Atlas reforça que periferias são as maiores vítimas da crise climática na América Latina

Caribe também está incluído no Atlas Climático que será lançado na COP30. Gratuito, pode ser acessado e baixado

14 nov 2025 - 07h53
Resumo
Lançado na COP30, o Atlas da Justiça Climática destaca como as periferias da América Latina e Caribe são as maiores afetadas pela crise climática, propondo soluções e novas perspectivas territoriais para enfrentar os desafios do século XXI.
O clima seco no interior e na Região Metropolitana de São Paulo colocam mais de 10% da população do país em situação delicada.
O clima seco no interior e na Região Metropolitana de São Paulo colocam mais de 10% da população do país em situação delicada.
Foto: Rovena Rosa/AB

“Nos países do Sul, ou da periferia global, os efeitos das mudanças climáticas têm maior probabilidade de gerar mais riscos para a sociedade” – esta é uma das inúmeras passagens do Atlas da Justiça Climática na América Latina e no Caribe, lançado na COP30, em que se repete uma verdade prioritária: as periferias estão pagando a maior parte da conta da crise ambiental.

Inúmeros estudos e especialistas têm apontado essa injustiça, sendo o Atlas, lançado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), mais uma prova. Gratuito, afirma que “a transição energética nos países centrais está alimentando novas formas de extrativismo, transferindo os impactos ambientais para a periferia global”.

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O Atlas traduz dados e debates complexos sobre a crise climática em imagens e mapas capazes de comunicar as múltiplas dimensões e desafios. Foi elaborado ao longo de dois anos por uma equipe interdisciplinar de cerca de 40 profissionais das áreas de pesquisa, cartografia, comunicação e ativismo.

Lajeado, Rio Grande do Sul: ciclone extratropical matou 21 pessoas no estado e mais uma em Santa Catarina em 2023.
Foto: Marcelo Caumors/Instagram

Atlas denuncia, mas também apresenta soluções na COP30

Segundo os organizadores o Atlas vai além da simples apresentação de informações: propõe novas formas de compreender o território, o poder e as resistências, contribuindo para o debate sobre como redesenhar as relações entre sociedade e natureza diante dos desafios do século XXI.

Para Carlos Milani, professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp/Uerj) e um dos editores Atlas, o material “convida ao compartilhamento de conhecimentos, à denúncia e à ação em prol de futuros mais justos, habitáveis e pluriversos”.

O Atlas não é feito só de denúncias e aspectos negativos da América Latina e Caribe, que são frequentemente retratados apenas por suas vulnerabilidades. A região também aparece como território de criatividade social e imaginários políticos desenvolvidos em meio aos impactos da crise climática.

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Quase 7,3 mil pessoas deixaram suas casas no Rio Grande do Sul por causa das chuvas em junho deste ano.
Foto: Alexandre Pessoa

Quem fez o Atlas climático lançado na COP30?

O Atlas foi produzido pelo Observatório Interdisciplinar das Mudanças Climáticas (OIMC) da Uerj, em parceria com o Observatório de Geopolítica y Transiciones Ecosociales (GeoEcos), da Universidade Complutense de Madrid (UCM). Outras organizações relevantes participam, como o Ateliê de Cartografia do Laboratório de Análise Política Mundial (LABMUNDO),

No Brasil, o Observatório Interdisciplinar das Mudanças Climáticas esteve à frente do Atlas. Criado em 2020, no âmbito do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp/Uerj), com apoio do Instituto Clima e Sociedade (ICS), o OIMC reúne professores, pesquisadores e estudantes de diversas universidades.

O objetivo de promover e difundir pesquisas, conhecimentos e práticas sobre a relevância central das mudanças climáticas nos modelos de desenvolvimento e nos processos de transformação social. Para os organizadores, o Atlas representa um importante instrumento didático e de mobilização política, especialmente no contexto da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, que acontece em Belém (PA).

Fonte: Visão do Corre
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