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Análise: Sondheim mostrou que teatro musical pode ser reflexão

Sua trajetória nos lembra que existem outros critérios para avaliar a importância de um musical, além do sucesso de bilheteria, do número de apresentações e dos anos em cartaz

27 nov 2021 - 14h54
(atualizado às 16h14)
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A partida de um artista da dimensão de Stephen Sondheim nos deixa perplexos diante da imensa lacuna que ele deixa. Sondheim era o gênio vivo de uma arte que muitos consideram menor, mas que a sua obra prova ser exatamente o contrário. Sim, ele nos mostrou que o teatro musical, além de entretenimento, pode ser reflexão dolorida ou irônica sobre o mundo e o ser humano.

Sondheim era um mágico compositor-letrista, criador de soluções musicais surpreendentes na sua aparente simplicidade. Mais que isso, era um verdadeiro dramaturgo do teatro musical, já que nessa forma teatral a dramaturgia é composta fundamentalmente por canções que trazem os sentimentos e movem a ação dos personagens.

Sua trajetória nos lembra que existem outros critérios para avaliar a importância de um musical, além do sucesso de bilheteria, do número estratosférico de apresentações e dos anos em cartaz. Tudo isso é importante, porém existem também preciosas ideias e a capacidade de refletir os nossos contraditórios sentimentos de estar vivos, ainda que muitas vezes isso signifique focalizar minúsculos detalhes da existência humana. Significa que nem sempre um musical precisa oferecer ao espectador uma experiência doce ou divertida como ele nos mostrou.

A sua importância histórica é gigantesca, pois Sondheim deu prosseguimento à revolução operada por Rogers e Hammerstein, na Golden Age da Broadway (décadas de 1940 e 1950) e trilhou novos caminhos, sobretudo com a sua produção dos anos 1970 e 1980. Mais tarde ele se tornou exemplo e fonte de inspiração para o talento de autores contemporâneos, como Jonathan Larson, e abriu caminhos para musicais como Dear Evan Hansen, Fun Home, ou até mesmo Hamilton.

Obrigado, Sondheim, por ter estado entre nós durante 91 anos. E por ter partilhado conosco a sua sensibilidade e o seu incrível talento. Obrigado por ter deixado uma obra que continuará encantando os apaixonados pelo Teatro Musical e inspirando novos caminhos.

* Jamil Dias é professor e pesquisador de teatro musical

Estadão
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