Posso engravidar tomando Mounjaro? Especialistas explicam os riscos e os cuidados

Médicos alertam que o medicamento pode aumentar a fertilidade e reduzir a eficácia da pílula

19 dez 2025 - 04h59
Resumo
Especialistas alertam que o uso do Mounjaro pode aumentar a fertilidade e reduzir a eficácia de anticoncepcionais orais, exigindo métodos contraceptivos alternativos e cuidado redobrado no caso de gravidez ou amamentação.
Mulheres podem engravidar fazendo uso do Mounjaro
Mulheres podem engravidar fazendo uso do Mounjaro
Foto: Reprodução/unsplash

A ex-BBB Laís Caldas anunciou a gravidez em suas redes sociais e afirmou que engravidou mesmo fazendo uso da pílula anticoncepcional. Segundo ela, o Mounjaro foi responsável por diminuir o efeito do contraceptivo, levando a uma gravidez não planejada.

De acordo com Taciana Fontes, especialista em Reprodução Humana, o Mounjaro é um medicamento indicado para o tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade, doenças que podem dificultar a fertilidade. Por isso, quando tratadas, acabam aumentando as chances de gravidez.

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Mulheres que não têm diabetes tipo 2 nem obesidade, mas fazem uso do Mounjaro, também podem ter aumento das chances de engravidar, segundo Fontes. Isso acontece porque o medicamento melhora o funcionamento hormonal de uma mulher que já é fértil.

“Ele vai melhorar a ação da insulina, a ação dos hormônios do eixo entre hipotálamo e hipófise. Os hormônios que ela produz ao longo do ciclo menstrual vão estar no melhor funcionamento e o endométrio, camada íntima do útero, fica mais receptivo. Então, há um aumento da fertilidade e essas mulheres, em especial, até mais do que as com obesidade, precisam tomar cuidado redobrado”, explicou a especialista.

O Mounjaro inibe o efeito do anticoncepcional?

Márcio Mancini, chefe do Grupo de Obesidade da Disciplina de Endocrinologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, aponta que o Mounjaro age em regiões do cérebro que controlam o apetite, diminuindo a vontade de comer e a fome.

Isso acontece porque o medicamento diminui a velocidade de esvaziamento do estômago, fazendo com que o alimento -- e também alguns medicamentos -- permaneçam mais tempo no órgão.

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Segundo Alessandra Bedin Pochini, ginecologista e nutróloga do Hospital Israelita Albert Einstein, estudos recentes mostraram que, no caso do anticoncepcional, o problema está relacionado ao etinilestradiol, um tipo de estrogênio. O princípio ativo do Mounjaro, a tirzepatida, faz com que o metabolismo quebre esse hormônio mais rapidamente do que o normal.

Assim, quando o anticoncepcional com etinilestradiol entra no organismo, ele é eliminado mais rápido e o nível do hormônio no sangue acaba ficando muito baixo, deixando de evitar a ovulação. É nesse momento que surge o risco de gravidez, mesmo com o uso correto da pílula.

“Durante quatro semanas, pelo menos, ela tem que usar preservativo ou algum outro método adicional ao anticoncepcional”, reforçou a ginecologista.

Mancini também destaca que a perda de eficácia ocorre apenas com anticoncepcionais orais. “O ideal é que seja usado o método de barreira ou de implante. Também existe a injeção mensal ou injeção a cada 3 meses”, afirma.

Nesse caso, os métodos contraceptivos mais indicados são:

  • DIU (de cobre ou hormonal);
  • Implantes, como o Implanon;
  • Injeções;
  • Adesivos;
  • Anel vaginal;
  • Métodos que utilizam apenas progesterona.

Posso engravidar fazendo uso do Mounjaro?

Há consenso entre os especialistas de que não é indicado engravidar durante o uso do medicamento. Embora não existam estudos em humanos que comprovem efeitos adversos do Mounjaro em bebês, testes com animais indicaram possíveis riscos.

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“Tem alteração no desenvolvimento do feto. Crescimento e metabolismo fetal, isso pode sim ser afetado com o uso tanto do Mounjaro quanto dessas outras canetas”, relata Fontes.

Segundo Pochini, mulheres com obesidade devem, inicialmente, tratar a condição antes de planejar a gravidez. “Quando uma mulher deseja a gestação, a gente primeiro trata a obesidade e depois fala para ela engravidar. O resultado tanto de fertilidade quanto de complicações na gravidez é muito melhor se eu conseguir colocar ela numa situação de saúde mais interessante”.

A recomendação é que mulheres que desejam engravidar suspendam o uso do Mounjaro -- ou de qualquer outra medicação com finalidade de perda de peso -- de um a quatro meses antes da gestação. Caso a gravidez seja descoberta de forma acidental, o medicamento deve ser interrompido imediatamente.

Mancini reforça ainda que não é aconselhável que mulheres grávidas passem por restrições calóricas. “Uma restrição calórica importante durante a gravidez pode levar ao nascimento de um bebê com baixo peso”, explicou.

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Após a gestação, mulheres que desejam retomar o tratamento com Mounjaro devem se certificar de que não estão mais amamentando. Isso porque a restrição alimentar pode reduzir a produção de leite e comprometer o aporte nutricional do bebê.

“Primeiro porque não se tem estudos que mostrem segurança, não existem estudos que comprovem que essas medicações não passem para o leite e, consequentemente, para o bebê, e também porque essas perdas de peso acentuadas podem comprometer a amamentação, pode secar o leite”, disse Fontes.

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Fonte: Portal Terra
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