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Modelo pago no Instagram não substituirá o gratuito, mas trará desafios

Mesmo com a chegada do Instagram Subscription, conteúdos pagos não devem superar criações gratuitas, segundo especialistas

29 ago 2023 - 05h00
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Especialistas não acreditam que conteúdo pago irá substituir conteúdo gratuito
Especialistas não acreditam que conteúdo pago irá substituir conteúdo gratuito
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Enquanto plataformas como OnlyFans e Twitch já pavimentaram o caminho para modelos de assinatura de conteúdo, a adoção crescente do Instagram nesse domínio eleva as expectativas e desperta questões sobre o futuro da criação e do consumo de conteúdo online. O Instagram Subscriptions, que segue essa lógica, foi anunciado no início de 2022.

A rede social controlada pela Meta possui 2 bilhões de usuários ativos globalmente. Já chega perto dos 2,96 bilhões dos que usam o Facebook, o que mostra seu franco crescimento nos últimos anos. 

No caso do Instagram Subscription, o valor de cada assinatura será definido pelo criador e poderá variar entre US$ 0,99 e US$ 99 (cerca de R$ 5 a R$ 500 na conversão direta).

Apesar disso, os campos que abrangem essa modalidade ainda são limitados. 

A novidade chegou inicialmente aos EUA, e agora os criadores elegíveis na Austrália, Brasil, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, México, Espanha e Reino Unido poderão ativar as assinaturas e começar a ganhar dinheiro dos seus fãs, como explica o blog da empresa.

Para especialistas, essa mudança irá beneficiar principalmente criadores de conteúdo, que ganham mais um forma de obter receita, mas não deve substituir o conteúdo gratuito. Além disso, há ainda um caminho longo a ser percorrido para lucrar com esse modelo nas redes sociais mais populares.

Conteúdo por assinatura

A plataforma de streamers Twitch é uma das pioneiras no formato, com um programa de afiliados dede 2017. A assinatura custava R$ 22,99, mas em julho de 2021, os valores passaram a ser de no mínimo R$ 7,90.

O serviço leva 50% dos lucros, enquanto os streamers ficavam com os outros 50%, mas essas regras podem mudar de acordo com o tamanho do influenciador, que tem os mais experientes levando até 70% do valor. 

Alguns influenciadores começaram a cobrar por conteúdo exclusivo no Instagram antes mesmo do Subscription, usando a ferramenta Close Friends — que publica Stories apenas para um grupo restrito de contatos — para compartilhar com seus seguidores informações privilegiadas e receberem por elas.

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Fora das fotos e vídeos, o Twitter (hoje X) também entrou na jogada quando anunciou que os usuários poderão oferecer assinaturas para seus seguidores acessarem conteúdo exclusivo, como textos longos e vídeos de várias horas.

A novidade foi anunciada no perfil do próprio Elon Musk, o dono da rede social, em abril. A ideia é oferecer a assinatura na opção Monetização nas configurações do Twitter.

Dessa forma, o criador do conteúdo receberá todo o dinheiro pago pelos assinantes, exceto pelas taxas que as lojas de apps, como Google Play (Android) e App Store (iOS), cobram. No primeiro ano, o Twitter/X não vai ficar com nenhuma porcentagem da receita, segundo Musk.

Para Ian Black, CEO da agência de marketing digital New Vegas, a novidade parece chegar mais para descentralizar o conteúdo das produtoras e focar mais no individual. 

“Assim como o que a gente viu com o YouTube, com a produção de conteúdo independente, [conteúdo por assinatura], é uma descentralização de que conteúdo é algo exclusivo de produtoras”, disse. 

Mariana Campos, diretora artística da agência de cultura digital Mynd, afirma que a chegada de conteúdo digital por assinatura beneficia ainda mais o trabalho do influenciador. 

“Quando ele cria uma assinatura para um determinado canal, ele está criando mais uma linha de negócio e diversificando a sua fonte de renda, além de amplificar o seu conteúdo”, afirma. 

Caminho sem volta?

Black diz que o fenômeno de cobrar por conteúdo é antigo no ambiente digital. Seria um grande desafio e uma grande mudança, no entanto, se essa tendência fosse algo que sobrepusesse a lógica atual, na qual a maioria das pessoas produz conteúdo sem cobrar diretamente de seu público. 

“Se tivéssemos um cenário em que todo mundo cobrasse por conteúdo, não teria pessoas suficientes para pagar isso. Criaria uma bolha, seria um modelo de negócio completamente inviável”, avalia o publicitário. 

Já Campos pontua que, embora o conteúdo por assinatura seja majoritariamente utilizado em plataformas de conteúdo adulto, como o OnlyFans, a tendência é ampliar a utilização de ferramentas como o Subscription para diversas partes. 

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“Acredito que essa é uma tendência para o futuro e que vai se expandir para diversos nichos e segmentos”, apontou.

Embora acreditem que a novidade fará parte do ambiente online, ambos os especialistas ouvidos pelo Byte disseram que o modelo de negócio não deve ser suficiente para acabar com o conteúdo gratuito.

"Acredito que veremos cada vez mais presente nas plataformas, mas nunca tomando o lugar por completo das ferramentas já existentes. Assim como as 'publis' coexistem com os conteúdos orgânicos de dicas etc. acredito que o modelo por assinatura se tornará um serviço a mais prestado pelos influenciadores", disse Campos.

"Não existe um cenário de mudança de haver mais conteúdo por assinatura do que gratuito. Até porque há muitas plataformas de conteúdo aberto que cobram assinaturas, em modelos híbridos [...] seria um cenário economicamente impossível", afirmou Black. 

Fonte: Redação Byte
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