Usada há séculos na medicina natural europeia, a Angélica (Angelica archangelica) é uma planta aromática que atravessou gerações associada ao cuidado do corpo e da mente. Seu perfume intenso, levemente adocicado e picante, já entrega parte do seu potencial terapêutico. A erva é rica em óleos essenciais e compostos bioativos que atuam principalmente no sistema digestivo, nervoso e respiratório.
Conhecida também como arcangélica, erva-de-espírito-santo ou jacinto-da-índia, a angélica tem como parte mais utilizada a raiz - de onde se extraem substâncias com ação digestiva, anti-inflamatória, calmante e protetora do estômago. O uso mais comum é na forma de chá, mas a planta também aparece em óleos essenciais e até na composição de bebidas, como o gin.
Para que serve a angélica?
Na fitoterapia, a angélica atua de forma ampla no organismo. Tradicionalmente, indica-se para o apoio em situações como: má digestão, azia e desconforto abdominal; excesso de gases e sensação de estufamento; falta de apetite; ansiedade, nervosismo e insônia leve; má circulação; dores de cabeça e enxaqueca; resfriados, tosse e bronquite crônica; infecções urinárias; dores articulares, como na artrite reumatoide.
Algumas pesquisas laboratoriais também investigam o potencial antitumoral de compostos presentes na raiz e nas folhas da angélica. No entanto, esses resultados ainda se limitam a estudos em células, sem comprovação clínica em humanos.
Um apoio natural para digestão e bem-estar
Um dos usos mais conhecidos do chá de Angélica é o alívio de desconfortos gastrointestinais. Acredita-se que seus compostos estimulam a produção de sucos digestivos, favorecendo a digestão e a absorção de nutrientes. Além disso, a planta contém minerais como zinco, magnésio e vitamina B12. Eles contribuem para o funcionamento do sistema nervoso e para a sensação geral de vitalidade.
Outro ponto que chama atenção é seu possível efeito calmante. Embora ainda faltem estudos em humanos, a angélica é tradicionalmente usada para ajudar a relaxar, reduzir a tensão mental e favorecer o sono. Especialmente quando a ansiedade se manifesta junto a sintomas físicos, como dor abdominal ou aperto no peito.
Ação respiratória, anti-inflamatória e antioxidante
Graças às suas propriedades expectorantes e antimicrobianas, o chá de angélica também aparece como aliado em quadros respiratórios leves, como gripes e resfriados. Seus compostos ajudam a fluidificar secreções e aliviar a tosse.
O óleo essencial da planta, por sua vez, pode ser usado topicamente (sempre com orientação adequada) para auxiliar em casos de psoríase, micoses, herpes simples e contusões. Isso porque possui sua ação anti-inflamatória, antifúngica e antiviral.
Como preparar o chá de Angélica
O preparo do chá é simples e deve ser feito, preferencialmente, com a raiz seca da planta. Para isso, você precisará de 20 g de raiz seca de angélica e 800 ml de água. Ferva a água e desligue o fogo. Acrescente a raiz seca, tampe e deixe em infusão por cerca de 10 minutos. Depois, coe, espere amornar e consuma.
Apesar de natural, a angélica não é isenta de cuidados. O consumo excessivo pode causar efeitos adversos, como sensibilidade da pele ao sol, irritação gastrointestinal e aumento de açúcar na urina. O chá não é indicado para gestantes e lactantes (pode estimular contrações uterinas), pessoas com úlcera gástrica, diabéticos e quem faz uso de anticoagulantes.
Um cuidado que complementa, não substitui
Assim como outras plantas medicinais, a angélica pode ser uma aliada valiosa no cuidado cotidiano, mas não substitui tratamentos médicos. Seu uso deve ser feito com orientação de um profissional de saúde, especialmente quando há condições crônicas ou uso contínuo de medicamentos. Incorporada com consciência, a angélica pode contribuir para a harmonia do corpo. Ela ajuda a aliviar desconfortos digestivos, acalmar a mente e fortalecer o bem-estar de forma natural.