Saiba a história das equipes de quebrada que, conforme classificou o site oficial da Taça das Favelas, foram “do sonho à decisão”. Campeão, vice, artilheiro, destaque e técnico são premiados. Organização não divulga eventuais premiações em dinheiro.
Nas finais da Taça das Favelas em São Paulo, a equipe feminina da Associação Esportiva Cidade Tiradentes busca o bicampeonato, enquanto os outros finalistas tentam o primeiro título – no masculino, dois times da Grande São Paulo se enfrentam no Pacaembu, com o Vila São José, de São Bernardo do Campo, completando 50 anos.
A final feminina reúne Cidade Tiradentes, quebrada emblemática da zona leste, contra o Michihisa Murata, da região da Brasilândia, zona norte. No masculino, dois times da Grande São Paulo: o cinquentenário Vila São José enfrenta o Favela da 13, de Guarulhos.
Cidade Tiradentes busca bicampeonato da Taça das Favelas
A base do time que disputa a segunda final feminina da Taça das Favelas pela Associação Esportiva Cidade Tiradentes foi formada há três meses, embora a equipe de mulheres seja de 2022.
A Associação Esportiva Cidade Tiradentes foi fundada em 1998, na zona leste. Começou com amigos que se reuniam para jogar bola. Na trajetória de quase três décadas, disputou finais importantes de futebol amador.
Em 2016, Cuca Campana assumiu a presidência com a condição de dirigir o clube do seu jeito. Montou a categoria de veteranos, foram ganhando força e, em 2023, conquistaram a primeira Taça das Favelas, com o masculino. Em 2024, venceram no feminino.
“O pessoal é muito acolhedor. Quando perdi minha casa em um incêndio, eles me ajudaram e até me deram uma chuteira. Hoje estou competindo na minha primeira final e estou muito feliz por isso”, diz Isabelle Cristine, volante do time feminino.
Complexo Michihisa Murata: a virada da comunidade na Brasilândia
O Complexo Michihisa Murata, comunidade da Brasilândia, zona norte, leva o nome da avenida que dá acesso à comunidade, e que batizou a equipe feminina finalista da Taça das Favelas.
A história do futebol na quebrada começa com o Esporte Clube Vida Loka, fundado em 2003. “Praticamente cem por centro dos moradores são torcedores do Vida Loka”, afirma Marco Scapucim, dirigente do time.
Um dos feitos do Vida Loka é a conquista da Copa Kaiser, em 2009. A retomada do futebol feminino veio em 2022. O time conquistou a Copa Martins Neto, estreou em 2023 na Taça das Favelas e não disputou no ano passado. Neste ano, chegou à final.
“Acreditamos muito no título. Mas, mesmo parecendo clichê, o fato de estar na final, realizar o sonho das nossas atletas e da comissão técnica, vale muito. É maravilhoso ver nossas meninas sentindo o sabor de representar a favela em um grande palco do futebol”, enfatiza o dirigente.
Com 50 anos, Vila São José chega à primeira final
Na final masculina, a cidade de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, é representado há meio século pelo Vila São José, que chega à primeira final da Taça das Favelas. A quebrada fica no distrito de Ferrazópolis, região conhecida pelos morros.
Embora a região registre ocupação desde o século 19, o primeiro loteamento organizado começou em 1950. Duas décadas depois, o cadastro de favelas da Prefeitura indicava 700 barracos. É quando surge o time Vila São José, em 1975.
Veterano em ótima forma, o time chega aos 50 anos com categorias de 15 a 17 anos, time de base, amador e veterano. O campo de grama sintética, sem arquibancada, foi reformado em 2021.
Segundo o responsável pela comunicação do Vila São José, Diego Carvalho, o time “merece muito ser bem propagado, por toda a dificuldade que passou. A comunidade ainda está tentando entender, aprender e executar quem ele é nesse mundo esportivo, mas as pessoas perceberão toda a história linda que ele tem e terá”.
Favela da 13, de Guarulhos, luta e sonha como formas de vencer
A final masculina traz outro time da Grande São Paulo, o Favela da 13, da zona norte de Guarulhos – o nome vem da numeração das ruas. Começou em 2014 com amigos boleiros fundando a Turma do Beco, mesmo sem campo e apoio para manter as atividades.
Mas o Favela da 13 se firmou. Em 2022, estrou na Taça das Favelas, conquistando o terceiro lugar. “O time representa orgulho e gratidão, para mostrar que dentro da favela existem sonhos, objetivos e vitórias possíveis. O que estava engasgado lá atrás, podemos alcançar agora”, acredita Gegê, diretor do time.
Ele relata que “muitas vezes, as pessoas de fora olham torto só porque somos moradores de favela, mas isso não nos desanima”. O time que disputa a final se tornou espaço de convivência e valorização da juventude. Favela da 13 enxerga que lutar e sonhar também são formas de vencer.
Serviço:
Final Taça das Favelas São Paulo 2025
Data: 30 de agosto, sábado
Abertura dos portões: 12h
Final feminina: 14h
Cidade Tiradentes (SP) x Michihisa Murata (SP)
Final masculina: 15h50
Vila São José (São Bernardo) x Favela da 13 (Guarulhos)
Local: Mercado Livre Arena Pacaembu