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Festival É Tudo Verdade chega maior à sua 25ª edição

No total, serão apresentados 83 títulos, em sessões gratuitas de seis espaços em São Paulo e três no Rio, no período de 26 a 5 de abril na cidade e de 31 a 5 na versão carioca

11 mar 2020 - 18h22
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Numa fase que está sendo tão difícil para a cultura brasileira, a boa notícia - na coletiva de lançamento do 25º É Tudo Verdade, na terça, 10, o criador e diretor do evento, Amir Labaki, anunciou que conseguirá realizar em 2020 uma edição maior, e mais confortável, do ponto de vista financeiro, do Festival Internacional de Documentários. O milagre tem nome - deve-se ao patrocínio do Itaú, da Sabesp e da Spcine, que, sob a condução das cineasta Laís Bodanzky, tem sido um oásis no deserto que virou a produção e distribuição de filmes no País. Amir também destacou a parceria do Sesc/SP, e a unidade da 24 de Maio será uma das sedes do festival, e o apoio do Itaú Cultural.

"Alcançar a marca do quarto de século é uma alegria e uma responsabilidade. Desde a nossa primeira edição, em 1996, o vigor das produção documental não para de crescer, no Brasil e no mundo. A história do festival confunde-se com a dessa era de ouro do documentário", afirmou Labaki. Foram tantas as inscrições que a competição brasileira de longas está aumentando de sete para dez títulos, para sublinhar a importância da edição redonda - bodas de prata! - deste ano. A competição internacional terá 12 longas. Amir lembra que os vencedores das duas competições - de médios e de longas, e a de curtas - estarão automaticamente pré-classificados para a disputa do Oscar de 2021. Lembrando que este ano Petra Costa ficou entre os finalistas para a disputa do Oscar de documentário de longas, com Democracia em Vertigem.

No total, serão apresentados 83 títulos, em sessões gratuitas de seis espaços em São Paulo e três no Rio. O festival acontece de 26 a 5 de abril na cidade e de 31 a 5 na versão carioca, mais compacta. A abertura em São Paulo será com Golpe 53, de Taghi Amirani, e a do Rio com A Cordilheira dos Sonhos, de Patricio Guzmán. Autêntico thriller documentário, Golpe 53 investiga o envolvimento dos EUA e da Inglaterra no golpe que colocou no poder, no Irã, o Xá Reza Pahlevi (e um filme da competição, O Rei Nu, de Andreas Hoessli, retraça a deposição do Xá no bojo do movimento de massas liderado pelo aiatolá Khomeini. A Cordilheira dos Sonhos fecha a admirável trilogia que já deu duas obras-primas - A Nostalgia da Luz e O Botão de Pérola. Guzmán prossegue sua investigação memorialística lembrando os avanços sociais no Chile de Salvador Allende e a herança da política econômica imposta a ferro e fogo pela ditadura de Pinochet, rechaçada nas ruas pelo povo, em confronto com a repressão policial.

O festival comemora seu aniversário com seis programas especiais, e o primeiro faz uma seleção dos filmes da 1.ª edição, entre eles Banana Is My Business, de Helena Solberg, de 1995. Outro programa resgata a série A Herança da Coruja, de Chris Marker, em que o autor discute a herança do conceito grego de democracia no mundo moderno. Entre outros programas especiais, são imperdíveis a versão restaurada de O Prisioneiro da Grade de Ferro, com o qual Paulo Sacramento fez história, vencendo as duas competições, nacional e internacional, em 2003; e Santiago das Américas, ou O Olho do Terceiro Mundo, em que Silvio Tendler realça a atividade de Santiago Alvarez, o artista cubano que revolucionou a linguagem do documentário com seus filmes anti-imperialistas e pautados pela defesa dos direitos humanos.

O festival contempla todas aquelas seções que o público sabe - competições nacional e internacional de longas/médias e curtas, Foco Latino-Americano, O Estado das Coisas. Uma das pautas do seminário desse ano será a revisão de O Homem Com a Câmera, de Dziga Vertov - o maior documentário de todos os tempos? De volta ao começo, numa fase em que a arte e a cultura têm sido criminalizadas no País, a competição nacional apresenta dois retratos de artistas - Jair Rodrigues, Deixa Que Digam, de Rubens Rewald, e Os Paralamas do Sucesso - Os Quatro, de Roberto Berlioner e Paschoal Samora; e a internacional, Forman vs Forman, de Helena Trestikova e Jakub Hejna, sobre o grande cineasta de Um Estranho no Ninho e Na Época do Ragtime. O poster do festival é uma foto de Michel Gautherot, fotógrafo francês que foi companheiro de Jean Manzon na lendária revistas Cruzeiro. Um homem com uma câmera Nikkon. Amir Labaki escolheu a imagem como uma relíquia para expressar as mudanças desses 25 anos. Na era do digital, produzem-se milhões de imagens diárias com as câmeras de celulares e as câmeras viraram ferramentas de profissionais. E isso está mudando nossa relação com a imagem, reflete-se na cultura do documentário - todo mundo é documentarista (cineasta?) em potencial.

SERVIÇO

São Paulo - 26 de março a 5 de abril

Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro, 1.000)

Cine Olido (Av. São João, 473)

Espaço Itaú de Cinema - Augusta 1 - (Rua Augusta, 1475)

IMS Paulista (Avenida Paulista, 2.424)

Itaú Cultural (Avenida Paulista, 149)

Sesc 24 de Maio (Rua 24 de Maio, 109)

Rio de Janeiro - 31 de março a 5 de abril

Estação NET Botafogo (Rua Voluntários da Pátria, 88) - Sala 1

Estação NET RIO (Rua Voluntários da Pátria 35) - Sala 4

IMS Rio (Rua Marquês de São Vicente, 476)

Estadão
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