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Famílias aproveitam o sábado de carnaval fora de época em São Paulo

No Bixiga, tradicional Bloco do Fuá levou bem menos gente às ruas, mas contou com apoio dos comerciantes do bairro

23 abr 2022 - 18h25
(atualizado às 19h19)
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Mariana Conti com o filho Sebastião no Bloco do Água Preta, no bairro da Pompeia, em São Paulo
Mariana Conti com o filho Sebastião no Bloco do Água Preta, no bairro da Pompeia, em São Paulo
Foto: Felipe Rau / Estadão

O sábado de carnaval fora de época em São Paulo proporcionou a muitas famílias a possibilidade - após dois anos de intensas restrições, necessárias por conta da pandemia - de tomar contato com a alegria e a descontração dos bloquinhos. E para os filhos da pandemia, os bebês nascidos durante a grave crise sanitária provocada pela covid-19, a alegria pode ser experimentada pela primeira vez.

Frequentadores de longa data do bloco Água Preta, que saiu no bairro da Pompéia, na zona oeste da capital, o casal de atores Alexandre Krug e Érika Coracini, de 53 e 41 anos, não via a hora de levar o caçula da família, Jorge, para a sua primeira folia. "Ele tem dois anos e sete meses, é praticamente 'filho da pandemia'", justifica o pai, que vê entre os frequentadores do bloco este ano uma "sede maior de aproveitar".

Eles não eram os únicos. Flávia Yue, de 45, também aproveitou para levar ao bloco as filhas Lia e Flora, de 5 e 11, além de Alice, amiga da mais velha. "Eu sempre venho no Água Preta porque é mais tranquilo e perto de casa. Esse ano, inclusive, tá ainda melhor porque tá mais vazio e tranquilo." O som das marchinhas e as pernas de pau, usadas por alguns foliões, atraíram principalmente os moradores do entorno. "Não via a hora de curtir o carnaval com ele", conta a publicitária. Mariana Conti, de 33 anos, que saiu de casa com o filho Sebastião, de 5, nos ombros. "Quem faz o carnaval são as pessoas."

A presença de famílias não foi observada apenas no sábado. No primeiro dia da folia, na quinta-feira, era possível observar o mesmo no bloco Saia da Chita, que também desfilou pelas ruas da Pompéia. Naquele dia, a reportagem entrevistou a vendedora Amanda Cruz, de 31 anos: "É o primeiro carnaval dela, e estou achando ótimo porque a pandemia trouxe muita solidão, né? Aqui ela tá convivendo com uma diversidade de pessoas que não veria em casa", conta a vendedora Amanda Cruz, de 31 anos, que levou ao bloco a filha Tereza, de 6, para seu primeiro carnaval.

O tradicional Bloco do Fuá atraiu foliões de diferentes perfis pelas ruas do bairro do Bixiga
O tradicional Bloco do Fuá atraiu foliões de diferentes perfis pelas ruas do bairro do Bixiga
Foto: Ítalo Lo Re / Estadão

Carnaval de bairro com apoio do bairro

O tradicional Bloco do Fuá - que fez seu cortejo de estreia em 2013 - se concentrou neste sábado na Rua Conselheiro Ramalho, no bairro do Bixiga, a partir de 15h. Com uma bateria com cerca de 100 integrantes, o grupo se organizou na sede do Sindicato dos Radialistas do Estado de São Paulo e atraiu foliões de diferentes perfis. Neste ano, não há um tema específico para o desfile, mas o Bloco do Fuá convidou os foliões, por meio das redes sociais, a usarem as cores vermelho e amarelo.

"É um bloco bem de bairro, alguns comerciantes até combinaram que vão distribuir garrafinhas de água para a bateria quando a gente passar", diz o radialista Marco Ribeiro, de 60 anos. Um dos fundadores, ele explica que o trajeto deste ano foi pensado para passar por ruas menores e, em sua maioria, de mão única.

Como houve pouca divulgação, a estimativa é que o bloco atraia um público de cerca de mil foliões. "Nos outros anos em que a gente desfilou, costumavam ser 3 mil", relembra.

Como diferencial do bloco, além da conexão com os moradores do bairro do Bixiga, Marco diz que 90% das músicas são autorais. "Já lançamos até um CD. Mas também não tem restrição: quem chegar com instrumento, pode tocar", diz. A organização do Bloco do Fuá informou que, seguindo orientação da Prefeitura, procurou a Subprefeitura da Sé para informar sobre o cortejo. A rua em que o bloco se reuniu foi fechada por cones e um carro da Companhia de Engenharia de Tráfego.

Estadão
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