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Cinco personagens gays que não foram ‘curados’ nas novelas

Homofobia e preconceito na família estão entre os temas abordados em tramas da TV

10 out 2017 - 15h46
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Ao ser xingado de ‘bicha’ por seu pai ausente e homofóbico, o esotérico Uálber impôs respeito: “Pra você, dona bicha”. A cena entre os personagens de Jorge Dória e Diogo Vilella aconteceu em ‘Suave Veneno’, novela de Aguinaldo Silva exibida na Globo em 1999.

Junior (Bruno Gagliasso), Eduardo (Rodrigo Andrade) e Filipinho (Josafá Filho): o enfrentamento da família para se assumir gay
Junior (Bruno Gagliasso), Eduardo (Rodrigo Andrade) e Filipinho (Josafá Filho): o enfrentamento da família para se assumir gay
Foto: TV Globo/Divulgação / Sala de TV

Uálber foi um dos muitos personagens gays usados por autores de teledramaturgia no ativismo contra a homofobia e pelo direito à união civil entre pessoas do mesmo sexo.

Às vezes apoiados no humor e em outras envolvidos em dramaticidade máxima, eles surtiram efeitos variados: do reforço do estereótipo do homossexual afetado e escandaloso à conscientização de que não existe opção sexual tampouco cura gay.

Em ‘Fina Estampa’ (2007), também da autoria de Aguinaldo Silva, Crodoaldo Valério, o Crô (Marcelo Serrado), pintou e bordou para servir sua deusa, Teresa Cristina (Christiane Torloni).

Na mansão, o mordomo fashionista vivia como cão e gato com o motorista homofóbico Baltazar (Alexandre Nero). O tumultuado ‘bromance’ fez tanto sucesso que os dois protagonizaram um filme juntos em 2013.

Crô mantinha um caso secreto com um ‘hétero acima de qualquer suspeita’. No final do folhetim, o autor optou não revelar a identidade do ‘enrustido’.

Uma trama nada cômica aconteceu em ‘Insensato Coração’ (2009), de Gilberto Braga e Ricardo Linhares.

O jovem Eduardo (Rodrigo Andrade) precisou enfrentar a resistência inicial da mãe, Sueli (Louise Cardoso), e a homofobia do pai omisso, Kleber (Cássio Gabus Mendes), quando decidiu se assumir gay.

Uálber (Diogo Villella) e Crô (Marcelo Serrado): desafiando os homofóbicos com a cara e a coragem
Uálber (Diogo Villella) e Crô (Marcelo Serrado): desafiando os homofóbicos com a cara e a coragem
Foto: TV Globo/Divulgação / Sala de TV

Apesar do sofrimento ao longo de muitos capítulos, o rapaz ganhou um desfecho amoroso ao lado de Hugo (Marcos Damigo).

A novela ‘Sangue Bom’ (2013) também mostrou um enredo dramático: o ator Filipinho (Josafá Filho) era chantageado por uma vilã em razão de sua homossexualidade não declarada.

Após tomar coragem de se libertar da situação, ele ‘saiu do armário’ para sua mãe, Rosemere (Malu Mader).

A princípio, ela reagiu mal por temer o preconceito que o filho fatalmente sofreria numa sociedade tão cruel com quem foge da heteronormatividade.

Uma conversa franca entre os dois culminou numa decisão surpreendente: o rapaz, que ficara famoso da noite para o dia com um viral na internet, se assumiu gay para uma repórter de fofocas e, assim, se livrou da chantagem.

O medo do julgamento público também aterrorizou Junior (Bruno Gagliasso) em ‘América’ (2005), de Gloria Perez.

Criado para ser fazendeiro, dentro do estereótipo do macho rural, o rapaz até arrumou um casamento de fachada para não decepcionar a mãe, a conservadora Neuta (Eliane Giardini).

Contudo, surgiu um peão, Zeca (Erom Cordeiro), que despertou uma paixão intensa em Junior. Ele enfim revelou sua sexualidade e, de quebra, realizou o sonho de se tornar um estilista famoso.

De 1970 até hoje, as novelas brasileiras apresentaram cerca de 190 personagens gays. A maioria teve final feliz.

Na vida real, uma pessoa LGBTT (Lésbica, gay, bissexual, travesti ou transexual) é morta a cada 25 horas no País.

O Brasil é campeão mundial em número de crimes de ódio motivados pela orientação sexual das vítimas.

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