O plano da China para tornar seu exército implacável caso a guerra eletrônica anule a tecnologia: utilizar seus cérebros
A aposta em resgatar a mente como ferramenta bélica não pretende substituir a tecnologia, mas complementá‑la
Nos campos de treinamento do Exército Popular de Libertação, o som de drones e simuladores eletrônicos convive com algo inesperado: o eco de uma tradição milenar. Entre radares, mísseis e telas sensíveis ao toque, alguns soldados praticam operações invisíveis com os dedos no ar, movendo contas imaginárias em um ábaco que já não existe. Não se trata de um ritual nem de uma excentricidade, mas de um novo experimento militar: aprender para o caso de as máquinas sofrerem um apagão.
A China resgatou uma tradição milenar para aplicá-la à guerra moderna: o cálculo mental com ábaco. Em um contexto de crescente dependência da inteligência artificial, o Exército Popular de Libertação aplicou a lógica: treinar soldados capazes de se tornar "ábacos humanos", prontos para operar quando os sistemas digitais falharem.
De fato, em um exercício recente, a capitã Xu Meiduo previu em segundos a trajetória de três alvos após uma simulação de falha de radar, guiando o fogo da artilharia com precisão. A televisão estatal transformou sua façanha em símbolo de autossuficiência, lembrando que a mente humana continua sendo uma arma decisiva mesmo na era dos algoritmos.
Da sala de aula ao campo de batalha
O programa se inspira em uma prática educativa ainda comum na Ásia: o ábaco mental, ou AMC, uma técnica ancestral que permite realizar cálculos complexos por meio da visualização de um ábaco imaginário. Usada na China há mais de oito séculos, essa disciplina mostrou benefícios cognitivos ...
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