Fausto Silva, 75 anos, passou por um retransplante renal no Hospital Albert Einstein, procedimento necessário quando o rim transplantado anteriormente deixa de funcionar, envolvendo avaliação rigorosa, busca por doador compatível e cirurgia com cuidados específicos.
Além de passar por um transplante de fígado nesta semana, o apresentador Fausto Silva, de 75 anos, foi submetido a retransplante renal, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Segundo a equipe médica, o procedimento foi planejado há um ano e realizado na quinta-feira, 7.
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"Os procedimentos ocorreram após o Einstein ser acionado pela Central de Transplantes do Estado de São Paulo e confirmar a compatibilidade dos órgãos doados por doador único", informou o hospital, em comunicado.
Mas o que é um retransplante renal, como feito pelo Faustão? Quando é necessário? Como funciona? O Terra conversou com o Dr. Eduardo H. Taromaru, chefe da equipe de Transplante Renal do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, para entender o procedimento.
O que é um retransplante renal?
O médico explica que o termo "retransplante" significa fazer um novo transplante de rim em uma pessoa que já recebeu um transplante antes, mas esse rim que havia sido transplantado deixou de funcionar adequadamente.
Quando é necessário fazer o retransplante?
Essa cirurgia é indicada quando o rim que foi transplantado no paciente para de funcionar de forma definitiva. Taromaru afirma que há diferentes motivos para que isso aconteça, como:
- Rejeição crônica: o sistema imunológico vai, aos poucos, danificando o rim transplantado.
- Retorno da doença original que causou a insuficiência renal (por exemplo, algumas glomerulopatias).
- Complicações cirúrgicas ou vasculares que inviabilizam o rim.
- Problemas no próprio doador (em transplantes intervivos, o que é muito raro).
"Quando o rim para de funcionar, o paciente volta a precisar de diálise até que seja possível receber um novo órgão", diz o especialista.
Para quem é indicado o procedimento?
O retransplante renal geralmente é indicado para pacientes que já tiveram um transplante, mas perderam o enxerto --a parte que foi transplantada.
Segundo o médico, o procedimento pode ser feito levando em conta os seguintes requisitos no paciente:
- Tenha condições clínicas de passar por nova cirurgia (coração, pulmão e estado geral adequados);
- Não tenha contraindicações para transplante (exemplos: infecção ativa grave, câncer não tratado);
- Seja compatível imunologicamente com um novo doador (testes de anticorpos e crossmatch negativos ou controláveis).
"O fato de já ter feito um transplante não desqualifica o paciente. Pelo contrário, muitos vivem décadas com mais de um transplante ao longo da vida", explica Taromaru.
Como funciona o retransplante?
O procedimento é semelhante ao primeiro transplante, mas exige alguns cuidados extras. O processo envolve as etapas abaixo, conforme o especialista:
Avaliação prévia detalhada
- Realizar exames clínicos, cardiológicos, laboratoriais;
- Fazer um estudo imunológico mais rigoroso, pois o paciente já teve contato com tecido de outro organismo e pode ter mais anticorpos.
Busca por doador
- O doador pode ser falecido ou vivo compatível;
- A compatibilidade é ainda mais importante para reduzir o risco de rejeição.
Cirurgia
- Normalmente, o rim anterior não é retirado (exceto se houver infecção, dor ou tumores nele);
- O novo rim é colocado no outro lado da pelve ou em posição adequada, com ligação a novos vasos sanguíneos e ureter.
Pós-operatório e imunossupressão
- O regime de medicamentos para evitar rejeição costuma ser mais intenso no início;
- O acompanhamento é frequente para detectar sinais de rejeição precoce.