Versões silvestres de legumes, frutas e cereais viralizam; veja fotos!
A domesticação de plantas como frutas, legumes e cereais aconteceu há milhares de anos, mas algumas delas ainda crescem por aí. Saiba como eram os alimentos
Você sabia que o ser humano não domesticou só os animais, mas também as plantas? Mesmo sem ter conhecimentos de genética, nossos ancestrais agricultores cruzaram espécies selvagens para obter plantas saborosas e nutritivas, desde legumes e verduras a frutas. As versões silvestres de algumas delas podem surpreender, sendo menores, mais duras e, às vezes, irreconhecíveis.
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Mais cedo neste ano, o professor de história Dennis Almeida viralizou nas redes sociais ao exibir as versões silvestres de alguns alimentos, como cenoura, banana, milho, uva e tomate. Ele ainda comenta como os alimentos foram se adequando às nossas necessidades, algo que fazemos até hoje, não apenas com cruzamentos, mas também com engenharia genética. Vamos ver como eram (e ainda são) alguns alimentos selvagens?
Banana
Quase todas as frutas, legumes e verduras que comemos, na verdade não existem na Natureza…
Se compararmos as versões que achamos na feira com as "originais", podemos tomar alguns sustos…
Na imagem abaixo, temos uma Banana Silvestre (Musa balbisiana) cheia de caroços… pic.twitter.com/LDMcIe4hm0
— Dennis Almeida 👨🏼🏫 (@DennisAlmeida82) May 27, 2022
Como podemos ver na imagem, a banana silvestre tinha sementes muito maiores e pouco espaço para o fruto comestível. Selecionamos, é claro, as bananas que tinham caroços menores e em pouca quantidade, e "clonamos" os pés para produzir bastante, o que acaba causando problemas: uma mesma doença atinge todas as bananeiras igualmente, já que não há diversidade genética nas plantações.
Uva
Esse é um cacho de uvas silvestres (Vitis sylvestris), bem menos exuberante que aqueles grandes cachos que vemos em parreirais…
A grande verdade é que ao longo do processo de sendentarização, nós modificamos diversos vegetais para se adequarem ao que queríamos deles. pic.twitter.com/vS6aijFvlT
— Dennis Almeida 👨🏼🏫 (@DennisAlmeida82) May 27, 2022
Semelhante ao caso da banana, selecionamos o melhor da fruta, ou seja, a versão mais polpuda e aproveitável. As uvas silvestres são bem menores e menos suculentas, com cachos aparentemente "pobres". Isso, é claro, aos olhos de um humano faminto e possivelmente sedento de um bom vinho.
Milho
Aqui vemos o milho em sua versão silvestre, uma versão intermediária e a que vamos comer nas festas juninas que estão para começar. Esta seleção foi feita ao longo de milênios pelos povos originários que habitavam a América. Como disse, essa seleção é recorrente na agricultura. pic.twitter.com/fOUTn0GsVB
— Dennis Almeida 👨🏼🏫 (@DennisAlmeida82) May 27, 2022
Os cereais também não ficam fora dessa. O milho, muito tradicional em diversas cozinhas — especialmente algumas culturas sul-americanas —, já foi pequeno, duro e pouco saboroso. Na imagem postada por Almeida, logo acima, podemos ver também uma versão intermediária da seleção artificial feita por nós, quando os grãos já estavam maiores. Na próxima festa junina, agradece aos incas por domesticar e deixar o milho bem suculento.
Laranja
No caso da laranja, ela é resultado de enxertos do pomelo (Citrus maxima) com a tangerina, ou mexerica, ou bergamota (Citrus reticulata), você entendeu…Existem registros de laranjas na China com mais de 6 mil anos de idade! Na imagem uma imagem de cada um dos frutos. pic.twitter.com/g81Lu6rAHF
— Dennis Almeida 👨🏼🏫 (@DennisAlmeida82) May 27, 2022
A laranja é uma surpresa dupla, já que ela não existe em forma silvestre! Ela é, na verdade, um cruzamento entre duas espécies diferentes de fruta. Nós a criamos misturando enxertos do pomelo (Citrus maxima) com a tangerina (Citrus reticulata), combinando características dos dois para obter um sabor e textura únicos. Há registros de laranjas de mais de 6 mil anos atrás na China, como relata Almeida em seus tweets.
Cenoura
Aqui temos exemplos de cenouras selvagens. Uma raiz não muito diferente de outras…
Quando plantamos, escolhemos exemplares com características que nos chamam a atenção. Cor, tamanho, sabor, texturas… e isto acabou moldando estes vegetais e também a forma como vemos a comida. pic.twitter.com/g7zJVgCN6N
— Dennis Almeida 👨🏼🏫 (@DennisAlmeida82) May 27, 2022
Hoje em dia vistosas, as cenouras já foram raízes muito mais finas e, na verdade, não tão diferentes de outra raízes menos bulbosas. Como Almeida explica em seu tweet, diversos fatores foram sendo selecionados durante a domesticação das plantas, considerando o que mais apela a nós, humanos, é claro — sem muita consideração para fatores de sobrevivência do ente que selecionávamos.
Tomate
Aqui temos tomates selvagens. Esta fruta foi domesticada por povos originários da América do Norte e Central. O nome tomate vem do náuatle tomatl, que significa "fruta gorda".
Em italiano, chamam-no de "pomodoro" ou "maçã dourada", devido à sua cor amarela dourada original. pic.twitter.com/vxCREOjeYj
— Dennis Almeida 👨🏼🏫 (@DennisAlmeida82) May 28, 2022
Já o tomate foi domesticado por povos nativos das Américas do Norte e Central, como Almeida explicita em sua thread. Em nahuatl, ou asteca antigo, "tomatl" significa "fruta gorda", o que, convenhamos, é mais aplicável às versões atuais da fruta. Mais adequado à versão silvestre menor e menos vermelha, está o termo italiano "pomodoro" (pomo de ouro, ou maçã de ouro), que referencia o amarelo/dourado de suas origens.
E assim como o historiador lembra, tais mudanças mostram como nossos ancestrais eram inventivos e conhecedores da terra: sem intervenções laboratoriais, eles foram capazes de modificar o ambiente em que viviam e tirar o máximo possível dos alimentos cultivados.
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