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Flip 2009 tem abertura com tributo a Manuel Bandeira

2 jul 2009 - 12h20
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Paraty, no sul do Estado do Rio de Janeiro, está em êxtase. A pequena cidade praiana vive a sétima edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), evento que reúne alguns dos principais nomes da literatura nacional e mundial para cinco dias de debates. As ruas de paralelepípedos irregulares e casarões antigos, que encantam pela arquitetura, são tomadas por gente de todos os lugares nesta época do ano. E a Flip é responsável por boa parte desse número de turistas por aqui.

Davi Arrigucci Jr., abertura Flip 2009, 212x300 e atomo
Davi Arrigucci Jr., abertura Flip 2009, 212x300 e atomo
Foto: Isaac Ismar / Especial para Terra

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Este ano o homenageado é Manuel Bandeira, importante poeta brasileiro. Para fazer a conferência de abertura, coube a Davi Arrigucci Jr., um dos poucos estudiosos que dominam a vida e obra de Manuel. Ele é autor de ensaios sobre Bandeira, como Humilde, Paixão e Morte, A Beleza Humilde e Áspera e Cacto e as Ruínas.

Na plateia havia muitos senhores e senhoras de meia idade admiradores de Manuel Bandeira e uma boa quantidade de jovens. Todos acompanharam atentamente a conferência de Arrigucci. Praticamente 80% dos lugares disponíveis da Tenda dos Autores estavam ocupados. Os ingressos custavam R$ 30. Dois grandes telões no local ajudavam a plateia a ler alguns poemas de Manuel, entre eles Momento Num Café e o Poema só para Jaime Ovalle.

Defensor de eventos que promovem a literatura, Arrigucci fez a abertura da sua palestra enaltecendo a obra de Manuel Bandeira. Na opinião dele, o maior poeta que o País já teve. "A leitura de um texto é a leitura de um mundo. A idéia da Flip é uma comunidade internacional de leitores. É impossível escrever sem ler antes. Devemos nos orgulhar menos dos livros que escrevemos e vangloriar mais os livros que lemos".

Ainda adolescente, Arrigucci, que participa da Flip pela segunda vez, já lia Manuel Bandeira. Atualmente, Manuel é inspiração também para jovens como as manauaras Mariana Marques, 20 anos, Mariana Lima, 19, e Isadora Xavier, 19, estudantes de letras. As três viajaram sozinhas de Manaus a Paraty para os cinco dias de Flip e têm na estante de casa pelo menos um livro de Bandeira. "Achei bem interessante a abertura da Flip. O Davi abordou temas importantes, mostrando coisas que parecem banais, mas que são muito abrangentes na literatura do Manuel Bandeira", disse Mariana Lima.

A vinda do poeta do Recife ao Rio de Janeiro e a tuberculose, que quase lhe tirou a vida ainda jovem, em 1920, foram alguns dos pontos destacados por Arrigucci. A solidão nas ruínas de um sobrado no bairro de carioca de Santa Teresa, onde ele escreveu quatro livros, e a pobreza foram evidenciadas na leitura do Comentário Musical e do Poema do Beco. "Ele tinha a capacidade de falar com humildade de coisas complexas. Estamos diante de um poeta que descobriu um caminho diferente para reproduzir a poesia em um poema. Abriu a literatura nacional para o cenário internacional. Um país que teve um homem como Manuel Bandeira tem que dar certo", afirmou Arrigucci.

Enquanto admiradores de Manuel Bandeira faziam questão de não perder um momento sequer da conferência de abertura, do lado de fora a movimentação era intensa. Alguns buscavam lugar na fila para o show de Adriana Calcanhoto, que começou logo após a explanação de Arrigucci. Outros jantavam nos vários restaurantes e barzinhos ou apenas admiravam a transformação pela qual Paraty passa nesses dias de Flip, degustando uma cachaça, uma das iguarias que a cidade se orgulha de oferecer aos seus visitantes.

Muito aplaudido após pouco mais de uma hora de conferência, Arrigucci teve a companhia na plateia de parte da família de Manuel Bandeira, o sobrinho-neto do poeta, Antonio Manuel Bandeira Cardoso, advogado, 55 anos. "Já li todas as obras dele muitas vezes. Cresci lendo Manuel Bandeira e recomendo a todos. É uma satisfação ver a difusão da prosa do Manuel, que não é muito conhecida. As pessoas têm mais contato com o poeta, mas não com o crítico literário", orgulha-se Antonio, que veio de Brasília para acompanhar a Flip dedicada ao parente mais famoso, em especial para o lançamento do livro Crônicas Inéditas 2.

A Flip continua nesta quinta-feira (3) com autores discutindo temas como a produção de quadrinhos no Brasil e a delicada história recente da China, relembrando os 20 anos do massacre da Praça da Paz Celestial.

Fonte: Especial para Terra
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