'Hipocrisia': Ozzy Osbourne foi expulso do Black Sabbath e brigou judicialmente com o grupo; entenda
Apesar de ter criado uma das bandas mais importantes da história, vocalista foi demitido por problemas com álcool e drogas
A trajetória de Ozzy Osbourne, morto aos 76 anos nesta terça-feira, 22, é repleta de polêmicas e incidentes causadas por seu vício em bebidas e drogas. Um dos momentos mais marcantes dessa trajetória se deu em 1979, quando o vocalista foi expulso da banda que ajudou a criar.
À época, o Black Sabbath existia há quase uma década, mas enfrentava problemas de popularidade. O então último álbum deles, Never Say Die!, não havia sido bem recebido pelo público e pela crítica.
Além do momento artístico ruim, os integrantes da banda também lidavam com problemas de relacionamento nos bastidores. Os membros do grupo estavam de cansados do comportamento errático de Ozzy.
Após a recepção negativa de Never Say Die!, Osbourne se sentiu pessoalmente atacado pelas críticas e passou a se afundar ainda mais nas drogas e no álcool. Até então, Ozzy era capaz de se manter funcional durante os compromissos da banda.
Mas, à medida que o abuso de substância aumentou, os problemas passaram a se acumular. Em mais de uma ocasião, Osbourne não compareceu aos ensaios e gravações marcados, prejudicando seus companheiros.
E, nas poucas ocasiões em que apareceu, acreditava estar sendo sabotado por Tony Iommi, guitarrista e líder da banda. Não demorou muito tempo para que os demais integrantes se reunissem e optassem por demitir Ozzy. O músico não gostou da notícia.
"Eu estaria mentindo se dissesse que não me senti traído pelo que aconteceu no Black Sabbath", afirmou o vocalista em sua biografia Eu Sou Ozzy. "Crescemos juntos, a algumas ruas de distância. Éramos uma família, como irmãos. Me demitir por estar drogado foi hipocrisia. Estávamos todos drogados. Se eu estou chapado e você está chapado, como você pode me demitir por estar chapado?"
No lugar de Ozzy, o Black Sabbath contratou Ronnie James Dio. A decisão veio como surpresa para Osbourne, que se chateou com o ocorrido. Os fãs de heavy metal, no entanto, foram agraciados com a separação.
O Black Sabbath lançou um de seus melhores álbuns — Heaven and Hell — com o novo vocalista e Ozzy Osbourne lançou o excelente Blizzard of Ozz em resposta, iniciando uma prolífica carreira solo.
A disputa pelo nome da banda
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Em 2009, Ozzy Osbourne entrou com um processo contra Tony Iommi acusando o guitarrista de ter se apropriado de todos os direitos da marca Black Sabbath. O registro foi feito em 2000, mas o vocalista só descobriu quase uma década depois.
Para Osbourne, os direitos do grupo deveriam ser divididos de forma igualitária entre os quatro membros fundadores da banda — Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward. Iommi, no entanto, alegava que os demais membros abriram mão dos direitos quando saíram da banda. Ao longo de toda a trajetória do Black Sabbath, o guitarrista foi o único que não saiu do grupo.
O problema judicial, no entanto, foi encerrado um ano depois de forma amistosa. Em 2010, os dois anunciaram que o processo foi finalizado em comum acordo. Em comunicado à imprensa, os músicos afirmaram que "estão felizes por deixarem o problema para trás" e que "a questão nunca foi pessoal, apenas negócios".
Após a resolução da briga judicial, Osbourne e Iommi voltaram a subir ao palco como Black Sabbath e se reaproximaram. Ao saber da morte do amigo, o guitarrista lamentou o ocorrido. "É uma notícia tão dolorosa que não consigo encontrar palavras, nunca haverá outro como ele. Geezer, Bill e eu perdemos nosso irmão. Meus pensamentos estão com Sharon e toda a família Osbourne. Descanse em paz, Oz", escreveu.