Espetáculo solo eleva equilibrista da periferia de SP a nome promissor do circo

Artista é nascido e criado em Cidade Tiradentes, zona leste da capital paulista, onde começou aos dez anos em projeto social

11 dez 2025 - 08h21
Resumo
Guilherme Torres, equilibrista de Cidade Tiradentes, em São Paulo, estreia seu espetáculo solo "Vidrado", destacando-se como referência do circo no Brasil após trajetória transformadora iniciada em um projeto social local.
Guilherme Torres no espetáculo de equilibrismo com garrafas de vidro, monociclo e bicicleta para contar uma jornada de superação.
Guilherme Torres no espetáculo de equilibrismo com garrafas de vidro, monociclo e bicicleta para contar uma jornada de superação.
Foto: Max Di Giosia

Muita gente não sabe que em Cidade Tiradentes, extremo da zona leste de São Paulo, em meio a tantos desequilíbrios, vive um sujeito que aprendeu a, literalmente, se equilibrar: Guilherme Torres, o equilibrista profissional, artista de circo que estreia seu primeiro espetáculo solo Vidrado.

Com 27 anos, ele começou no mesmo lugar onde agora ajuda a formar novas gerações: o Centro Cultural Arte em Construção, sede do Instituto Pombas Urbanas, em Cidade Tiradentes. O Instituto é reconhecido como um polo cultural com atividades gratuitas e constantes, recebendo mais de vinte mil pessoas por ano em oficinas, formações, apresentações e encontros.

Publicidade

Guilherme tinha dez anos quando entrou no projeto de circo social do Pombas, em 2008, sem imaginar que aquele passo mudaria sua vida. Era um moleque como tantos outros da quebrada, procurando um rumo, um canto seguro para conviver e descobrir alguma novidade. Acabou encontrando nas aulas de circo e teatro uma forma de abrir a cabeça e expandir suas ideias.

Espetáculo mostra a maturidade e a autonomia artística de Guilherme Torres, com direção de Adriano Mauriz, parceiro de longa data.
Foto: Max Di Giosia

Passando a visão pra molecada da quebrada

Guilherme chegou e foi ficando. O rolê virou corre diário, com treino firme, cada vez mais se envolvendo com a arte. Em 2012, adolescente, fundou ao lado de outros aprendizes e do diretor Adriano Mauriz, o Circo Teatro Palombar. Aprendeu a criar coletivamente, a entender a cena e a se perceber como parte de algo maior do que um simples número circense. 

Em 2016, nova fase: vira arte educador no Centro Cultural Arte em Construção. A mesma sala onde ele sentava como aluno virou o lugar de mostrar novos caminhos para outra molecada, compartilhando o processo que mudou sua vida. Até hoje, Guilherme formando jovens da própria quebrada, provando que a arte pode ser caminho real e um destino para muita gente.

O artista entrou para outros grupos, como Exército Contra Nada e Cia Alamanda. Ampliando seu repertório, descobriu uma grande paixão: o equilibrismo, técnica à qual se dedicou para criar uma linguagem própria, ousada, divertida e sensível. Hoje, ele é um dos nomes de destaque da técnica no Brasil, unindo o tradicional ao contemporâneo e construindo cenas inspiradas na quebrada.

Publicidade
Espetáculo Vidrado conta a jornada de um viajante de bicicleta decidido a chegar ao topo de uma montanha.
Foto: Max Di Giosia

Equilibrista estreia espetáculo solo

Esse corre todo desemboca em 2025, com um passo firme do menino de Cidade Tiradentes. Ele acaba de estrear seu primeiro espetáculo solo, Vidrado, trazendo um número inédito de equilibrismo que usa garrafas de vidro, monociclo e bicicleta acrobática para contar uma jornada de superação.

O espetáculo conta a jornada de um viajante de bicicleta decidido a chegar no topo de uma montanha — e o paralelo com a vida de Guilherme é claro. Como o viajante, ele caiu, levantou, insistiu e encontrou no equilíbrio um jeito de seguir.

Cada movimento reflete anos de treino, dedicação e ralação no Centro Cultural. Cada número lembra o caminho do menino curioso que virou artista dedicado. Ele devolve ao público um pouco do que aprendeu na Cidade Tiradentes.

Fonte: Visão do Corre
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações