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"É missão levar metal onde pessoas querem", diz Max Cavalera

Possivelmente o maior responsável pela juventude metaleira no Brasil, Max Cavalera volta ao País ao lado do irmão, Iggor, para 11 shows com o Cavalera Conspiracy

7 ago 2014 - 11h06
(atualizado às 11h27)
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Quem acompanhou a ascensão do Sepultura no início dos anos 90 se assustou com a saída de Max Cavalera, anunciada em dezembro de 1996, após uma série de conflitos internos que culminaram na demissão da empresária da banda e sua esposa, Gloria Cavalera. Hoje, quase vinte anos após o episódio, Max Cavalera mora em Phoenix, nos Estados Unidos, e vive no metal como um dos maiores protagonistas do gênero, participando de inúmeros projetos dividindo seu tempo entre as turnês e o estúdio. 

Max Cavalera diz que metal é sua missão; ouça entrevista exclusiva:

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Durante a turnê com o Soufly - com nove shows em dez dias -, Max Cavalera conversou com o Terra por telefone (você pode ouvir a íntegra no vídeo ao lado) e falou sobre a ansiedade da turnê sul-americana com o Cavalera Conspiracy, o metal como sua "missão de vida", a relação com o irmão e confessou os planos de comprar uma casa no Brasil para matar saudades do País.  

"É uma missão minha levar o metal onde as pessoas querem ouvir", disse.

Confira a entrevista completa:

Terra - Você está no meio de uma turnê com o Soufly, certo?

Max Cavalera - Isso. Estou em Montana hoje.

Terra - Como é pra você conciliar tantos projetos ao mesmo tempo?

Max Cavalera - Bola pra frente, cara. Nem paro pra pensar. Essa turnê é direto e sem day-off. Todo dia tem show. Começamos em Ramona, na Califórnia, tocamos em Los Angeles, São Francisco, Canadá e agora estamos em Montana. Sem parar. Está superlegal e a banda está entrosada. Ao mesmo tempo me preparo para turnê da América do Sul do Cavalera Conspiracy porque é superimportante e quero fazer um setlist bem legal. Já estou em contato com o Iggor (Cavalera) e estamos trabalhando pro setlist do Brasil.

Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

Terra - O disco que sai em outubro – Pandemonium – já está pronto?

Max Cavalera - Está pronto. Está terminando a arte, mas gravação e música já está tudo pronto.

Terra - O que pode falar sobre o disco?

Max Cavalera - É o disco mais animal que a gente já fez. Mais porrada. Acho que está mais legal. A proposta que fiz para o Iggor é que seria legal se a gente fizesse um disco que parecesse com o Arise. Se fosse um disco desse tipo pra mim seria legal. E tem um lado também porque estou ouvindo coisas bem barulhentas como grindcore tipo Pig Destroyer e Aborted. Umas bandas podreiras que eu adoro. Mostrei pro Iggor na época e ele adorou. O apelido do disco era “fuck the groove”, foda-se o groove. Vamos tocar rápido. Ninguém quer tocar rápido hoje em dia. Todo mundo quer tocar devagar. A gente quer ir contra a corrente, contra a maré.

Terra - São 11 shows do Cavalera Conspiracy no Brasil. Você sente uma ansiedade diferente?

Max Cavalera - Eu adoro tocar no Brasil. Principalmente uma turnê com 11 shows com lugares como Recife, Salvador, Manaus, Porto Alegre. Lugares legais que a gente não toca há muito tempo. A última vez que toquei com o Iggor em Porto Alegre foi nos anos 90 com o Ramones. Tem essa expectativa da galera não ver eu e o Iggor desde a época do Sepultura. Isso me cria uma emoção e me deixa com uma tensão legal, superanimado. Por isso quero fazer o melhor setlist possível. Tocar umas músicas que ninguém espera como Necromancer, do primeiro EP do Sepultura, Anticop. Tocar umas coisas porrada que neguinho não está esperando. Pegar a galera de surpresa e fazer um setlist do caralho, bem animal.

Terra - Brasil adentro os fãs de metal são carentes de shows. Também sente essa responsabilidade?

Max Cavalera - É uma missão minha levar o metal onde as pessoas querem ouvir. É algo que faço com o Soufly. Ir em lugares que ninguém vai. Fui pra Tunísia, Sibéria, Cazaquistão e uns lugares loucos que ninguém vai. Isso que acho legal. O lance do Cavalera também é muito especial por ser com meu irmão. É um projeto mais especial até. Fico super na fissura de tocar no Brasil, fiquei feliz quando ouvi que eram 11 shows e também quando fiquei sabendo quer era Korzus e Krisiun que iam abrir. São duas bandas que adoro e tenho muito respeito. Vão ser shows demais e vai ser do caralho. Pra detonar mesmo. Vamos fazer nossa parte. Pessoal é carente de metal, então vamos botar pra foder. Estamos lá pra dar música pra galera. Dar essa emoção e dar essa alegria.

Foto: Divulgação

Terra - Você já se imaginou no Brasil novamente? Morando aqui?

Max Cavalera - Quando a molecada crescer e meus filhos tiverem saído de casa. O Zyon já mudou, mas o Igor ainda mora lá com a gente. Quando eles estiverem maiores, sempre falei com a Glória que queria ter uma casa de lazer no Brasil. Talvez até no norte, em Alagoas, um lugar mais isolado assim onde possa passar tempo, fazer música e pensar só em música. Quando estiver muito quente em Phoenix a gente possa escapar pro Brasil. Está nos planos. Vamos ver o que rola.

Terra - São muitos projetos que você se envolveu nos últimos tempos entre Soufly, Cavalera Conspiracy, Killer Be Killed, autobiografia. Acho que você não tira férias entre bandas...

Max Cavalera - Porra. Já tem quinze anos que não tiro férias. (risos) A última vez foi uma viagem pra Jamaica que fiz com a minha mulher. O resto tem sido só turnê, disco, projeto. Um atrás do outro, sem parar. Eu curto. Eu gosto de ficar ocupado.

Terra - O fato de residência fixa nos Estados Unidos te ajuda? Se você passasse mais tempo no Brasil dificultaria? É mais viável aí?

Max Cavalera - Fica mais fácil morando aqui. Tem mais acesso. O Killer Be Killed, por exemplo, foi feito aqui. Se estivesse no Brasil seria mais difícil. Os ensaios foram todos em Los Angeles. Uma das vantagens de morar aqui é ter acesso aos músicos. Foi fácil fazer projetos com vários caras, com os do Mastodon. Os caras moram todos aqui nos Estados Unidos então deu pra fazer o projeto. Demorou dois anos pra fazer, mas foi super bem feito. Quem ouviu o disco adorou. Recebeu ótimas críticas aqui nos Estados Unidos e na Europa. Foi o disco do ano pra muita gente. Então por esse lado é legal morar aqui, mas eu queria ter um lugar calmo pra passar o tempo. Dar uma escapada. O Brasil é o lugar perfeito pra isso.

Terra - O que mais sente falta do Brasil?

Max Cavalera - Meio que tudo. Sinto falta de conversar com as pessoas, a própria cultura brasileira que eu sempre gostei e estou acostumado. Comida. Eu adoro feijoada, guaraná, coisas desse tipo. Isso faz falta pra caramba.

Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

Terra - Sua autobiografia saiu recentemente. Como foi expor sua vida íntima? Dividir suas histórias de um jeito tão claro?

Max Cavalera - Foi o que eu pensei em fazer. A ideia do livro era pra isso mesmo. Queria mostrar para as pessoas como que nasceu Max Cavalera. Como começou, como foi a infância no Brasil. Mostrar as coisas que ninguém sabia: eu fui batizado no Vaticano, meu pai morreu e eu comecei a gostar de música, nosso envolvimento com thrash metal, death metal, a criação do Sepultura. A gente indo contra o mundo. Esse era nosso pensamento. Ninguém gostava do Sepultura no começo. Ninguém curtia. Isso foi legal botar no livro pra todo mundo conhecer. Também tem coisas mais complicadas como a saída da banda, a criação do Soufly, a família, meus filhos, meus problemas com a droga e o álcool. Fui bem honesto com isso e admiti o problema. As histórias famosas: vomitando no Eddie Vedder, deixando o Lemmy (Kilmister) com raiva. Tem coisa bem legal. É um livro que tem bastante história e bastante informação. Pra saber como é o Max de verdade.

Terra - Entrevistamos o Iggor recentemente sobre os projetos dele. O que ele demonstrou é que depois de tudo vocês saíram bem fortalecidos. Como está o relacionamento entre vocês?

Max Cavalera - Superlegal, cara. Adoro meu irmão. Acho que hoje em dia é mais legal do que era porque valorizamos nossa irmandade, nossa amizade e a música que fazemos junto. Levamos o Cavalera super a sério. É um projeto que a gente adora e gosta de fazer. Não é forçado. A gente gosta de fazer. O Pandemonium é um disco que eu queria fazer com o Iggor. É um lance que eu queria tocar rápido com ele de novo. Queria fazer esse metal porrada com meu irmão de novo. É um lance superlegal. O que tenho com o Iggor hoje é mais especial do que nunca. Mais especial até do que na época do Sepultura. Tinha muito estresse. Era tudo muito tumultuado e não tinha tempo pra gente se divertir e passar tempo junto. Com o Cavalera a gente passa tempo junto em turnê, fica no mesmo ônibus, conversa, conta piada. Ele tem os filhos dele, eu trago os meus e fica a família toda no ônibus. O Iggor adora esse lado familiar. Pra ele é superimportante. Até vi numa entrevista que diz que o sinônimo de sucesso é ter a família com ele em turnê. Essa ideia de sucesso é superlegal. Não é vender um milhão de discos, não é estar na capa das maiores revistas ou na rádio. É ter a família do lado dele quando ele está tocando. Essa é a definição de sucesso. Curto isso pra caramba e acho que hoje em dia nossa irmandade está mais forte do que nunca.

Turnê Cavalera Conspiracy no Brasil 2014
31/08 Brasília - DF Porão do Rock
02/09 Fortaleza - CE Armazém
04/09 Manaus - AM Centro de Manaus
05/09 Belém - PA Botequim
06/09 Recife - PE Clube Internacionaldo Recife
07/09 Salvador - BA The Hall Eventos
10/09 Curitiba - PR Curitiba Music Hall
11/09 Rio de Janeiro - RJ Circo Voador
12/09 São Paulo - SP HSBC Brasil
13/09 Belo Horizonte - MG BH Music Hall
14/09 Porto Alegre - RS Bar Opinião
Fonte: Terra
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