Espécie mexicana de peixe usa bigode para atrair fêmeas
Estudo sugere que característica é visualmente atraente e pode ter também função tátil.
30 jun2010 - 06h09
(atualizado às 09h27)
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Os machos de uma espécie mexicana de peixe usam bigodes para se tornarem mais atraentes para as fêmeas, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira. Até agora, os cientistas não sabiam por que os peixes da espécie conhecida como Molinésia mexicana (Poecilia sphenops) desenvolveram uma estrutura similar a um bigode acima do lábio.
Mas o estudo, publicado na revista especializada Behavioral Ecology and Sociobiology, revelou que as fêmeas acham o bigode sexualmente atraente. Além do apelo visual, o bigode pode também ser usado para estimular o órgão sexual das fêmeas.
A Molinésia vive no México, onde é uma espécie relativamente comum encontrada em locais que variam de pequenos rios a riachos e lagos.
Esses peixes têm um comportamento reprodutivo complicado, com os machos fertilizando as fêmeas internamente, em vez de espalhar o sêmen sobre ovos colocados externamente.
Experimentos
Os cientistas queriam entender por que apenas alguns machos da espécie tinham o bigode. O estudo foi realizado pelo professor de zoologia Ingo Schlupp, da Universidade de Oklahoma, nos Estados Unidos, com outros cientistas americanos e alemães.
Eles estudaram vários machos e fêmeas capturados em seu habitat natural. Os cientistas fizeram uma série de experiências, colocando machos e fêmeas em tanques, medindo o tempo que as fêmeas passavam ao lado de cada macho e comparando esses dados com o comprimento dos bigodes. Eles também estudaram como as fêmeas respondiam a vídeos mostrando diferentes machos.
Os resultados foram claros. Nos experimentos com mais de cem peixes, as fêmeas foram consistentes em sua preferência pelos machos com bigodes.
"A estrutura similar ao bigode parece ser uma característica selecionada sexualmente que antes não era reconhecida em peixes da família Poeciliidae", disseram os pesquisadores.
Função tátil
Apesar de terem testado apenas o apelo visual do bigode, os cientistas acreditam que ele também tenha uma função tátil. "Isso é baseado na observação geral de que os machos tocam a região genital das fêmeas com a boca antes da copulação", disse Schlupp à BBC.
Os cientistas acreditam que, além de serem estimuladas, as fêmeas possam obter informações sobre os machos dessa forma. "Várias outras espécies, incluindo os peixes-gato, têm estruturas semelhantes, a maioria com funções desconhecidas", disse Schlupp.
O Instituto Internacional da Exploração de Espécies, sediado na Universidade Estadual do Arizona, nos Estados Unidos, anunciou sua lista anual das 10 principais espécies descobertas. Entre elas, está o peixe "psicodélico": o Histiophryne psychedelica parece exatamente o que o nome diz, um corpo com uma incomum "pintura" psicodélica. Achado na Indonésia
Foto: AP
Peixe "Drácula": o Danionella Drácula entrou para a lista exatamente pelos longos dentes dos machos que são utilizados durante brigas. É o primeiro registro desse tipo de dente na família Cyprinidae
Foto: Divulgação
Verme "bombardeiro": o Swima bombiviridis tem guelras modificadas que podem ser lançadas
Foto: Divulgação
Esponja "assassina": a Chondrocladia (Meliiderma) turbiformis surpreendeu a ciência ao ser descoberta há anos por ser carnívora. O que chamou a atenção nessa espécie foi uma espícula encontrada e que formas similares eram vistas em fósseis do Mesozoico, época em que viveram os dinossauros, o que indica que as esponjas carnívoras já existiam nessa época
Foto: Divulgação
O peixe elétrico uruguaio
o Gymnotus omarorum na verdade já era conhecido há décadas e era modelo de estudos, mas era erroneamente nomeado como sendo um Gymnotus carapo, mas neurofisiologistas uruguaios descobriram que na realidade era uma espécie diferente. Segundo o instituto, esse caso é um exemplo de como conhecemos pouco sobre a biodiversidade, já que um "modelo de estudos" passou décadas sem ser corretamente descrito.
Foto: Divulgação
A lesma comedora de insetos: a Aiteng ater faz parte de uma família recentemente descoberta, a Aitengidae, mas ao contrário dos parentes - que se alimentam, na maioria, de algas e alguns preferem ovos de gastrópodes -, ela come insetos. Encontrada na Tailândia.
Foto: Divulgação
Planta carnívora: o que chama a atenção na Nepenthes attenboroughii é o tamanho de seu "jarro", um dos maiores conhecidos, com 30cm por 16 cm. A planta consome insetos que caem no fluido do jarro. É encontrada nas Filipinas e corre grande risco de extinção.
Foto: Divulgação
Inhame bizarro: o Dioscorea orangeana é um inhame de Madagascar, mas completamente diferente dos demais inhames do país, tendo vários lobos, em vez de um só
Foto: Divulgação
A aranha fêmea gigante e o macho minúsculo: a Nephila komaci é uma aranha que tem uma grande diferença entre o tamanho do macho e da fêmea - 8,7 mm para 39,7 mm, respectivamente. É a primeira espécie de Nephila descoberta desde 1879
Foto: Divulgação
Cogumelo homenagem: a Phallus drewesii é uma das duas espécies de cogumelos que homenageiam o doutor Robert Drewes, da Academia de Ciências da Califórnia
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