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Investimentos em startups brasileiras caem 44% no primeiro semestre

Primeiros seis meses de 2022 registraram US$ 2,92 bilhões em aportes nas pequenas empresas de tecnologia do Brasil

6 jul 2022 - 11h27
(atualizado às 14h14)
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Sob cenário de inflação global e guerra na Ucrânia, os investimentos em startups recuaram 44% no primeiro semestre de 2022 em relação ao mesmo período de 2021. As informações são do relatório semestral da empresa de inovação Distrito, revelado nesta quarta-feira, 6.

No total, o volume registrado em 2022 foi de US$ 2,92 bilhões em 327 negócios, número inferior aos US$ 5,25 bilhões do primeiro semestre de 2021, quando os dois semestres somaram quase US$ 10 bilhões. O ano passado foi considerado recorde para rodadas em empresas de tecnologia no mundo todo, inclusive no Brasil.

A comparação de 2022 com 2020, porém, é positiva: o crescimento no volume de aportes foi de 138%, indicando que o ecossistema de inovação ainda mantém ritmo acelerado de crescimento.

Segundo o relatório, o maior ajuste foi nas startups de estágio final, ou seja, unicórnios (nome dado às raras companhias com avaliação de mercado superior a US$ 1 bilhão) e companhias em estágio de pré-IPO. Nessa categoria, a queda foi de 68%.

Além disso, as startups em estágio semente (quando estão testando a viabilidade do modelo de negócio) e estágio inicial (quando começam a ganhar escala) não tiveram reajuste tão grande no volume de aportes: aumento de 86% e 14%, respectivamente.

Loft é uma startup de compra e venda de imóveis, avaliada em US$ 2,9 bilhões em abril de 2021
Loft é uma startup de compra e venda de imóveis, avaliada em US$ 2,9 bilhões em abril de 2021
Foto: Divulgação/Loft / Estadão

Para Gustavo Araújo, presidente executivo da Distrito, a força no mercado inicial se justifica pelo fato de os fundos de investimento ainda terem "dry powder" — isto é, dinheiro levantado nos últimos anos que ainda deve ser desembolsado. "As gestoraas continuam captadas e seguem investindo em etapas iniciais, porque o Brasil segue com problemas estruturais que podem ser resolvidos por essas startups no futuro", explica.

A diferença, continua ele, é que "os fundos estão mais exigentes. Hoje as startups não devem só crescer de maneira agressiva, mas ter mais sustentabilidade de crescimento". Araújo acredita que as startups vão demorar mais tempo para levantar as rodadas e que os investidores vão ficar mais criteriosos antes de investir.

Para os próximos meses, a Distrito espera que vá haver uma correção no mercado de startups em estágio inicial nos próximos meses, depois de a retração do mercado afetar o late stage desde o início do ano. "Deve haver algum tipo de correção em volume ou quantidade. Não deve sofrer igual o late stage, porque as empresas estão em outro estágio de maturidade", acredita Araújo.

Estadão
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