Fã diz que se sentiu livre para dizer ao mundo ser trans após trio de Preta Gil
Cabeleireira guarda memória em trio elétrico da cantora como um dos momentos que mudou a sua vida
Fã trans emocionada destaca o impacto de Preta Gil, que morreu aos 50 anos, como inspiração pessoal e em lutas sociais, lembrando momentos marcantes da carreira e seu pioneirismo.
A emoção com que a cabeleireira Larissa Rocha, de 47 anos, deixou o velório de Preta Gil, na manhã desta sexta-feira, 25, no Theatro Municipal, no Centro do Rio, era comovente. Emocionada, ela, que se identifica como uma mulher trans, caminhava aos prantos para deixar o local, enquanto estampava no rosto o nome “Preta Gil”, pintado de batom preto.
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Daqui pra frente, com a morte da artista, as lembranças de quem foi tão importante em sua trajetória pessoal ficarão ainda mais especiais. “A Preta fez eu me descobrir como uma pessoa trans. No primeiro trio elétrico dela, foi a melhor sensação que eu já tive na vida. Eu me senti liberta para dizer ao mundo que sou uma mulher trans”, declarou Larissa à reportagem do Terra.
Carioca, moradora da Vila da Penha, bairro da Zona Norte, Larissa afirma considerar Preta Gil uma mulher ‘à frente do seu tempo’, especialmente pela cantora ter lutado pelo direito do casamento homoafetivo. “Ela ganhou o mundo com essa atitude. Foi uma mulher forte. Mesmo quem criticou no início depois apoiou”.
Em 2003, quando Preta se lançou como cantora, a capa do seu álbum de estreia, Pret-à-Porter, foi considerada um marco por romper com padrões estéticos e culturais da época. A capa do disco trazia a artista completamente nua, fato que gerou grande repercussão. Para Larissa, o ato foi um símbolo de liberdade para todas as mulheres .
“Achei aquilo a coisa mais linda. Deu muita polêmica. Uma mulher negra, pelada. Nenhuma mulher negra nunca tinha aparecido nua numa capa de disco, ainda mais sendo gordinha. Ali, ela mostrou que nós, mulheres, podemos ser gorda, magra, preta, branca, nós somos uma só nação”, contou.
Adeus a Preta Gil
A cantora Preta Gil morreu no domingo, 20, aos 50 anos, em Nova York, nos EUA. Ela iria voltar ao Brasil. Uma ambulância foi chamada, mas ela morreu antes de chegar ao hospital.
A cantora recebeu o diagnóstico de câncer de intestino em janeiro de 2023, após passar mal em casa e descobrir um tumor no reto. Em entrevista para Ana Maria Braga, naquele ano, Preta detalhou que foi ao hospital depois de sentir sangue escorrendo por suas pernas.
Filha de Gilberto Gil com a empresária Sandra Gadelha, Preta deixa como herdeiro Francisco Gil, de 30 anos, fruto de seu relacionamento com Otávio Muller. O filho é um dos integrantes do grupo musical Gilsons e segue o talento musical da família.


