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'Estação Doçura' e 'Bagdad Café' estão entre as boas opções no streaming do Belas Artes

Dois filmes dirigidos por Percy Adlon, com Marianne Sagebrecht, destacam personagens femininos e estão no catálogo do À La Carte

3 abr 2020 - 14h23
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Em tempos de pandemia, em que as TVs mostram em tempo real o triste espetáculo das mortes que se multiplicam - e dos caixões fechados, e dos enterros a toque de caixa -, pode ser uma boa indicação, e nem um pouco mórbida, assistir ao filme que chegou à plataforma do Belas Artes na quinta, 2. Recapitulando - o Belas Artes criou o que chama de À La Carte, filmes selecionados que vão sendo liberados como biscoitos finos. Nesta semana, mais dois - o thriller Dark Harbor, de Adam Coleman Howard, de 1998, com Alan Rickman e Norman Reedus, futuro astro da série cult The Walking Dead, e o outro, o recomendado, Estação Doçura.

Por volta de 1980, o cinema alemão vivia um momento excepcional nas telas de todo o mundo, com autores como Rainer Werner Fassbinder, Werner Herzog e outros. O primeiro morreu de overdose em 1982, com menos de 40 anos, deixando um legado de mais de 40 filmes que ainda hoje surpreendem os críticos e o público pelo simples fato de terem estado à frente de sua época. Mas o texto referiu-se aos 'outros', e entre eles está Percy Adlon. Filmes como Celeste, Estação Doçura, Bagdad Café e Rosalie Vai às Compras fizeram sucesso de público e crítica em todo o mundo, inclusive no Brasil (e no próprio Belas Artes).

Adlon destacou-se como criador de personagens femininas. Celeste, a criada do escritor Marcel Proust, que o acompanha em seus últimos dias. A amizade, que ultrapassa barreiras raciais, da negra Brenda e da alemã Jasmin no Bagdad Café. E Rosalie. Nessa galeria, um espaço muito especial é reservado à protagonista de Estação Doçura. Ela trabalha numa funerária, maquiando cadáveres. Um pouco por sua atividade, mas também por ser obesa, portanto, fora dos padrões de beleza ditados pelo consumismo, ela vive reservada. O típico comportamento antissocial, que cai por terra quando ela se apaixona - por um condutor de metrô -, daí o título Estação Doçura.

Marianne Sagebrecht, que faz o papel, surgiu como artista de cabaré na Alemanha, teve o seu momento no cinema - com Percy Adlon. Além de Estação Doçura, é coprotagonista (com CCH Punder) de Bagdad Café, que também está disponível no streaming do Belas Artes. Só um parêntese - Bagdá Café é sobre uma turista alemã nos EUA que briga com o marido e sai desnorteada. Chega a esse café, no qual a dona acaba de expulsar o marido violento. Passados 35 anos, as questões de gênero, e não apenas, sofreram transformações consideráveis. Juntas, vão se apoiar além de toda expectativa. O empoderamento levou a que mulheres - com todo respeito - fora dos padrões (re)descubram todo o seu potencial. Mais do que uma gordinha sexy, Marianne é toda doçura. Vê-la no seu exercício profissional, descobrindo o amor, pode ser inspirador nesse período de confinamento. Também inspirador é o Bagdad Café, nesses tempos em que os casais estão isolados e pipocam os casos de violência doméstica.

Estadão
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