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Kleber Mendonça celebra 'O Agente Secreto' em Cannes e Wagner Moura: 'Melhor papel que ele já fez'

Em entrevista ao 'Estadão', diretor e roteirista recorda histórico de presença em Cannes, parceria inédita com Wagner Moura e simbolismo político do filme que se passa nos anos finais da ditadura

12 abr 2025 - 15h08
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Kleber Mendonça Filho não finge costume ao ser selecionado pela terceira vez para a mostra competitiva do Festival de Cannes. O cineasta celebra com orgulho o fato de O Agente Secreto, filme que marca sua primeira colaboração com Wagner Moura, disputar a Palma de Ouro e estrear no maior palco do cinema mundial.

Um segundo ponto em comum entre o filme de Walter Salles e o novo de Kleber é a ambientação; embora O Agente Secreto seja um suspense ficcional, o fato de a história se passar nos anos finais da ditadura militar evoca conexões com o Brasil da atualidade — o próprio cineasta diz enxergar que o Brasil de 1977 é muito parecido com o de hoje.

"Eu acho que não é necessário ter visto o filme, ou algum filme, ou lido um livro que fale sobre o passado do Brasil para nós entendermos que a cultura, a história, tem uma tendência de se repetir. Acho que isso não fica restrito ao nosso País. Evoluímos como sociedade, mas em alguns quesitos não evoluímos muito", lamenta.

Kleber reforça que enxerga no cinema a possibilidade de gerar reflexões sobre esses ciclos históricos e o momento político — tanto o do passado quanto o do presente. "Cada filme é uma história narrada e, se você faz com muita honestidade, tem uma tendência de se deparar com aspectos que são muito verdadeiros sobre a construção da nossa trajetória como nação e como cultura. É um pouco como olhar para um álbum de família e reconhecer que aquele tio ou avó distante que você nunca conheceu se parece estranhamente com você."

Escolher o Recife, personagem marcante em toda a filmografia de Kleber, como pano de fundo para a história tem uma relação direta com isso. "Embora seja uma cidade histórica nas Américas, o Recife não é uma cidade como, por exemplo, na Europa ou na Ásia, mas uma cidade que é histórica dentro do Brasil", explica.

O diretor Kleber Mendonça Filho, a produtora Emilie Lesclaux e o ator Wagner Moura nos bastidores de 'O Agente Secreto'
O diretor Kleber Mendonça Filho, a produtora Emilie Lesclaux e o ator Wagner Moura nos bastidores de 'O Agente Secreto'
Foto: Brent Travers/Divulgação / Estadão

"Ao longo de muito tempo eu fico enxergando camadas de história de gente na própria cidade; foi algo em que foquei no Retratos Fantasmas que me ajudou muito a pensar O Agente Secreto, embora seja um filme completamente diferente. A ideia de encenar historicamente é algo que me fascina, porque encenar uma reconstrução histórica é um nível mais profundo dessa ideia de encenação."

Atualmente, Kleber está mergulhado na finalização do longa. Após oito meses na montagem, O Agente Secreto está na parte final de mixagem de som e tratamento de imagem, feita em Berlim e Paris. Segundo a produtora Emilie Lesclaux, foram quatro meses de pré-produção entre janeiro e maio de 2024, e dez semanas de filmagens a partir de junho.

Depois de tanta dedicação, o que Kleber espera é que O Agente Secreto deixe sua marca com o público.

"Meus pais eram historiadores e professores de história, então talvez eu tenha herdado deles essa coisa de um olhar sobre o passado. Mas, no final das contas, é tudo uma narrativa e um desejo de contar história. Se essa história se passa em 2025 ou em 1977, é só um detalhe. Mas, já que é um detalhe, a gente o explorou muito nesse filme."

A 78ª edição do Festival de Cannes entre 13 e 24 de maio. A atriz francesa Juliette Binoche é a presente do júri deste ano.

Estadão
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