Do DNA ao corpo inteiro: exames que detectam riscos futuros e doenças já existentes

Em saúde, muitas pessoas falam de alguns exames como se fossem sinônimos. Na prática, porém, eles respondem a perguntas bem diferentes. Esse é o caso do painel genético completo e da Ressonância Magnética Full Body. Ambos ajudam a investigar doenças, mas com abordagens distintas. Um olha principalmente para o DNA, enquanto o outro observa o corpo inteiro em imagens. Por […]

16 dez 2025 - 11h30

Em saúde, muitas pessoas falam de alguns exames como se fossem sinônimos. Na prática, porém, eles respondem a perguntas bem diferentes. Esse é o caso do painel genético completo e da Ressonância Magnética Full Body. Ambos ajudam a investigar doenças, mas com abordagens distintas. Um olha principalmente para o DNA, enquanto o outro observa o corpo inteiro em imagens. Por isso, entender essa diferença se torna importante, para que a pessoa saiba o que cada exame pode ou não oferecer.

De forma simples, o painel genético completo tenta descobrir se o organismo nasceu com alterações nos genes que aumentam a chance de desenvolver algumas doenças no futuro. Já a Ressonância Magnética Full Body busca identificar se já existe alguma alteração visível nos órgãos, músculos, ossos ou vasos sanguíneos no momento do exame. Assim, um exame fala mais de tendências e riscos, enquanto o outro fala de situações já presentes. Portanto, a escolha entre um e outro depende também do tipo de dúvida que a pessoa deseja esclarecer e das orientações do profissional de saúde.

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O que é um painel genético completo e para que ele serve?

O painel genético completo é um exame que analisa grande quantidade de genes ao mesmo tempo, por meio de uma amostra de sangue ou saliva. O objetivo principal envolve verificar se a pessoa carrega mutações genéticas herdadas que aumentam o risco de doenças, como alguns tipos de câncer, problemas cardíacos hereditários, doenças neurológicas ou metabólicas. Esses resultados não significam certeza de que a doença vai aparecer. Em vez disso, eles indicam que o risco supera o esperado na população em geral.

Em geral, profissionais de saúde solicitam esse tipo de exame em situações como histórico familiar importante de câncer precoce, morte súbita em parentes jovens ou doenças raras em mais de um membro da mesma família. Além disso, muitos casais utilizam o exame no planejamento de gravidez, quando desejam saber se carregam alterações genéticas que possam transmitir aos filhos. Em muitos casos, o resultado orienta rastreamentos mais rigorosos e mudanças de estilo de vida. Em algumas situações, o exame até apoia decisões sobre cirurgias preventivas, sempre com avaliação em consulta médica e apoio de aconselhamento genético especializado.

De forma simples, o painel genético completo tenta descobrir se o organismo nasceu com alterações nos genes que aumentam a chance de desenvolver algumas doenças no futuro –
De forma simples, o painel genético completo tenta descobrir se o organismo nasceu com alterações nos genes que aumentam a chance de desenvolver algumas doenças no futuro –
Foto: depositphotos.com / Aumwattana / Giro 10

Quais as limitações, prós e contras do painel genético completo?

Entre os pontos positivos, o painel genético completo permite identificar riscos futuros mesmo em pessoas sem sintomas. Dessa forma, o exame contribui para um acompanhamento mais próximo, com possibilidade de diagnóstico precoce de algumas doenças. Outro ponto favorável envolve o fato de que a pessoa precisa realizar o exame apenas uma vez, já que o DNA não muda ao longo da vida. Além disso, familiares podem se beneficiar da informação, pois a mesma alteração genética também pode aparecer em parentes próximos.

Por outro lado, o exame apresenta limitações importantes. O painel genético não mostra se já existe um tumor ou lesão no corpo; ele apenas indica se existe maior probabilidade de que isso ocorra. Em muitos casos, os laudos trazem resultados chamados de "variante de significado incerto", ou seja, alterações no DNA cuja importância a ciência ainda não compreende totalmente. Esse tipo de achado pode gerar dúvidas e demanda acompanhamento com genética médica. Em alguns casos, também pode causar ansiedade, o que reforça a importância do suporte psicológico e de explicações claras. Em relação a valores, no Brasil, em 2025, painéis genéticos amplos custam aproximadamente de R$ 2.000 a mais de R$ 6.000. O preço varia conforme a quantidade de genes analisados, a tecnologia do laboratório e a inclusão ou não de aconselhamento genético.

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O que é Ressonância Magnética Full Body e como ela funciona?

Ressonância Magnética Full Body é um exame de imagem que avalia praticamente o corpo inteiro em uma única sessão, geralmente do crânio até a pelve. Em alguns protocolos, o exame também inclui braços e pernas. Esse exame utiliza um campo magnético e ondas de rádio, sem uso de radiação ionizante. O objetivo envolve identificar alterações estruturais já existentes, como tumores em estágio inicial, inflamações, cistos, malformações vasculares ou alterações em órgãos internos, músculos e ossos.

Muitas pessoas buscam esse exame como parte de check-ups mais completos ou em situações de histórico familiar de câncer ou outras doenças que possam surgir em diferentes partes do corpo. Além disso, o exame pode ajudar quando surgem sintomas pouco específicos, como dor persistente sem causa aparente, emagrecimento involuntário ou alterações em exames de sangue que levantam suspeita de alguma doença sistêmica. Quando realizado com protocolos específicos, o exame também complementa o acompanhamento de pacientes com doenças já diagnosticadas, oferecendo uma visão ampla do organismo e ajudando no planejamento do tratamento.

Quais as diferenças principais entre painel genético e Ressonância Magnética Full Body?

Enquanto o painel genético completo é um exame que observa o material genético e tenta prever probabilidades futuras, a Ressonância Magnética Full Body avalia o estado atual do corpo, em busca de sinais de doenças já em andamento. Em outras palavras, o primeiro exame responde à pergunta "há maior risco de desenvolver determinada doença?", e o segundo tenta responder "existe alguma alteração visível neste momento?". Assim, cada exame ocupa um papel diferente na prevenção e no diagnóstico.

Outra diferença importante envolve o tipo de informação gerada. O painel genético mostra algo que acompanha a pessoa pela vida, enquanto a ressonância registra um "retrato" de como o corpo se encontra em determinado dia. Além disso, o painel genético depende muito da interpretação do histórico familiar e do aconselhamento com especialista. Já a ressonância exige boa qualidade de imagem e um radiologista treinado para avaliar milhares de cortes do exame. Portanto, ambos exigem equipes qualificadas, mas em áreas técnicas distintas. Em muitos casos, o resultado de um exame pode orientar a necessidade do outro, criando uma estratégia integrada de cuidado.

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Quais são as limitações, vantagens e desvantagens da Ressonância Magnética Full Body?

Como ponto favorável, a Ressonância Magnética Full Body permite avaliar, em um único exame, diversas regiões do organismo, sem uso de radiação. Esse aspecto se torna positivo quando a pessoa pensa em repetir o exame ao longo dos anos. Além disso, a ressonância pode detectar lesões ainda pequenas, que talvez não causassem sintomas, o que possibilita tratamento em fases mais iniciais em alguns casos. Outro benefício envolve a boa definição de tecidos moles, como cérebro, fígado, músculos e ligamentos.

Entre as limitações, a ressonância não enxerga todos os órgãos da mesma forma. Alguns tipos de câncer muito pequenos ou em fases bem iniciais podem não aparecer. Além disso, o exame costuma durar mais tempo e exige que a pessoa permaneça parada dentro do aparelho. Em alguns casos, o exame também precisa de contraste. Com frequência, surgem achados chamados de "incidentalomas", que são alterações sem importância clínica ou de significado incerto, o que exige novos exames e gera maior investigação. Essa situação pode causar preocupação desnecessária até que os médicos esclareçam o achado. Em relação a custos, a Ressonância Magnética Full Body, em 2025, geralmente custa entre R$ 3.000 e R$ 10.000, dependendo do serviço, da região do país, da necessidade de contraste e da complexidade do protocolo utilizado.

Quando considerar cada exame e quais cuidados tomar?

De forma geral, o painel genético completo se mostra mais indicado quando existe histórico familiar sugestivo de doenças hereditárias ou quando um médico suspeita de uma síndrome genética específica. Já a Ressonância Magnética Full Body tende a entrar em cena em check-ups mais detalhados ou na investigação de sintomas e alterações laboratoriais, especialmente em pessoas com maior risco de algumas doenças. Em muitos casos, esses exames não se excluem; ao contrário, eles podem se complementar, pois cada um oferece um tipo de informação.

Antes de realizar qualquer um dos dois, a pessoa precisa decidir em conjunto com um profissional de saúde, que avalia idade, histórico, expectativa em relação aos resultados e impacto que essas informações podem trazer para o dia a dia. Tanto o painel genético quanto a Ressonância Magnética Full Body exigem interpretação cuidadosa, para que os achados realmente contribuam para um plano de acompanhamento e não se tornem apenas dados difíceis de entender. Também é importante discutir previamente o que a pessoa deseja ou não saber, para evitar surpresas que não está preparada para receber. Assim, o uso desses recursos tende a se mostrar mais adequado e alinhado com a realidade de cada pessoa, favorecendo escolhas mais conscientes em relação à própria saúde.

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Enquanto o painel genético completo é um exame que observa o material genético e tenta prever probabilidades futuras, a Ressonância Magnética Full Body avalia o estado atual do corpo –
Foto: depositphotos.com / AndrewLozovyi / Giro 10
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