status e subordinação.

Em entrevista ao programa Morning Show, da rádio Jovem Pan, Sophia Abrahão comentou essa opressão existente no mundo artístico.

“É uma situação que nos coloca naquele lugar em que não podemos reagir porque existe uma hierarquia de poder, mas, ao mesmo tempo, eu não vou ceder.”

Talvez, nos estúdios das emissoras de TV e nos sets de filmagem no Brasil, não há um assediador tão poderoso e influente quanto era Harvey Weinstein, que teve a carreira destruída em Hollywood após a avalanche de denúncias.

Mas não importa o nível de prestígio de quem comete o assédio: todo crime sexual é deplorável e deve ser punido.

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Fonte: Especial para Terra
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