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Morre Sebastião Salgado, um dos maiores fotógrafos do mundo, aos 81 anos; relembre a trajetória

O fotógrafo morreu na França, onde vivia; informação foi confirmada pelo Instituto Terra

23 mai 2025 - 12h38
(atualizado às 16h16)
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Sebastião Salgado, um dos maiores nomes da fotografia mundial, morreu na França, aos 81 anos, na manhã desta sexta-feira, 23. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra, fundado pelo fotógrafo e sua esposa, Lélia Wanick.

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Reconhecido internacionalmente por seu trabalho, Salgado ficou marcado pelo registro de seres humanos vivendo em condições subumanas. Seu trabalho denunciou as mazelas da sociedade em mais de 40 países e chamou a atenção para a importância da justiça social e da preservação do meio ambiente.

Causa da morte de Sebastião Salgado

A causa da morte não foi divulgada oficialmente. No ano passado, o fotógrafo havia anunciado sua aposentadoria do trabalho de campo em entrevista ao jornal britânico The Guardian.

Na ocasião, ele destacou que motivos de saúde o levaram à decisão. Salgado vivia com sequelas de uma doença sanguínea causada por malária tratada inadequadamente na Indonésia e problemas na coluna causados por uma mina terrestre em Moçambique.

História de Sebastião Salgado

Salgado nasceu em Aimorés, no interior de Minas Gerais, e foi criado em uma fazenda ao lado de sete irmãs. Formou-se em Economia antes de migrar para a fotografia, obtendo mestrado pela Universidade de São Paulo (1968) e doutorado pela Universidade de Paris (1971), onde buscou exílio durante a ditadura militar brasileira.

Ele trabalhava na Organização Internacional do Café, em Londres, quando iniciou o desejo de fotografar. A atividade exigia muitas viagens à África e Salgado gostava de documentar o que via.

O fotógrafo Sebastião Salgado em 2015. Ele morreu na França aos 81 anos.
O fotógrafo Sebastião Salgado em 2015. Ele morreu na França aos 81 anos.
Foto: Gabriela Biló/Estadão / Estadão

Em 1974, fez seu primeiro trabalho como fotógrafo freelancer para a agência Sygma. Rapidamente se destacou, sendo contratado por outra agência, a Gamma. No final de 1979, Salgado passou a integrar a Magnum, cooperativa que revolucionou a fotografia documental no século 20, fundada por nomes como Henri Cartier-Bresson e Robert Capa.

Em 1981, Salgado foi responsável por registrar um momento histórico: o atentado ao então presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan. Ele estava na cidade de Washington quando o político foi baleado na saída do hotel. O registro foi vendido para jornais de todo o mundo e colocou o nome do fotógrafo em centenas de publicações.

Na década de 1980, ele já havia se estabelecido o suficiente para financiar projetos pessoais. No livro Outras Américas, de 1986, ele registrou povos indígena de toda a América Latina. Naquele período, o seu estilo de fotografia, quase sempre em preto e branco, passou a ser reconhecido pela comunidade mundial.

Com a série Trabalhadores, de 1997, ele documentou o trabalho manual e penoso de indivíduos ao redor do mundo, de minas de enxofre na Indonésia à pesca de atum na Sicília.

Cobertura do fotógrafo brasileiro Sebastiao Salgado no Kwait em 1991, após a guerra do Golfo
Cobertura do fotógrafo brasileiro Sebastiao Salgado no Kwait em 1991, após a guerra do Golfo
Foto: @sebastiaosalgadooficial via Instagram / Estadão

Durante a produção da série, Salgado realizou um dos trabalhos pelo qual é mais lembrado: o registro de garimpeiros na Serra Pelada, no Pará, que revela as condições desumanas em que a extração do ouro ocorria. Uma das imagens da série, a obra Mina de Ouro de Serra Pelada, Estado do Pará, Brasil, foi eleita pelo jornal New York Times como uma das 25 imagens que definem a modernidade.

O fotógrafo também se dedicou a registrar a vida de migrantes, desabrigados e refugiados nos livros Exôdo e Retratos de Crianças do Êxodo. Para o projeto, ele viajou durante seis anos por mais de 40 países. "Este livro [Êxodos] conta a história da humanidade em trânsito. É uma história perturbadora, pois poucas pessoas abandonam a terra natal por vontade própria", escreveu ele na introdução da obra.

Em 1994, Salgado fundou a agência Amazonas Images, dedicada ao seu trabalho. A maior floresta brasileira também foi tema de seus trabalhos. O fotógrafo passou seis anos viajando pela região e documentando seus povos, rios, montanhas e animais. As imagens estão reunidas em um livro e foram apresentadas em uma exposição que passou por cidades como Paris, Rio de Janeiro e São Paulo em 2022.

TQ SÃO PAULO 08.02.2022 CADERNO 2 FOTOGRAFIA EXCLUSIVO EMBARGADO Retratos do fotógrafo Sebastião Salgado para matéria de sua última exposição Amazônia no Sesc Pompéia. Em algumas imagens, sua esposa Lélia Salgado e gerais da mostra. FOTO TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO
TQ SÃO PAULO 08.02.2022 CADERNO 2 FOTOGRAFIA EXCLUSIVO EMBARGADO Retratos do fotógrafo Sebastião Salgado para matéria de sua última exposição Amazônia no Sesc Pompéia. Em algumas imagens, sua esposa Lélia Salgado e gerais da mostra. FOTO TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO
Foto: Tiago Queiroz/Estadão / Estadão

O fotógrafo morava na capital francesa com a mulher, Lélia, e deixa dois filhos, Juliano, que nasceu em 1974, e Rodrigo, de 1979, que nasceu com Síndrome de Down. Ele também deixa dois netos, Flávio e Nara.

O filho mais velho, Juliano, é cineasta e lançou em 2015, ao lado do diretor Wim Wenders, o documentário O Sal da Terra, que conta a trajetória de seu pai. O longa foi indicado ao Oscar de Melhor Documentário e recebeu o prêmio César, principal premiação do cinema francês.

O filme mostra as viagens de Salgado a locais remotos como o Círculo Polar Ártico e Papua Nova Guiné, que renderam uma série exposta no livro Gênesis, de 2013, que destaca as belezas naturais do mundo.

Reconhecimento e trabalho humanitário

Salgado foi reconhecido com alguns dos principais prêmios da fotografia mundial, como o Eugene Smith de Fotografia Humanitária, dois Prêmios ICP Infinity de Jornalismo, o prêmio Príncipe de Asturias, Prêmio Erna e Victor Hasselblad e o prêmio de melhor livro de fotografia do ano do Festival Internacional de Arles por Workers, por Trabalhadores.

Em 2017, ele tornou-se membro da Academia de Belas-Artes da França, uma distinção inédita para um brasileiro. No ano anterior, ele já havia recebido a medalha da Legião de Honra, a mais prestigiosa da França. Além disso, era membro da Academia de Artes e Ciências dos Estados Unidos desde 1992.

Salgado era ativista comprometido com a causa climática e a justiça social. Era Embaixador da Boa Vontade da UNICEF, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, e foi um forte crítico do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro por sua política de abrir a Amazônia para atividades como a agricultura e a mineração.

Em 1998, fundou o Instituto Terra, que mantém sede em sua cidade natal, para regenerar as florestas e a biodiversidade desaparecidas devido à deflorestação.

Estadão
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