Último adeus a Vanoni reúne multidão e homenagens musicais
Trompetista Paolo Fresu tocou "L'appuntamento" e "Senza fine"
A Igreja de San Marco, em Milão, foi o palco do funeral da cantora italiana Ornella Vanoni, que morreu na última sexta-feira, aos 91 anos de idade. A cerimônia foi marcada por muita música, uma das grandes protagonistas da vida da artista, uma das vozes mais lendárias do "Belpaese".
Coberto de flores amarelas, o caixão de Vanoni foi recebido pelos aplausos de centenas de pessoas que estavam do lado de fora da igreja milanesa. Paralelamente, o trompetista e compositor Paolo Fresu tocou "L'appuntamento" e "Senza fine", que havia sido um pedido da própria cantora antes de falecer.
"Ela passou quase um século de sua vida imersa no teatro, com suas apresentações, cinema e canções. Em todos esses casos, como observou recentemente Gino Castaldo, foi sempre a música que a dominou. Sabemos bem que os possuídos são como tarântulas, ou seja, não conseguem resistir à picada da música. Ornella foi possuída pela música do começo ao fim de sua vida", disse o padre Luigi Garbini durante sua homilia.
O religioso também usou várias letras das canções de Vanoni para recordar a cantora italiana. Ele afirmou que a artista abordou a depressão "corajosamente" e mostrou a todos sua sinceridade, criatividade, ironia e o jeito direto e franco que "conquistou todas as telas".
A cerimônia terminou com "Ma mi..." sendo tocada pelo organista, uma canção em dialeto milanês escrita por Giorgio Strehler e que se tornou famosa na voz de Vanoni.
Ao longo de sua carreira, ela transitou por repertórios diversos, de Roberto Carlos ("L'appuntamento") a Piaf ("L'albergo a ore"), passando por Tammy Wynette ("Domani è un altro giorno").
Esse percurso culminou na intuição do letrista Sergio Bardotti, que levou Vanoni a gravar "La voglia, la pazzia, l'incoscienza e l'allegria" com Vinicius de Moraes e Toquinho, com canções assinadas por Tom Jobim e Chico Buarque ? um álbum histórico que ajudou a difundir a música brasileira na Itália.