A doença pulmonar obstrutiva crônica, conhecida pela sigla DPOC, representa hoje uma das principais causas de morte no mundo e está diretamente ligada a fatores que podem ser, em boa parte, evitados. Trata-se de um problema respiratório que dificulta a passagem de ar pelos pulmões, causando falta de ar, tosse persistente e limitação nas atividades diárias. O tema da prevenção e do tratamento da DPOC ganhou destaque nos últimos anos, especialmente com o envelhecimento da população e a permanência de hábitos de risco.
Mesmo sendo uma condição crônica, a DPOC não surge de forma repentina. Em geral, o quadro se desenvolve ao longo de muitos anos, silenciosamente, até que os sintomas se tornem mais evidentes. Por isso, identificar comportamentos que aumentam o risco, como o tabagismo e a exposição a poluentes, é uma estratégia fundamental para reduzir novos casos e também para evitar que a doença avance em quem já recebeu o diagnóstico.
O que é DPOC e como ela afeta os pulmões?
A doença pulmonar obstrutiva crônica engloba principalmente dois problemas respiratórios: enfisema pulmonar e bronquite crônica. Nos dois casos, há comprometimento das vias aéreas e das estruturas internas do pulmão, fazendo com que o ar entre e saia com dificuldade. Aos poucos, o organismo passa a receber menos oxigênio, o que leva a cansaço, dificuldade para realizar esforços simples e sensação de aperto no peito.
Entre os sintomas mais comuns da DPOC estão a tosse prolongada, muitas vezes com catarro, falta de ar aos pequenos esforços, chiado no peito e infecções respiratórias frequentes. Em estágios mais avançados, a pessoa pode ter dificuldade até para atividades básicas, como tomar banho ou caminhar dentro de casa. Sem acompanhamento adequado, o quadro pode evoluir para internações recorrentes e maior risco de morte por complicações respiratórias e cardiovasculares.
Como prevenir a DPOC no dia a dia?
A prevenção da DPOC começa, principalmente, pela redução da exposição a fatores que agredem o pulmão. O cigarro é o mais conhecido deles, mas não é o único. Fumaça de lenha, poluição urbana intensa e contato com poeiras e produtos químicos em ambientes de trabalho também aumentam o risco. Diminuir esses fatores ao longo da vida é a forma mais eficaz de evitar o desenvolvimento da doença.
Algumas medidas práticas podem ser destacadas:
- Parar de fumar: a interrupção do tabagismo é a estratégia mais importante. Mesmo quem fuma há muitos anos pode ter benefícios ao abandonar o cigarro.
- Evitar o fumo passivo: conviver com fumantes em ambientes fechados também prejudica o pulmão.
- Reduzir a exposição à fumaça de lenha e carvão, especialmente em cozinhas pouco ventiladas.
- Usar equipamentos de proteção respiratória em locais de trabalho com poeira, fumaça ou produtos químicos.
- Manter as vacinas em dia, como influenza e pneumocócica, para diminuir o risco de infecções respiratórias.
Há ainda um componente genético em alguns casos, como a deficiência de alfa-1 antitripsina, mas esses quadros são menos frequentes. Mesmo assim, hábitos saudáveis e ambientes com ar mais limpo ajudam a proteger os pulmões ao longo da vida.
Como tratar a DPOC e melhorar a qualidade de vida?
Embora a DPOC não tenha cura, o tratamento adequado reduz sintomas, diminui crises e pode retardar a progressão da doença. O primeiro passo costuma ser a confirmação do diagnóstico por exame de função pulmonar, conhecido como espirometria. A partir daí, a equipe de saúde define o plano de cuidados, que tende a ser individualizado.
Entre as principais estratégias de tratamento da doença pulmonar obstrutiva crônica estão:
- Suspensão definitiva do cigarro: interromper o tabagismo é a medida mais importante mesmo após o diagnóstico; isso reduz a velocidade de perda da função pulmonar.
- Uso de broncodilatadores inalatórios: medicamentos em forma de spray ou pó ajudam a abrir as vias aéreas, facilitando a respiração.
- Corticóides inalatórios em casos selecionados: colaboram para diminuir a inflamação das vias respiratórias.
- Reabilitação pulmonar: programas com exercícios físicos supervisionados, orientações respiratórias e educação em saúde mostram bons resultados na melhora da disposição.
- Oxigenoterapia domiciliar: indicada quando a oxigenação do sangue está persistentemente baixa, segundo avaliação médica.
Além das medicações, o tratamento da DPOC inclui acompanhamento regular, ajuste de doses, orientação sobre a técnica correta de inalação e identificação precoce de pioras, como aumento de tosse, catarro ou falta de ar. Essas mudanças podem sinalizar uma exacerbação, situação em que o atendimento imediato reduz o risco de internação.
Quais hábitos ajudam a controlar a doença pulmonar obstrutiva crônica?
O controle diário da doença pulmonar obstrutiva crônica não se resume aos remédios. Estilo de vida e organização da rotina têm papel importante na estabilidade do quadro. A prática de atividade física orientada, por exemplo, melhora a resistência muscular e a sensação de falta de ar ao esforço. Mesmo caminhadas leves, definidas por profissionais de saúde, podem fazer diferença ao longo dos meses.
Alguns hábitos que contribuem para o manejo da DPOC são:
- Manter alimentação equilibrada, com atenção ao peso: tanto a desnutrição quanto o excesso de peso podem dificultar a respiração.
- Priorizar ambientes arejados e evitar exposição a fumaça, poeiras e cheiros fortes.
- Aprender e praticar técnicas de respiração, como expiração lenta com os lábios semicerrados, que ajudam em momentos de falta de ar.
- Organizar tarefas domésticas para reduzir esforços intensos concentrados em um só período.
- Realizar consultas regulares para revisão do plano terapêutico.
Quando o tratamento da DPOC é seguido de forma contínua e associado a mudanças de hábitos, há redução significativa das crises e das idas ao pronto-socorro. Mesmo sendo hoje uma das principais causas de morte, a doença pulmonar obstrutiva crônica pode ter seu impacto bastante reduzido com prevenção, diagnóstico precoce e cuidado contínuo, permitindo uma rotina mais estável e funcional para quem convive com o problema.